Virgínia Barros nega que entidade tenha perdido influência em grandes movimentos como o da redução das passagens
Ricardo Chapola - O Estado de S. Paulo
Hélvio Romero - Estadão
'A causa do transporte público nunca foi novidade para a UNE’, diz estudante
Estudante de Letras da Universidade de São Paulo (USP) e filiada ao PCdoB, Vic diz ainda que o movimento que originou os protestos é essencialmente de esquerda. "Há grupos de direita organizados nas manifestações para hostilizar a militância de esquerda."
Os protestos mudaram um pouco de cara. Ultimamente dá para ver na rua um sentimento de antipartidarismo. Qual é a sua posição sobre isso?
Não acho que seja um sentimento generalizado entre os manifestantes. Até porque boa parte tem algum tipo de filiação partidária. Também acho que há grupos de direita organizados nas manifestações para hostilizar a militância de esquerda, que construiu essas mobilizações desde o começo. O Movimento Passe Livre é uma organização de esquerda.
Qual o papel da UNE?
A gente da UNE está participando desde o começo das manifestações para debater a redução da tarifa do transporte público. O povo foi vitorioso nessa pauta. Estamos também querendo debater a questão do transporte público com mais qualidade. Mas a gente acha que esse é o momento de concentrar nossos esforços em uma agenda que possibilite ao nosso País avançar no caminho das mudanças. Nunca houve um momento tão favorável para o Brasil debater, por exemplo, a educação. Acho que esse é o momento de reforçar a luta pelos 10% do Produto Interno Bruto (PIB) para a educação.
A UNE ainda encabeça grandes protestos como fez nas Diretas-Já ou no movimento dos caras-pintadas?
A UNE tem participado ativamente das mobilizações, reunindo estudantes em torno de pautas progressistas e avançadas para a sociedade. Mesmo a causa de transporte público não é novidade para a UNE. Todos os anos nós fazemos manifestações contra o aumento das tarifas. Tivemos vitória não só em São Paulo e no Rio, mas em Porto Alegre, dois meses atrás, e em Goiânia, há quase um mês. São mobilizações com participação efetiva e central da UNE, que conseguiu trazer vitórias concretas para as lutas que foram empreendidas nas ruas.
E por que os protestos ganharam essa dimensão só agora?
A causa do transporte público sempre sensibilizou a população. A truculência com a qual a PM de São Paulo recebeu as manifestações sensibilizou a sociedade a se dirigir à ruas. O que existe é um sentimento de que precisamos garantir mais direitos e de que não vamos permitir retrocessos nos nossos direitos de manifestação conquistados com muito esforço e luta pelas gerações que nos antecederam. É um momento de união da sociedade em prol de causas justas. Estaremos nas ruas para mobilizar os estudantes e o povo em pautas como a educação, democratização dos meios de comunicação, transporte público de qualidade e reforma política.
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