Ela faz parte de uma investigação de desvio de recursos públicos.
Christine foi nomeada diretora em julho de 2011.
Christine Lagarde sorri ao chegar para depor em Paris nesta quinta-feira (23) (Foto: AFP PHOTO / LIONEL BONAVENTURE)"A direção (que representa os 188 Estados-membros do FMI) foi informada do tema, incluindo os últimos acontecimentos, e continua expressando sua confiança nas capacidades da diretora gerente de assumir de forma eficaz suas funções", disse o porta-voz da instituição, Gerry Rice, em coletiva de imprensa, reiterando a posição expressa pelo Fundo em março.
A Justiça deseja saber porque, quando era ministra francesa das Finanças, Lagarde decidiu confiar a um tribunal arbitral privado, e não à Justiça, a solução de uma divergência entre o banco Crédit Lyonnais e o empresário Bernard Tapie, que terminou recebendo 400 milhões de euros de indenização.
"Gosto de voltar a vê-los", disse Lagarde, sorridente, aos quase 30 jornalistas que a aguardavam na entrada de um edifício do centro de Paris, onde falaria na Corte de Justiça da República (CJR), integrada por magistrados e parlamentares.
Um eventual indiciamento nesta investigação por "cumplicidade de falsificação e mal uso de recursos públicos" fragilizaria sua posição no FMI, mas legalmente Lagarde não está obrigada a renunciar do cargo porque comparece como ex-ministra francesa e não como diretora da instituição internacional.
"Conhecendo o FMI e o funcionamento das instâncias deste tipo (...), se fosse considerada culpada, sem dúvida, seria pedido a ela que abandonasse suas funções", declarou nesta quinta-feira a porta-voz do governo francês, Najat Vallaud-Belkacem, que lembrou, contudo, que hoje ela não é culpada e que prevalece a presunção de inocência.
Lagarde depõe ante a comissão de instrução da Corte de Justiça da República, única instância habilitada na França para julgar os membros do governo pelos fatos ocorridos durante o exercício de suas funções ministeriais.
O ministro francês da Economia, Pierre Moscovici, evocou na quarta-feira (22) a possibilidade de um recurso de anulação da arbitragem "se for confirmado que os interesses do Estado foram prejudicados", mas afirmou imediatamente que as autoridades francesas "continuam confiando" em Lagarde.
Um tribunal arbitral privado condenou em julho de 2008 o Consórcio de Realização (CDR), ente público que administrava o passivo do Crédit Lyonnais após sua quase quebra nos anos 90, a pagar a Tapie 285 milhões de euros de indenização, quantia que, com juros, chegou a 400 milhões de euros.
A CJR, que considerou "impugnável" o recurso a essa arbitragem, considerou que Lagarde se envolveu "pessoalmente" em um caso cheio de "anomalias e irregularidades".
A atual diretora do FMI sempre defendeu que a arbitragem permitiu pôr fim a um longo e caro contencioso e que era "a melhor solução na época". Apesar disso, o procurador do tribunal de cassação recorreu à CJR para acusar Lagarde.
O procurador reprova a participação de uma arbitragem privada quando se tratava de fundos públicos, ter estado consciente da parcialidade de certos juízes de arbitragem, ter modificado o protocolo inicial para integrar nele uma noção de danos morais (o que permitiu que Tapie cobrasse uma indenização de 45 milhões) e não ter apelado dessa arbitragem, quando vários especialistas recomendaram.
Christine Lagarde foi nomeada diretora do Fundo Monetário Internacional em julho de 2011, em substituição a Dominique Strauss-Kahn, que foi obrigado a renunciar após acusações de agressão sexual em maio de 2011 pela camareira de um hotel de Nova York.
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