MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Em MS, coveiro diz que tem mais medo dos vivos do que dos mortos

 

Daniel Genuário diz não crer em assombração ou fenômenos sobrenaturais.
Há dez anos ele faz sepultamentos em cemitério de Campo Grande.

Ricardo Campos Jr Do G1 MS
Coveiro pinta túmulo em cemitério em Campo Grande (Foto: Leandro Abreu/ G1 MS)Coveiro pinta túmulo em cemitério de Campo
Grande (Foto: Leandro Abreu/ G1 MS)
No cemitério Santo Antônio, um dos mais antigos e tradicionais de Campo Grande, onde personalidades que fizeram a história da cidade estão enterradas, trabalha Daniel Genuário, 46 anos. Há dez anos ele é o responsável por aberturas de covas e sepultamentos. Nesta quarta-feira (2), Dia de Finados, trabalho não falta para o coveiro, que já tem um enterro agendado para essa data.
O cemitério é daqueles à moda antiga, em que as famílias investiam em mármores, estátuas de santos feitas em bronze ou até mesmo mausoléus de alvenaria para abrigar os restos mortais dos entes queridos. De vez em quando, a pedido de alguma família, Genuário faz manutenção em alguns jazigos.
Ele conta que trabalhava como servente de pedreiro, e teve dificuldades em se acostumar a lidar com o ofício atual, que envolve momentos delicados na vida das pessoas. “Hoje eu já me acostumei. Só não gosto muito de fazer enterro de criança. De adulto para mim é normal. Se não é velhice, é porque caçou alguma coisa”, disse ao G1.
Muitas vezes, coincidências estranhas envolvem seu trabalho. “Uma vez veio uma senhora que mandou lavar e encerar o túmulo dela, dizendo que vinha pagar pelo serviço na manhã do dia seguinte. Só que ela acabou morrendo à tarde”, relata Genuário.
“Teve uma senhora que morreu. Eu já estava abrindo [a cova] para sepultar quando a família veio e mandou abrir outro porque o marido dela tinha acabado de morrer. Eles morreram no mesmo dia”, disse.
Genuário diz não crer em assombrações ou fenômenos sobrenaturais. "Não tem que ter medo dos mortos. Tem que ter medo dos vivos". Mesmo lidando com o assunto diariamente, prefere simplesmente continuar com o trabalho. “Todo mundo tem medo da morte. Eu já pus na minha cabeça: eu já enterrei nem sei quantas pessoas e algum dia alguém vai me enterrar”, diz o coveiro.

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