Denise Rothenburg
Correio Braziliense
As contas do governo indicam que, até aqui, o Planalto só tem a confiança absoluta em 139 dois 513 deputados. Os mais otimistas avaliam que, somados aqueles que têm mais boa vontade e podem ser considerados da base aliada, a conta fecha em 212.
Estes números, repassados por um nome de alto escalão de Lula a um grupo de empresários, foram consequência do raciocínio que Arthur Lira já havia feito semana passada na Associação Comercial de São Paulo, de que ainda não há uma base robusta. E mais: “É complexo negociar”.
EFEITO CONTRÁRIO – Até aqui, as ameaças de não liberar emendas e cargos aos infiéis tiveram o efeito inverso. São devolvidas com um aviso de que a liberação das emendas é impositiva, uma obrigação legal.
Alguns lembram, inclusive, que o presidente da Câmara, Arthur Lira, foi eleito com o discurso de que acabou o tempo em que os deputados ficavam de pires na mão nos ministérios e no Planalto.
A avaliação dos líderes é a de que a relação tem que ser construída em bases muitos diferentes do que vem sendo negociado com o União Brasil, noticiado pela coluna. Se o governo insistir na volta do pires, correrá o risco de ser obrigado a recolher os cacos.
A pressão na Câmara por uma reforma ministerial está cada vez maior
REFORMA MINISTERIAL – Ao escolher seus ministros às vésperas da posse, o presidente Lula da Silva (PT) acabou dando mais peso ao Senado do que à Câmara dos Deputados. Agora, a conta desse “pecado original” chegou, e a pressão por uma reforma ministerial está cada vez maior.
Os números que temos mostrado sobre os cálculos do Centrão e do Planalto a respeito do potencial de votos nos partidos mais conservadores só irão se confirmar se houver compensações à Câmara pelo sobrepeso do Senado nos cargos de primeiro escalão.
Dos ministros do MDB, por exemplo, todos, sem exceção têm mais afinidade com senadores do que com os deputados: Simone Tebet (Planejamento) foi senadora, Renan Filho (Transportes) é senador e primogênito de Renan Calheiros; e Jader Filho (Cidades), filho do senador Jader Barbalho. No PSB, Flávio Dino (Justiça) é senador. No PT, Wellington Dias (Desenvolvimento Social) e Camilo Santana (Educação) são senadores; no União Brasil, Waldez Goes (PDT) chegou ao governo pelas mãos do senador Davi Alcolumbre. Esse descompasso, avisam os líderes, terá que ser resolvido ou os problemas continuarão.
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