Hugo Marques
Veja
Em meio ao desgaste político do governo com a invasão de três fazendas da Suzano pelo aliado histórico MST, o PT voltou a entrar em rota de colisão com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra após integrantes do grupo terem endossado a ocupação da propriedade de um dirigente do próprio partido.
Na quarta-feira, 8, indígenas Guarani-Kaiowá se apropriaram da Fazenda Inho, imóvel rural de mais de 300 hectares do presidente do diretório petista em Rio Brilhante (MS), José Raul das Neves Junior. É a segunda vez que a propriedade foi tomada pela etnia apenas neste mês.
DISCURSO DE CAMPANHA – A retomada das invasões de terras pelo MST, como ocorreu com a Suzano na Bahia, se tornou uma preocupação para o governo entre outras coisas porque joga por terra o discurso de campanha do presidente Lula da Silva, ao alegar que os sem-terra não entravam em propriedades produtivas.
Em entrevista à Veja em janeiro, o ministro da Agricultura Carlos Fávaro havia afirmado ter recebido garantias de que não haveria ocupações em terras não-ociosas, mas até o momento fracassou a tentativa do governo de mediar a contenda entre o movimento e a Suzano.
No caso do município sul-mato-grossense, os invasores, embora tenham recebido acenos de solidariedade do MST, são outros.
BRIGA JUDICIAL – A fazenda Inho está no meio de uma briga judicial com os Guarani-Kaiowá, que alegam que a propriedade do petista está dentro da Terra Indígena Nhanderu Laranjeira, em processo de demarcação. Antes das ocupações de março, os indígenas haviam sido despejados três vezes da mesma área.
O MST disse em nota que “o sentido histórico da solidariedade e da comum união entre trabalhadores e trabalhadoras nos convoca a ficar do lado do povo Guarani e Kaiowá”.
“A barbaridade é os povos do campo e os trabalhadores da cidade não poderem ter acesso a uma alimentação diversificada e sem veneno”, completou o movimento. A mensagem dos sem-terra é uma resposta ao ex-governador e atual deputado estadual Zeca do PT, que em discurso na Assembleia Legislativa condenou a invasão da fazenda do correligionário.
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