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O Paço da Artes, instituição
da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de
São Paulo, em Higienópolis, Zona Oeste de São Paulo, recebe a partir de 18 de março a exposição Nós — Arte e Ciência por Mulheres,
sobre a trajetória das mulheres como produtoras de conhecimento. No mês
marcado pelo reconhecimento da luta e conquistas dos direitos das
mulheres, a mostra vai apresentar um panorama que valoriza a presença
delas na ciência, ao mesmo tempo que dá luz à histórica invisibilização
de suas atuações na sociedade. Faz isso através da apresentação de
personagens, iconografia histórica e científica e, como um projeto de
arte, através do trabalho de artistas contemporâneas.
Contemplando
cenários históricos que vão desde a sabedoria ancestral até a crescente
presença feminina nas instituições científicas nos dias de hoje, a
narrativa da exposição propõe tanto uma denúncia quanto uma ode à
presença de mulheres nas mais diversas áreas do conhecimento. Como
denúncia, a mostra considera as múltiplas camadas de opressão que
atravessam e organizam uma sociedade ainda marcada pelas exclusões, mas
também apresenta e valoriza, através de uma narrativa complexa e
entrelaçada, que a mulher sempre foi protagonista de sua própria
história.
"Nós, mulheres, sempre criamos, curamos, catalogamos, inventamos, analisamos e sobretudo, lutamos. Nós — Arte e Ciência por Mulheres
traz para a linguagem de exposição uma narrativa que busca dar
visibilidade à contribuição das mulheres ao longo dos tempos, e faz isso
através da arte, buscando informar e sensibilizar para mudanças em
curso, mas que seguem urgentes para a emancipação das mulheres", ressalta Isabel Seixas, uma das curadoras da exposição.
A EXPOSIÇÃO
A
mostra é dividida em dois núcleos temáticos, abordando diferentes áreas
de atuação em que as mulheres são produtoras de conhecimento. Nós — Arte e Ciência por Mulheres
faz um recorte e apresenta cerca de 60 cientistas de diferentes épocas e
nem sempre reconhecidas por suas conquistas, como a alquimista e
profetisa grega Maria; as químicas Marie e Irene Curi; a bióloga Bertha
Lutz e a paleontóloga Carlotta Joaquina Maury. Entre as 19 artistas
contemporâneas estão Arissana Pataxó, Berna Reale, Bruna Alcântara, Efe
Godoy, Marcela Cantuaria e Paty Wolff.
O primeiro núcleo, “Não se nasce mulher, torna-se mulher”, retorna
aos tempos medievais e destaca como a sabedoria e autonomia feminina,
muitas vezes na figura de parteiras, curandeiras e benzedeiras, por
exemplo, passaram a ser vistas como uma afronta à
manutenção da lógica patriarcal e à sociedade da época, sendo
consideradas imorais, criminosas e até mesmo bruxas. Por conta de
tamanho preconceito, muitas delas foram condenadas à fogueira.
Também
será abordada a ideia de construção social de gênero e seus impactos na
produção de uma sociedade e de uma ciência majoritariamente
androcêntricas, apresentando mulheres que tiveram relevância não só na
produção científica como também no debate sobre igualdade e
representatividade de gênero. Algumas das mulheres em destaque são: da educação, a escritora Nísia Floresta (1810-1885),
considerada a primeira feminista do país e a fundadora do Colégio
Augusto, no Rio de Janeiro, que viria a ser um marco na história da
educação feminina brasileira; da saúde, a médica Maria Odília Teixeira
(1884-1970), conhecida como a primeira mulher negra do Brasil a se
formar no curso de medicina e autora de um estudo pioneiro sobre a
cirrose alcoólica em uma época de forte estigmatização de pacientes da
doença; e das ciências humanas, a filósofa Sueli Carneiro, fundadora
e atual diretora do Geledés — Instituto da Mulher Negra, a primeira
organização negra e feminista independente de São Paulo.
Já o segundo núcleo, chamado “A revolução será feminista, ou não será!”, explora a contínua luta das mulheres por uma sociedade
mais igualitária, em que todos tenham pleno acesso a direitos
políticos, econômicos e sociais, naquela que é considerada a mais longa
de todas as revoluções. Entre alguns dos variados temas que serão
explorados, está o trabalho doméstico. Num país como o Brasil, em que as
mulheres dedicam entre 20 e 22 horas por semana a este tipo de serviço,
e os homens apenas 10, obrigando muitas delas a largar seus estudos e
empregos para cuidar da casa, o combate ao sexismo e ao ultrapassado
ideal do que seria um “trabalho de mulher” segue urgente e necessário.
Dentre nomes importantes nas áreas da ciência e tecnologia destacados estão a médica brasileira Beatriz Grinsztejn,
primeira mulher latino-americana eleita como presidente da
International AIDS Society para a gestão 2024-2026, com o desafio de
enfrentar as iniquidades que persistem na resposta global à epidemia de
AIDS; a geneticista Mayana Zatz,
pioneira ao localizar genes novos ligados a doenças neuromusculares e
coordenadora do Centro de Estudos do Genoma Humano; a cientista da
computação Nina da Hora,
que atualmente integra o Conselho de Segurança da rede social TikTok e
se considera uma hacker antirracista dedicada a pensar de forma crítica a
inteligência artificial; e Jaqueline Goes,
biomédica que participou da equipe que sequenciou o genoma do vírus
Zika, e se destacou por coordenar a equipe que conseguiu sequenciar o
genoma do vírus SARS-CoV-2 apenas 48 horas após o registro do primeiro
caso de covid-19 no Brasil.
Nós – Arte e Ciência por Mulheres tem entrada franca e ficará aberta por três meses, de 18 de março a 11 de junho de 2023, no Paço das Artes. A mostra é uma exposição coletiva construída pelo coletivo curatorial do Estúdio M’Baraká,
formada por Isabel Seixas, Letícia Stallone, Gisele Vargas e Diogo
Rezende, e com consultoria da pesquisadora Magali Romero Sá,
especializada em História da Ciência.
Além
de um projeto expográfico acessível, a exposição conta com roteiros de
audiodescrição para o público com deficiência visual e roteiro de
vídeo-libras para as pessoas surdas. Esses roteiros podem ser acessados
gratuitamente por QR codes. Os textos da exposição também serão
disponibilizados via QR codes de forma acessível para softwares de
leitura de pessoas com deficiência visual. Todos os vídeos no espaço
expositivo contam com legendas em português e legendas descritivas. Há
também vídeos que contam com recurso de audiodescrição ou Libras. Foi
realizada uma seleção de objetos sensoriais que são destinados às
visitas mediadas realizadas pela equipe educativa, que também passou por
formação em acessibilidade para poder receber todos os perfis de
público com equiparação de oportunidades. O espaço do Paço das Artes
possui rampa de acesso para espaço expositivo, elevador e banheiro
acessível para pessoas com mobilidade reduzida ou deficiência física.
A exposição Nós — Arte e Ciência por Mulheres
é uma realização do Estúdio M'Baraká, do Ministério da Cultura e do
Governo Federal, através da Lei de Incentivo à Cultura, e conta com
idealização da M’Baraká, patrocínio master da AstraZeneca, apoio do Paço
das Artes, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do
Governo do Estado de São Paulo, além de apoio de
acervo do Museu do Índio, Museu Nacional Museu de Ciências da Terra /
CPRM, Instituto Butantan, Sítio Roberto Burle Marx e Fiocruz.
O
Paço das Artes tem apoio institucional da Kapitalo Investimentos na
categoria Master; Vivo e Grupo Travelex Confidence na categoria Ouro; e
TozziniFreire Advogados na categoria Prata. O apoio de mídia é da
JCDecaux, Nova Brasil FM e Alpha FM, e o apoio operacional é do Pestana
Hotel Group.
Serviço:
Nós – Arte e Ciência por Mulheres
Abertura: 18 de março de 2023, às 11h
De 18 de março a 11 de junho de 2023
Local: Paço das Artes
Endereço: Rua Albuquerque Lins, 1345 - Consolação, São Paulo - SP
Telefone: (11) 4810-0392
Funcionamento: terças a sábados, das 11h às 19h; domingos e feriados, das 12h às 18h.
Ingresso gratuito.
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