Coluna de Carlos Brickmann, publicada nos jornais de domingo:
Lembra-se
da última eleição, em que jorrava dinheiro para todos os lados (menos
para o nosso, a quem cabia apenas votar)? Pois bem: já se decidiu que na
próxima eleição, em outubro, vai jorrar quase o triplo da já bilionária
quantia. E, “para não desobedecer à Lei”, já se pensa em abolir o
“quase”: a grana que vai jorrar será exatamente o triplo da que jorrou
da última vez. E haverá um chorinho: anúncios de graça à vontade fora do
horário gratuito.
Detalhe:
como de hábito, quando se trata de nosso dinheiro, há um acordo entre
os partidos. Todos os políticos que acusam os outros de ser ladrões, em
conjunto, decidem provar que têm razão. Centrão, direita, esquerda, a
favor ou contra a vacina, enfiam as mãos, todos juntos, em R$ 5,7
bilhões.
E
para que? A verba original, de R$ 1,9 bilhões, já era suficiente para
dar boa vida a todos os aliados que se fingem de adversários, exceto na
hora de botar a mão no pudim. Mais do que suficiente: com essa verba
toda, valeu a pena criar mais de 30 partidos, folgadamente mantidos com
nosso dinheiro. Se o pudim já era muito, por que chamar a atenção e
multiplicá-lo?
Política
tem dessas coisas. Certa vez, uma empresa gráfica ofereceu a um
candidato toda a papelaria da campanha, a preço de custo: só cobraria
papel e mão de obra, com lucro zero. Seria sua contribuição para o
candidato. Na primeira entrega, vieram dois milhões de folhetos.
Problema: o tesoureiro não era ladrão. Era sério e acreditava no
candidato. Estragou tudo!
Contando e pesando
Primeiro,
segurou os caminhões no comitê para conferir a entrega. Como? Abriu
dois pacotes, cada um com presumíveis mil folhetos, para contar o
conteúdo. Cada um tinha 700 folhetos. Pesou-os. Em seguida, pesou cada
um dos pacotes restantes. O peso era o mesmo. Em resumo, os dois milhões
de folhetos “a preço de custo” eram 1,4 milhão, a preço de dois
milhões. O “lucro zero” era de mais de 30%, excelente margem.
Mas
como é que fariam a mutreta funcionar, sabendo-se que o comitê era
formado por gente do ramo, habituada a negócios? Simples: parte dos
ótimos lucros da gráfica era usada para cimentar o bom relacionamento da
empresa com os políticos. Quanto mais dinheiro houver, mais folhetos e
maiores demonstrações de amizade.
A letra da lei
A
desculpa para aumentar a fortuna já prevista para as eleições é que o
Orçamento de 2022 previa R$ 4,9 bilhões de dinheiro para a campanha, mas
a LDO, Lei de Diretrizes Orçamentárias, citava R$ 5,7 bilhões. Gastar
menos do que o previsto pela LDO seria descumprir a lei, entende? Não
pode, isso é muito feio. Entretanto, a lei determina também a revisão
anual do desconto de Imposto de Renda na fonte, e isso não é cumprido
faz tempo. Se essa lei fosse aplicada direitinho, em 2022 mais de 15
milhões de pessoas não teriam mais de pagar Imposto de Renda. Como isso
beneficia a população e não dá lucro à turma que exige que outras leis
sejam cumpridas, essa é esquecida.
Repondo a verdade
Nos
próximos dias, o presidente Bolsonaro vai provar que é falsa a ideia de
que não gosta de mineiros e baianos, tanto que não foi uma vez sequer
às regiões inundadas e se recusou a interromper suas férias nas
deliciosas praias de São Francisco do Sul para cuidar das aflições dos
cidadãos que deveria governar.
Pois
Bolsonaro vai desmentir tudo isso: já tem viagens marcadas à Guiana e a
Suriname, e a rota do avião presidencial passa por Minas Gerais e Bahia
– a uns 10 mil metros de altura, a uns 900 km/h de velocidade, mas
usará o espaço aéreo dos dois Estados. E que vai fazer nos dois países
que fazem fronteira com a Amazônia? Dizem que ambos descobriram amplas
reservas de gás natural, que poderiam fornecer ao Brasil. Mas diziam
também que Israel tinha desenvolvido um remédio nasal para Covid 19,
isso há aproximadamente um ano, o Brasil mandou uma delegação para lá e
só então souberam que os testes só estavam sendo iniciados. Até hoje o
remédio que o presidente mandou buscar infelizmente não ficou pronto.
Boa notícia
Mais
um remédio efetivo contra a Covid está chegando ao mercado. Um
brasileiro que vive em Israel o tomou e melhorou rapidamente. É feito
nos EUA pela Pfizer. Um dia, quem sabe, será utilizado aqui no Brasil.
Volta por cima
A
partir de amanhã, Fausto Silva estará de volta à TV, pela Bandeirantes,
de segunda a sexta-feira, a partir das 20h30. Faustão na Band será um
programa diferente todos os dias. Com Faustão haverá dois
apresentadores, seu filho João Guilherme Silva e Anne Lotterman, que
deixou a Globo para auxiliá-lo; trinta bailarinas no palco; e 400
pessoas no Auditório João Jorge Saad, moderníssimo, preparado
especialmente para o programa.
Este
colunista acompanha Fausto Silva desde que ele era repórter de campo de
Osmar Santos. E na TV Gazeta, na Bandeirantes, na Globo. E sempre
apresentou conteúdo de qualidade, sempre apreciado pelo público.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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