Os pecuaristas, sobretudo os que são clientes do Bradesco, ficaram indignados: quer dizer que o seu banco, no qual depositam seu dinheiro e sua confiança, está dizendo que eles são delinquentes ambientais? J. R. Guzzo para a Gazeta do Povo:
O
Bradesco levou ao ar recentemente, através das redes sociais, uma
campanha de publicidade com a pretensão de promover a ideia do “carbono
neutro”. A campanha é mais uma repetição daquilo que fazem hoje, com o
dinheiro das grandes empresas que pagam a conta, os departamentos de
marketing, agências de propaganda e produtoras de comerciais para salvar
o mundo do capitalismo destruidor da natureza – e dos delitos
ambientais cometidos pelos próprios clientes dessas mesmas empresas, em
suas vidas nocivas ao “planeta” e carentes de consciência ecológica.
O
conteúdo é aquilo que se pode imaginar: um amontoado de aulas de
conduta com teor de inteligência nas vizinhanças do zero, pregando essas
superstições disfarçadas de verdade científica tão na moda nos dias de
hoje. Até aí, é oportunismo direto na veia. De um lado, executivos da
área de criatividade, de imagem e de “responsabilidade social” ganhando
dinheiro com as causas em circulação na praça. De outro, um banco que
quer, ao mesmo tempo, tirar vantagem da ideologia ambientalista barata
que cresce pelo mundo afora e fingir que está prestando um serviço de
interesse público.
Só
que, desta vez, deu errado. A campanha do “carbono neutro”, num dos
seus vídeos, mostra três comunicadoras, ou algo assim, dizendo que a
pecuária é uma inimiga da natureza e que as pessoas deveriam comer menos
carne para reduzir o carbono que está destruindo o mundo. Seria apenas
mais uma estupidez. Mas é uma estupidez paga e promovida pelo Bradesco, e
aí a coisa muda de figura.
Os
pecuaristas, sobretudo os que são clientes do Bradesco, ficaram
indignados: quer dizer que o seu banco, no qual depositam seu dinheiro e
sua confiança, está dizendo que eles são delinquentes ambientais? Com a
falta de coragem típica da falta de convicção que marca essas
campanhas, o Bradesco tirou imediatamente o tal comercial do ar. Em nota
oficial, lamentou profundamente o que estava dizendo, pediu desculpas
aos pecuaristas e prometeu providências “internas” para que o desastre
não se repita.
É
este, precisamente, o grau de honestidade que marca a maior parte da
comunicação pretensamente “social” das grandes empresas no Brasil de
hoje. Por causa da covardia, preguiça e insuficiência mental dos seus
presidentes e principais imediatos, a coleção de princípios e valores
das maiores corporações brasileiras foi abandonada em favor do primeiro
zé-mané executivo que ganha a vida sendo, ou fingindo ser, politicamente
correto.
Os
acionistas não mandam mais nada nessa área. É a turma do “carbono
neutro” e a favor do extermínio da pecuária que decide o que a empresa
tem de dizer para o público. É ela que proíbe a divulgação de
publicidade nos veículos de imprensa carimbados como “de direita”. É ela
que corta patrocínios e manda demitir atletas deste ou daquele clube. É
ela que define a virtude e o pecado.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
Nenhum comentário:
Postar um comentário