Não importa o vencedor, a piora do já ruim sistema de governo trará enormes dificuldades de governabilidade. William Waack para o Estadão:
Dois
fatores de peso parecem “contratados” para o cenário após as eleições
de 2022. Não importa quem seja o vencedor, a economia não terá condições
de crescimento sustentável e será afetada pela também já “contratada”
gastança em ano eleitoral.
E
não importa o vencedor, a piora do já ruim sistema de governo trará
enormes dificuldades de governabilidade. Economia fraca e governo
desarticulado serão os principais legados de Jair Bolsonaro, embora não
tenha sido ele o “inventor” nem de um nem de outro.
Os
pré-candidatos compreendem a dimensão da armadilha que os espera na
questão de governabilidade, sem a qual não mexem na economia? Lula, sim.
Se vitorioso, declarou, vai reverter os ganhos de poder conquistados
pelo Legislativo, leia-se orçamento secreto. Bolsonaro, se entendeu sua
posição de boneco do Centrão, cala a boca por motivos óbvios.
Nesse
sentido Ciro Gomes continua apresentando discurso eleitoral bem
articulado em suas partes, batendo na tecla favorita do nacional
desenvolvimentismo. Os outros ainda estão envolvidos em brigas internas
de péssima repercussão (PSDB), passam pelo estágio embrionário de
campanha (PSD e Rodrigo Pacheco, mas também o MDB). Estão distantes de
apresentar um “perfil” de candidatura bem delineado.
Inflação,
renda e desemprego já são tidos como fatores dominantes para os
eleitores. Premissa que está clara no comportamento de Sérgio Moro, a
sensação política do momento. Seu principal ativo político, o combate à
corrupção, perdeu em importância relativa e ele mesmo reconhece isso,
embora continue mencionando em primeiro lugar a Lava Jato como seu
principal trunfo eleitoral.
Os
marqueteiros de campanha terão difícil missão ao tentar transformar o
juiz durão em simpático campeão do combate à pobreza, mas o conjunto de
declarações bem ensaiadas de Moro sobre macro economia está causando
impacto nas elites dirigentes, e não só as da economia. Está “chegando”,
como se diz.
Neste
momento a figura política de Moro se beneficia de dois aspectos.
Populistas tipo Lula ou Bolsonaro são rejeitados ao longo de amplo
espectro de elites. E, em contraste com a de seus principais
adversários, a figura do ex-juiz começa a preencher a condição subjetiva
de “confiável” (nada tem a ver com fatos passados). Sinal preocupante
para seus concorrentes, Moro está ganhando projeção pelo que possa vir a
ser, e não apenas por aquilo que já foi ou fez (correto ou não).
Resta
saber se ele entende o tamanho da armadilha à espera do vencedor em
2022. Se compreendeu, até aqui guardou para si, e não disse ainda em
público como vai se livrar dela.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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