MEDIÇÃO DE TERRA

MEDIÇÃO DE TERRA
MEDIÇÃO DE TERRAS

sexta-feira, 25 de dezembro de 2020

Pandemia deixa efeito cicatriz e cria dois brasis, com retomada desigual

 

POLITICA LIVRE
brasil

Da mesma forma que a pandemia escancarou ainda mais as desigualdades no país, a recuperação da economia e a retomada das atividades também será desigual, principalmente por conta do que os economistas chamam de “efeito cicatriz” para alguns segmentos da população.

Segundo especialistas ouvidos pela Folha, as restrições impostas pela pandemia aceleraram uma transição em direção à economia digital, o que dificulta ainda mais a recolocação de pessoas com menor escolaridade e empresas com menos acesso à novas tecnologias.

Os dados mostram que pessoas com empregos formais sofreram menos que os informais e estão recuperando mais rapidamente seus postos de trabalho. A população mais jovem foi a que mais perdeu renda e horas de estudo. Famílias de regiões mais pobres que dependiam de idosos perderam sua principal fonte de renda.

“A mãe de todas as desigualdades é a desigualdade de educação, que vinha caindo há 40 anos. Isso não só foi interrompido, mas revertido pela pandemia. É uma cicatriz, que tem efeitos permanentes. O vento que soprava a favor começa a soprar contra. Isso vai deixar sequelas”, afirma Marcelo Neri, diretor da FGV Social.

Segundo a instituição, o tempo de estudo dos brasileiros caiu de 4 horas por dia para 2 horas e 23 minutos. Essa queda foi maior entre os alunos de escolas públicas, entre os alunos mais pobres, mais jovens e periféricos.

Alunos de escola pública de 6 a 15 anos estudaram 2 horas e 18 minutos na pandemia, enquanto os de instituições privadas tiveram 3 horas e 6 minutos de aulas. Entre as pessoas que recebem Bolsa Família, foram 2 horas e 1 minuto.

No Pará, 42% dos estudantes do ensino médio não estudaram porque não receberam material. Em Santa Catarina, eram 2%.

Os mais jovens, muitos deles estudantes, também são os que mais perderam renda do trabalho na crise atual. Para pessoas de 15 a 19 anos, a queda desses rendimentos foi de 34%.Na faixa de 20 a 25 anos, a perda foi de 25,9%. De 25 a 29 anos, 22,7%. Em todos os casos, acima da perda média de 18,7%.

“Esses jovens, que você pode chamar de geração Covid, foram os que mais perderam renda no mercado de trabalho antes da pandemia e, durante ela, continuaram sendo o grupo que perdeu mais”, afirma Neri.

Folha de S Paulo

Nenhum comentário:

Postar um comentário