Pesquisa Datafolha publicada nesta quarta-feira (1º) pelo Jornal “Folha de S. Paulo” mostra que 65% dos entrevistados nunca ouviram falar do Ato Institucional nº 5, o AI-5, uma das principais medidas da repressão adotadas pela ditadura militar (1964-1985). Outros 35% disseram ter ouvido falar.
O Ato Institucional 5 foi assinado em 1968 e é considerado uma das principais medidas de repressão da ditadura. Entre as consequências dele estão o fechamento do Congresso Nacional E a retirada de direitos e garantias constitucionais dos cidadãos.
MAIS INTERESSE – O levantamento do Datafolha ouviu 2.948 pessoas em 5 e 6 de dezembro em 176 municípios de todas as regiões do país. A margem de erro é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos e o índice de confiança é de 95%.
O conhecimento sobre o AI-5 cresceu desde o levantamento anterior, feito 11 anos antes, novembro de 2008. Naquela ocasião, 82% afirmaram nunca ter ouvido falar do AI-5, enquanto 18% disseram já ter ouvido falar.
Em 2019, o ato que ampliou os poderes repressivos da ditadura ganhou repercussão após ser citado pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), e pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, como possível resposta a protestos.
DISSE EDUARDO – Em uma entrevista divulgada em outubro, Eduardo afirmou que, se a esquerda “radicalizar” no Brasil, uma das respostas do governo poderá ser “via um novo AI-5”. Ele comentava manifestações que ocorriam em outros países da América Latina.
No mesmo dia, logo após a divulgação da entrevista, o presidente Jair Bolsonaro disse que lamentava muito as declarações do filho. “Quem quer que seja que fale em AI-5, está sonhando. Está sonhando!”, afirmou.
Em novembro, entretanto, o ministro da Economia, Paulo Guedes, voltou a citar o termo. Numa entrevista em Washington (EUA), Guedes disse aos jornalistas para não se assustarem caso alguém pedisse o AI-5 diante de “quebradeira” nas ruas. Em seguida, afirmou que a democracia brasileira não admitiria um ato de repressão.
EM WASHINGTON – A declaração foi feita durante entrevista em Washington (EUA).
Guedes reagiu irritado às perguntas de repórteres sobre manifestações populares em países vizinhos, como Equador, Chile e Bolívia, contra reformas econômicas e também quando foi questionado se tinha medo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que criticou a política econômica do governo.
Nas duas ocasiões representantes das Poderes e da sociedade civil se manifestaram repudiando as declarações.
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