Esse assessor é só mais um Zé Prequeté dos tantos que povoam os galhos
de cima do poder público, e cuja maior qualificação é ter um crachá.
Coluna de J. R. Guzzo no portal Metrópoles:
De onde menos se espera alguma coisa é justamente de onde não sai
nada mesmo, ensina o Barão de Itararé. O que esperar, realmente, de um
assessor do assessor que assessora o presidente da República em questões da Casa Civil, Onyx Lorenzoni?
Quer dizer: o cidadão não é nem um Onyx, apenas um sub Onyx, e disso
aí, naturalmente, não pode sair nada de bom. O problema, no caso, é que
aquilo que saiu foi muito ruim.
Esse assessor é só mais um Zé Prequeté dos tantos que povoam os
galhos de cima do poder público, e cuja maior qualificação é ter um
crachá dizendo que ele trabalha “no palácio”. Pois é. No Brasil
isso é profissão: assim como o sujeito é dentista, agrimensor ou
corretor de imóveis, também existe o que trabalha “no palácio”.
Por conta disso, ele achou muito natural requisitar um jatinho Legacy da FAB
para ir não só à Suíça, na reunião de Davos, como também à Índia – nada
menos que a Índia, Santo Deus – na visita oficial do presidente Jair
Bolsonaro.
Como um homem dessa estatura mínima pode usar a FAB como uma empresa
de táxi aéreo? Ele alegou “problemas de agenda” – teria de chegar em
Davos à tal hora, e não haveria voos de carreira nesse horário, etc. E
para a Índia? A mesma história. Mas que raio de “agenda” poderia ter um
sub do sub do sub? Quais decisões dependiam dele para ser tomadas? Tudo
conversa, é claro. Ele viajou no Legacy, em companhia de outras duas
funcionárias de funções obscuras, porque quis se aproveitar dos luxos do
erário – isso em primeiro lugar. Em segundo lugar, porque a FAB deixa
que façam essas coisas com ela.
Seu azar foi que, na mesma ocasião, estava indo para a Suíça o ministro Paulo Guedes,
100 vezes mais importante que ele – e Guedes viajou num voo comercial,
na classe turista, pagando do seu próprio bolso a diferença para um
assento na executiva.
Nunca antes na história desse país se viu algo parecido. Mais: além
de Guedes, viajaram para Davos nas mesmas condições três outros
ministros-chave do governo, os da Infraestrutura, da Agricultura e da
Energia. Só o aspone foi de jatinho. Perguntem se alguém gostou – a
começar pelo presidente Bolsonaro.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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