Postado em 25/04/2018 4:19 DIGA BAHIA!
Embora vários estudos indiquem que o uso de maconha pode causar
prejuízos à memória, à atenção e ao tempo de reação, cientistas têm
encontrado dificuldades para avaliar esses danos a partir da observação
direta de usuários. Para contornar o problema, um grupo de cientistas da
Universidade de Chicago (Estados Unidos) desenvolveu o protótipo de um
aplicativo que poderá ajudar os usuários a compreenderem, a partir de
uma série de tarefas pelo celular, como o uso da droga os afeta. O
protótipo do aplicativo, batizado de “Am I Stoned” (“Estou chapado?”, em
tradução livre) foi apresentado nesta terça-feira (24), no encontro
anual da Sociedade Americana de Farmacologia e Terapias Experimentais,
em San Diego, nos Estados Unidos. De acordo com o grupo de cientistas,
liderado pela doutoranda Elisa Pabon, da Universidade de Chicago, a
iniciativa tem um duplo objetivo: esclarecer aos usuários os danos
causados pela maconha e reunir uma grande quantidade de dados
científicos sobre os impactos da erva. “Um dos objetivos de longo prazo
do aplicativo é aumentar a segurança do uso de maconha, fazendo com que
os usuários fiquem mais conscientes de seus danos. Coletando dados
diretamente a partir dos usuários, o aplicativo também contribuirá para
aumentar o conhecimento científico sobre os impactos da cannabis nos
usuários”, disse Elisa. Os cientistas pediram a 24 usuários saudáveis de
cannabis que eles tomassem uma cápsula contendo um placebo ou contendo
de 7,5 a 15 miligramas de tetrahidrocanabinol (THC), que é o princípio
ativo da maconha. Inicialmente, nem os participantes nem os cientistas
sabiam quem havia recebido o placebo ou o THC. Em seguida, os
participantes do estudo executaram diversas tarefas padronizadas
baseadas em computador que já eram utilizadas para avaliar danos, além
de outras tarefas com base em smartphones, que podiam ser utilizadas
para avaliações fora do laboratório. Em uma das tarefas, por exemplo,
dois botões aparecem na tela do celular por 20 segundos e o usuário deve
utilizar dois dedos da mesma mão para apertá-los alternadamente o mais
rápido possível. Em outra das tarefas, uma sequência de nove florzinhas
se acendem em ordem aleatória e o usuário deve tocar nelas na ordem em
que se acenderam. Em um teste de tempo de reação, o usuário deve sacudir
o celular no momento em que um ponto azul aparece no meio da tela. Os
pesquisadores conseguiram detectar com sucesso os danos causados pelo
THC com o uso de três das quatro tarefas realizadas em computador e com
uma das tarefas realizadas no celular. Segundo Elisa, as tarefas agora
serão adaptadas para que o aplicativo possa ser utilizado integralmente
no celular. O estudo também mostrou que os usuários, em geral, estavam
conscientes dos danos. “Os efeitos do THC no desempenho podem ser sutis
e, por isso, precisávamos de tarefas com sensibilidade suficiente para
detectar os danos. É provável que as tarefas em computador, cuja
execução levava de 15 a 20 minutos, tenham sido mais sensíveis aos danos
do THC, porque elas forneciam mais oportunidades para detectar o efeito
da droga”, disse Elisa. Embora o protótipo não tenha o objetivo de
avaliar a capacidade de uma pessoa para dirigir ou realizar atividades
que podem causar ferimentos, os cientistas planejam utilizar os
resultados obtidos a partir dos testes para desenvolver um aplicativo
que permita ao usuário avaliar seu próprio desempenho. Para isso, a
pessoa deverá antes completar as tarefas sem ter feito uso de drogas, a
fim de fornecer uma informação personalizada que possa ser utilizada
depois para avaliar os danos do uso da maconha. Os pesquisadores
planejam utilizar os dados obtidos por esse estudo para melhorar a
sensibilidade das tarefas com base no celular na detecção dos danos
induzidos pelo THC, para que o aplicativo possa ser desenvolvido com um
ajuste mais adequado às situações reais.
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