MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

sexta-feira, 27 de abril de 2018

Lindbergh, Índio, Romário, Sérgio Cabral e Pezão delatados


Sobrou até para Lindbergh Farias, a proposta de delação do ex-secretário de Obras do Rio de Janeiro Hudson Braga. Em 2010, durante a eleição estadual, o PMDB formou coligação com o PT na disputa pelo governo. Por conta deste acordo, Pezão tratou com o então candidato ao Senado a utilização de recursos públicos para beneficiá-lo da seguinte forma: o governo assumiria pagamentos de contratos pendentes da prefeitura de Nova Iguaçu, o que poderia inviabilizar a candidatura do petista. Em contrapartida, a Odebrecht, empreiteira beneficiada pelo acordo, contribuiria para a campanha de Lindbergh. E foi o que aconteceu. A construtora doou cinco milhões.
Outro candidato ao governo do Rio, o deputado Índio da Costa, também aparece no relato de Braga. O delator diz que o apoio de Índio a Pezão em 2014 foi acertado por 30 milhões de reais, com a intermediação de Ronaldo Cezar Coelho. Quatro teriam sido pagos. Braga, então coordenador de campanha, diz ter participado de uma reunião no gabinete de Sergio Cabral com as partes envolvidas para tratar o assunto. O pagamento se deu da seguinte forma: um assessor especial de Cabral realizava a função de “caixa” de Pezão. Um montante de dois milhões, proveniente de propina que Cabral recebeu, foi guardado para Pezão. Outros dois milhões foram entregues pessoalmente por Braga a esse assessor que, posteriormente, os repassou para Ronaldo Cezar Coelho. O destino final seria a campanha de Índio. Na campanha de 2014, Hudson Braga diz que pagou 3 milhões ao senador Romário, atual candidato ao governo do Rio, para que ele declarasse apoio a Pezão. No encontro, o ex-jogador pediu o dinheiro levantando três dedinhos. Estava com medo de ser gravado. O encontro do delator com o baixinho aconteceu em uma sala de reunião do Hotel Othon, na avenida Lucio Costa. Além do apoio, a reunião tratou também uma agenda de eventos, incluindo entrevista coletiva, gravações de apoio e carreata. O pagamento teria sido feito em espécie, por pessoa indicada pelo senador. Para quitar a dívida, foram realizados em parcelas de 800 mil reais, 50 mil e 850 mil. Luiz Carlos Oliveira, Marcilio Bezerra ou Reginaldo Moreira realizavam o pagamento a Sergio Barcelos, homem indicado por Romário, em Botafogo. De acordo com a delação de Hudson Braga, a Fetranspor pagou até março de 2016 uma caixinha de um milhão de reais a Sergio Cabral. O dinheiro era entregue numa empresa de ônibus de São João Meriti. Ao governo estadual, a empresa pagava cerca de dois milhões para que eles tivessem “boa vontade” quando surgissem assunto de seu interesse. Eles também contribuíram com valores para o TCE, Assembleia Legislativa e, não podia faltar, Jorge Picciani. No total, foram pagos 25 milhões de reais. Após a campanha de 2014, a mesada de um milhão a Sergio Cabral começou a ser paga. Além disso, foi combinado o pagamento de 70 mil reais a Hudson Braga, mas como os pagamentos não eram regulares, o que era recebido acabava sendo entregue ao ex-governador. A proposta de delação de Hudson Braga, ex-secretário de Obras de Sergio Cabral e ex-braço-direito de Luiz Fernando Pezão, é um tiro no coração do governador do Rio. Nela, Braga diz que entregava, pessoalmente, todos os meses 100 000 reais das empreiteiras com obras no governo Sergio Cabral para Pezão. O próprio Cabral, de acordo com Braga, daria outros 100 000 a Pezão. Braga chegou ao cargo público por indicação de Pezão, mas sempre esteve debaixo de sua influência. Era o então vice-governador que decidia a destinação dos recursos dos programas “Bairro Novo”, “Asfalto na Porta” e “Somando Forças”. Havia também pedidos extras que eram feitos mensalmente para ajudar algum político. Os valores eram entregues a Pezão ou ao seu assessor “Luizinho”, que era da sua confiança. Em outro anexo da proposta de delação, Braga fala sobre o envolvimento de Pezão com a JRO Pavimentação Ltda., de dois amigos de confiança do governador. Braga teria sido orientado a repassar 5 milhões de reais para a empresa, em troca de notas promissórias. Braga diz que tem as notas para provar a operação e que o dinheiro está lá até hoje. O colaborador acrescenta que a campanha que elegeu Pezão em 2014 custou oficialmente 71 milhões de reais, mas o custo total real foi de aproximadamente 300 milhões. Não é só. Pezão e companhia firmaram acordo para a compra de apoio político de ao menos 16 partidos. O PSD, por exemplo, custou 30 milhões de reais. Seu marqueteiro, Renato Pereira, também enrolado na Lava-Jato, custou aos cofres de campanha mais ou menos 28 milhões de reais, quando, na verdade, foram pagos a ele, em espécie, mais de 80 milhões. O alto valor saiu de repasses da Odebrecht, OAS e Andrade Gutierrez. Ao término da campanha, Braga negociou sua saída da equipe de Pezão. Pelo acordo, ele receberia cerca de 150 mil reais por mês da organização criminosa, o que ocorreu até fevereiro de 2016. (informações exclusivas na edição da revista Veja desta semana)

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