O negócio de família começou na década de 60, em São João del-Rei. Após consertar uma máquina de picolés de um cliente e preparar alguns sabores para ver se o reparo estava de acordo, ‘seu’ Amado, inesperadamente, se viu com uma fila de clientes querendo provar mais delícias geladas. Assim surgia uma das sorveterias mais tradicionais daquela cidade do Campo das Vertentes, que conta hoje com quatro unidades, a última delas recém-aberta em Belo Horizonte.
Luciano Vieira, de 32 anos, neto do falecido ‘ seu’ Amado, que dá nome à rede de sorveterias da família, é quem comanda a unidade de BH, que fica na rua Albita, no bairro Cruzeiro. Ele veio para a capital estudar engenharia e, em meio a um doutorado, investiu cerca de R$ 150 mil para trazer um pedaço de São João Del-Rei para a maior cidade do estado.
A sorveteria continua com os mesmos moldes das outras unidades no interior, sendo duas na cidade do fundador e uma outra na vizinha Tiradentes. Cada picolé é vendido a R$ 3, sendo o de coco especial o carro-chefe. São vendidas cerca de 3 mil unidades durante os fins de semana em São João Del-Rei.
“Em Belo Horizonte, a grande novidade é o picolé de caipirinha, o único que custa um pouco mais caro, R$ 4. Montamos a casa nos mesmos moldes das outras unidades, para que nosso público, acostumado com o picolé do Amado, se sinta em casa”, explica Luciano.
A produção é toda artesanal e cada integrante da família cuida de uma parte da marca. “Tio Dalmir é o responsável por desenvolver os novos sabores. A tia Doraci é quem fica à frente da primeira loja montada pelo meu avô. Eles fazem com que os sabores e o negócio mantenham os mesmos patamares”, observa Luciano. “Minha irmã é quem fica à frente da loja de Tiradentes, e foi quem primeiro foi envolvida no negócio. Lembro que quando éramos crianças, ela ganhou um brinquedo chamado fábrica de sorvete. Aos 15, já trabalhava na loja, aprendendo o ofício”, lembra.

Efetividade
Segundo dados do Sebrae, as empresas familiares, fundadas geralmente pelo patriarca com objetivo maior de suprir a necessidade financeira, representam mais de 90% dos negócios no Brasil. Esse modelo de negócio apresenta como característica principal a propriedade e gestão nas mãos de dois ou mais membros da mesma família, não descartando a participação também em atividades operacionais.
Foram investidos 150 mil reais para a abertura da quarta loja

‘Seu’ Amado acabou abrindo o “Picolé do Amado”, quando viu uma oportunidade de negócio bom de empreender. Ele trabalhava consertando de bicicletas a máquinas mais complexas, como a de picolés. Quando o proprietário da máquina chegou para buscá-la, percebeu que o conserto havia ficado caro demais. “Meu avô acabou ficando com a máquina e, desde então foi criando os sabores diferentes. Todo mundo foi gostando e ainda mantemos esses mesmos produtos. No inverno, os picolés que mais vendem são os que parecem sobremesa, estilo mousse. No verão, os sabores cítricos vendem mais”, diz Luciano.
O neto de Amado revela que há dois anos a máquina que deu origem ao negócio de família ainda estava na ativa. “Resolvemos aposentá-la. Mas está guardada e será futuramente exposta”, revela.
São vendidos 3 mil picolés por fim de semana em São João del-Rei, a unidade matriz