No
curso da Lava-Jato vai ficando cada vez mais claro o método petista de
sangrar o Estado. É um trabalho metódico, desenvolvido há 14 anos pelo
lulopetismo. A propósito, segue texto de Merval Pereira, publicado no
jornal O Globo:
À
medida em que vai sendo revelado pela Operação Lava Jato o esquema de
financiamento do projeto de poder do Partido dos Trabalhadores, com a
prisão de dois dos ministros da Fazenda de raiz do petismo, Guido
Mantega e Antonio Palloci – Joaquim Levy foi um equivocado estranho no
ninho que, para sua própria felicidade, não passará de um pé de página
na história desse período -, vai chegando também ao limite mais baixo a
sua capacidade de atuação eleitoral, o que vem sendo explicitado pelas
pesquisas de opinião para as eleições municipais, cujo primeiro turno se
realiza no próximo domingo.
No
Rio, a candidata do PC do B Jandira Feghalli, que tinha a aspiração de
ser o voto útil da esquerda, parece ter tomado uma decisão equivocada ao
chamar para seu palanque a ex-presidente Dilma e, subsidiariamente, o
ex-presidente Lula. Sua ascensão foi subitamente estancada com esse
movimento, dando passagem a uma possível união do centro-direita em
torno do candidato oficial Pedro Paulo.
A
ligeira subida deste também revela um provável erro de estratégia de
sua campanha, que tirou de cena o prefeito Eduardo Paes, por conta de
algumas gafes e polêmicas provocadas por declarações infelizes, mas não
levou em conta que sua administração tem uma avaliação de bom e ótimo
que pode compensar as deficiências do candidato oficial, ainda
vulnerável à acusação de ter surrado sua ex-mulher mesmo depois de
absolvido pelo Supremo Tribunal Federal.
Em
São Paulo, o petismo atinge até mesmo quem fugiu dele, como a
ex-prefeita Marta Suplicy, que teve uma queda constatada nessa recente
pesquisa do Ibope quando parecia que superaria Celso Russomano para
disputar o segundo turno contra João Dória, o candidato tucano do
governador Geraldo Alckmin. O prefeito petista Fernando Haddad, que
recebeu o suposto reforço do ex-presidente Lula nos últimos dias de
campanha, não demonstra fôlego para ir ao segundo turno.
Em
comum nos dois principais estados do país há o fato de que candidatos
da Igreja Universal estão bem colocados para a disputa do segundo turno,
o que representa um perigoso e indesejável envolvimento de uma seita
religiosa com um projeto de poder político.
Justamente
porque seu projeto político de poder permanente está sendo desvendado
pela Operação Lava Jato, o PT se defronta com uma previsível debacle
nessas eleições municipais.
A
prisão de Antonio Palloci tem uma gravidade política muito maior que a
de Guido Mantega na semana passada, mas as duas em sequência denotam que
o esquema de financiamento político para a permanência no poder tinha
um método, a ponto de Palloci ter sucedido a Celso Daniel, que seria o
homem forte da candidatura Lula em 2002 não tivesse sido assassinado, e
Mantega sucedeu a Palloci na continuação da montagem do esquema de
financiamento político.
Não
é à toa, portanto, que o caso Celso Daniel voltou à tona durante a
Operação Lava Jato, já que está ligado a um empréstimo fraudulento do
Banco Sachin para o pagamento de uma chantagem a que Lula e outros
dirigentes do partido estavam sendo submetidos.
A
família de Celso Daniel afirma que o ex-prefeito de Santo André foi
morto porque descobriu o que depois ficou claro nas investigações do
petrolão: o esquema de corrupção montado para viabilizar a chegada ao
governo central, desde quando o PT chegou ao poder em alguns municípios,
estava sendo desvirtuado para o enriquecimento de alguns
“companheiros”.
Por
essa teoria, Celso Daniel considerava que a causa final justificava os
desvios, mas não aceitava o enriquecimento pessoal, que acabou sendo
revelado em relação aos dirigentes petistas originais, como José Dirceu e
o próprio Palloci, que foi prefeito de Ribeirão Preto.
O
envolvimento no esquema de corrupção de três tesoureiros do partido e
mais dois ministros da Fazenda e dois chefes do Gabinete Civil mostra
bem como a escala de liderança do PT passava pelos mesmos postos, sem
nenhuma improvisação.
Tanto
que a ex-presidente Dilma assumiu o comando, e a sucessão de Lula, ao
chegar ao Gabinete Civil e à presidência do Conselho de Administração da
Petrobras, fonte de investigações sobre desvios de dinheiro que atingem
igualmente Palloci e Mantega e se aproximam de Dilma.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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