Luís Lourenço: opção pela abertura de negócio próprio para escapar das amarras da empresa tradicional
Segundo a pesquisa “Jogos Digitais: Geração Transformadora”, realizada pelo Centro de Inteligência Padrão (CIP) em parceria com a Mind, 71% dos 1.330 jovens ouvidos pretendem mudar de emprego. Entre estes, 51% pretendem empreender.
Para entender a aposta de Lourenço e de tantos outros jovens, é preciso conhecer melhor o perfil dessa geração. No caso dele, o acesso a uma série de informações a respeito de um software de gestão de negócios, chamado CRM, foi o que possibilitou o pulo do gato. “Quando surgiu a oportunidade de abrir uma empresa de CRM eu cheguei a ficar com receio de abrir mão de tudo que aprendi na faculdade para vender um produto pouco conhecido no mercado brasileiro. Mas a vontade de ir adiante foi mais forte que o medo”, disse.
E esse dilema vivido por ele é quase um espelho do que vivem os demais integrantes da geração Z. Nascidos na era digital e com acesso às informações do mundo inteiro, esses jovens têm dificuldades para se encaixar nas estruturas do mundo corporativo. Querem inovar e testar na prática o que conhecem pelas telas dos computadores, smartphones e tabletes.
“Os jovens que decidem empreender acham o emprego limitador. São pessoas que têm dificuldade de ficar dentro de uma caixinha com limites definidos pela função que vão exercer”, afirma o professor de estratégia e planejamento da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que faz pesquisas de empreendedorismo, Carlos Alberto Gonçalves.
Sair da caixinha é o que levou Thaísa Cardilho, de 26 anos, empreender. Estudante de direito, ela estagiou em grandes empresas e em uma secretaria do governo do Estado. Um bom início de carreira para quem pretendia advogar por um tempo e, futuramente, ser juíza. Mas, depois de fazer um intercâmbio em Nova York, os planos mudaram totalmente.
“Eu vi que o mundo era muito maior e que existem possibilidades além daquelas que eu havia conhecido nos meus estágios. Descobri que não é meu perfil ficar presa a uma empresa por anos”, afirma.
Interação
Quando chegou a essa conclusão, ela se uniu ao irmão, Rodrigo Cardilho, de 28 anos, e criou o aplicativo TheCard, que ajuda no armazenamento de cartões corporativos e facilita a interação entre os agentes de mercado.
“Muita gente não compreende minha escolha por ser algo incerto. Mas vejo o empreendedorismo como a oportunidade de fazer algo maior, que faça diferença no futuro”, afirma.
Para reter os novos talentos, empresas precisam se adaptar
Os nascidos na década de 90 começam agora a entrar no mercado de trabalho e, em breve, terão uma participação expressiva nos quadros das empresas. Mas a retenção desses jovens, da chamada geração Z, tem sido um grande desafio.
Algumas características desses jovens precisam ser compatibilizadas com as estruturas corporativas, como por exemplo o fato de não conseguirem ficar desligados do mundo virtual e a necessidade de fazerem várias atividades ao mesmo tempo. Até porque, normalmente, eles não se dão bem em empresas que restringem o acesso a determinadas redes sociais, por exemplo.
É a internet também a responsável por um acesso maior às informações, o que tem formado jovens mais questionadores, utra característica nem sempre aceita em modelos empresariais tradicionais. “Para essa geração não existe diferença entre a vida pessoal e profissional, tudo se confunde. Além de trabalhar de forma integrada, são autodidatas, muito curiosos e possuem uma dificuldade tremenda de trabalhar em estruturas rígidas”, afirma Fernando Alves, sócio-diretor da agência de lançamento de produtos digitais Neuari, que inventou o método de gamificação para aumentar a retenção dos jovens em empresas.
Nesse método, os funcionários ganham pontos, como em um jogo. Cada fase vencida, ou trabalhos realizados, os colaboradores sobem um nível. Ao final de um período determinado, os mais pontuados recebem prêmios.
Nem mesmo o ensino formal está preparado para levar essa geração ao mercado de trabalho, segundo o gerente da Clinton Education, empresa de cursos online para empreendedores, Thiago de Carvalho. “As escolas e universidades ainda tem lidar com a evasão escolar, que é altíssima no país, e esquecem de falar de carreira”, afirma.
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