O que pensam os GENERAIS sobre a situação atual e os pedidos de INTERVENÇÃO MILITAR
Revista Sociedade Militar
General Villas Bôas – Comandante do Exército Brasileiro.
Seis MILITARES de alta patente. Dois da ativa e quatro da reserva.
Declarações
ambíguas, polêmicas e que deixam margem a especulação saem da boca, ou
pena, desses militares de alta patente. Uma analise criteriosa de seus
textos e discursos poderia nos levar a entender qual o pensamento
predominante nos altos escalões das Forças Armadas?
O
General Villas Bôas entrou para o Exército em 1967. Três anos após a
intervenção militar de 1964. Quando ingressou nas Forças Armadas na
Escola Preparatória de Cadetes do Exército, Eduardo Dias da Costa Villas
Bôas tinha apenas 16 anos de idade. Foi promovido a oficial general em
2003, ele fez parte da primeira leva de militares promovidos ao
“generalato” por Luis Inácio Lula da Silva.
Em
relação ao que se chama de Intervenção Militar, o militar que
atualmente comanda o Exército deu algumas declarações que podem levar
à conclusão de que é contra a intromissão dos Militares em assuntos
políticos.
“Até
queria saber como se faz uma intervenção militar constitucional. Isso
não existe. Não interpreto isso como desejo de volta do governo militar,
mas como a volta dos valores que as instituições militares
representam. “
Algumas
postagens em redes sociais dizem que Villas Bôas teria declarado de
forma técnica que seria realizada uma intervenção militar (transcrição
abaixo). A maioria dos interpretes não pensa assim. Ao que parece o
general diz que os Brasileiros podem resolver de forma independente o
problema político que enfrentam.
O General disse: “O
Brasil é um país maduro com instituições consolidadas e funcionando,
temos um sistema de pesos e contrapesos que dispensa a sociedade
brasileira de ser tutelada, nos cabe cumprir o que está escrito na
constituição… Nossas missões estão muito bem explícitas … garantir para a
manutenção da estabilidade, como não causar instabilidade de forma
alguma e conseguiremos isso mantendo isenção e eqüidistância de todos os
atores”
Villas Bôas disse também:
“Há
uma atenção do Exército. Eu me pergunto: o que o Exército vai fazer? O
Exército vai cumprir o que a Constituição estabelece. Não cabe a nós
sermos protagonistas neste processo. Hoje o Brasil tem instituições
muito bem estruturadas, sólidas, funcionando perfeitamente, cumprindo suas tarefas, que dispensam a sociedade de ser tutelada. Não cabem atalhos no caminho.”
General Paulo Chagas – Militar da RESERVA REMUNERADA
Declarações
do General Paulo Chagas já foram interpretadas como favoráveis a uma
ação mais enérgica por parte dos militares. Contudo, em outros momentos o
militar tem descartado a hipótese.
Em março de 2014 ele disse: “Os
militares em reserva se têm somados aos civis que enxergam em uma
atitude das Forças Armadas a tábua da salvação para a Pátria ameaçada,
quando não são eles próprios os alvos do clamor daqueles que já
identificam nas imagens dramáticas da capital venezuelana a cor fúnebre
do nosso destino.
No
momento atual, a causa da democracia não dispensa o concurso de
ninguém. Seria portanto uma importante contribuição se todos os civis
que têm as Forças Armadas como última razão da liberdade e a garantia
dos fundamentos constitucionais pusessem suas opiniões a público, em
artigos, manifestações, textos, “cartas do leitor” e outros recursos do
gênero e não apenas em comentários restritos à leitura dos poucos
profissionais da mídia que ainda ousam remar contra a correnteza ou dos
escribas de mídias sociais que, mesmo comprometidos com a causa, têm
apenas seu limitado e débil sopro para tentar enfunar as velas da
embarcação.
Em Novembro de 2014: “Sou
General de Brigada da reserva. Deixar bem claro meu pensamento…
Refiro-me as manifestações populares e a intervenção militar. Acredito e
apóio manifestações populares, desde que ordeiras… Não aceito e nem me
permito dar apoio a manifestações que incluem baderna, vandalismo ou que
pretendam estimular pessoas , grupos ou autoridades a descumprirem as
normas constitucionais.”
Em outubro de 2015 – “Dizer
que as instituições, aparelhadas como estão, de nada valem – que de
nada adianta obedecer as leis e preservar a ordem pública – é fazer o
jogo do inimigo. Imaginar que, com um golpe militar, prendendo e
fuzilando a todos que se colocarem contra a “democracia”, vamos resolver
os problemas do Brasil é retroceder aos tempos retratados nos filmes de
faroeste, em que a Cavalaria chegava para salvar as caravanas atacadas
pelos índios selvagens!”
Essa semana Paulo Chagas disse: “Tenho
falado, seguidamente, que o caos nos livrará dessa onda socialista que
assola a América Latina, desde a criação do Foro de São Paulo.”
General MOURÃO. Militar da ATIVA
O
General Mourão, ex-comandante Militar do Sul, exonerado após a Comissão
de Defesa Nacional do Senado enviar documento ao Ministério da Defesa
questionando suas declarações, expressou algumas opiniões que se
espalharam por todo o país, levando os intervencionistas a o elegerem
como símbolo de sua luta homenageando-o com um boneco inflável de mais
de 10 metros de altura. Que se saiba, em nenhum momento o general
utilizou o termo intervenção militar. Contudo, fez declarações duras e
verdadeiras sobre a classe política do Brasil.
Em palestra realizada em setembro desse ano o general disse: “a
maioria dos políticos de hoje parecem privados de atributos
intelectuais próprios e de ideologias, enquanto dominam a técnica de
apresentar grandes ilusões” e “a mera substituição da PR [presidente da
República] não trará mudança significativa no ‘status quo'” e que “a
vantagem da mudança seria o descarte da incompetência, má gestão e
corrupção”.
No mês seguinte o General fez outra palestra, onde disse que “Neste
momento de crise, toda consciência autônoma, livre e de bons costumes
precisa despertar para a luta patriótica, contribuindo para o retorno da
auto-estima nacional, do orgulho de ser brasileiro e da esperança no
futuro“
Questionado em grande veículo de imprensa o General declarou que o termo LUTA PATRIÓTICA foi usado em sentido figurado:
“Em
relação à palestra proferida no CPOR, ressalto que tratou-se de um
evento privado, onde buscou-se apresentar, de forma didática, um
panorama da situação vivida no mundo, para depois tratar do cenário
nacional. Luta
patriótica é simplesmente não nos omitirmos, estarmos conscientes da
realidade que nos cerca e, principalmente, que o Brasil só será aquele
que sonhamos por meio do trabalho, da dedicação, da honestidade de
propósitos e da constante busca do conhecimento.
Luta patriótica: esforço e empenho de todos os patriotas no sentido de sobrepujar a crise“.
Luta patriótica: esforço e empenho de todos os patriotas no sentido de sobrepujar a crise“.
General Pimentel. Presidente do Clube Militar – Reserva Remunerada
O
Clube Militar foi palco de vários episódios e discussões acaloradas
sobre a situação política do Brasil. A gestão do General Pimentel parece
ter resgatado um pouco do antigo protagonismo do Clube. Sob a gestão de
Pimentel foi criada a campanha pela Moralidade Nacional com a
realização da várias palestras e publicações de textos pelo CM.
Em entrevista a revista Isto é o General disse: “É
fato notório que não temos governo… Essa história de que o povo
brasileiro é pacífico, que não é dado a situações conflituosas e
penosas, isso tem um limite… Temo que a paciência da população se esgote
e que exija a intervenção de forças repressivas.”
Em outro momento o General declarou, discorrendo sobre palavras proferidas por petistas:
“Seja
que manifestação de força ilegal for, nos remeterá a um quadro que pode
se tornar insustentável à Democracia construída com o sangue e o suor
de tantos brasileiros. Lembram de 1964? E aí? Aceitaríamos o caos ou um
outro Poder constituído convocaria a Força Legal que dispomos?”
Pimentel
deixa claro que se o país entrar numa situação de caos generalizado é
possível que as forças armadas tenham que assumir o controle se, nas
suas palavras, forem convocadas por poder constituído.
Já em entrevista ao portal TERRA o referido general disse, sobre intervenção, que: “Garanto
que isso não tem nada a ver conosco. Os militares não pensam nisso.
Temos uma posição legalista. Aqueles que pedem isso nas ruas são pessoas
exaltadas…”.
Em
outro momento, em texto duro, o general PIMENTEL lança uma crítica
contra aqueles que dizem que as instituições funcionam normalmente.
“Sou
imune, sou impune, estou acima da lei”, escarnecem com inominável
cinismo. Perderam o respeito. Os interesses do Brasil, as necessidades
das massas, o compromisso assumido com seus representados, nada
significam para eles. E ainda há quem queira convencer-nos que nossas
instituições funcionam dentro de um quadro de normalidade.“
General VALMIR Fonseca. Militar da Reserva Remunerada.
Um texto recente do General Valmir, publicado aqui na Revista Sociedade Militar,
chama a atenção para a possibilidade dos Militares estrelados se
prepararem para um embate. O general fala até em ensaios de julgamento
da “canalha petista”.
Vejam:
“Aqui
na caverna, temos acalorados debates, todos convictos de que o povo
será capaz de rechaçar as ações dos comunistas e que as Forças Armadas
estarão prontas para defender o futuro da Nação. Apesar da convicção dos
habitantes da caverna, pelo sim pelo não, todos fizemos um juramento de
que lutaremos até o último tacape para defender a democracia nacional.
Efetivamente,
cerca de dez trogloditas já saíram em campo e estão infiltrados em
diversos movimentos pró – comunismo para colher informações e, se
possível, na hora adequada, sabotá – los. Nas proximidades da caverna
foram montados alvos para o treinamento de arco e flecha, bonecos para
treino de tacapes e de outras atividades que por sigilo vamos omitir.
Por
vezes, treinamos como um tribunal na sua atividade de julgamento da
canalha petista, e deliberamos que será necessária também uma depuração
no universo da política, que no Brasil abriga um antro de aproveitadores
da população.
Para
aqueles que julgam que o lulo – petismo acobertado pelo máximo poder,
pelo seu total domínio nos recursos do tesouro nacional, pela ocupação
dos cargos mais importantes da enorme administração e burocracia
nacional um dia aceitará a sua derrota através da política democrática,
podem desistir. O Petismo ainda inundará esta terra de sangue e
terrorismo. Quem viver verá.”
Em outro momento, também nas páginas da Revista Sociedade Militar (AQUI), Valmir Figueiredo disse:
“Infelizmente, é difícil para aqueles que conhecem a verdadeirafibra nacional,
esperar que o populacho assuma qualquer postura de grandeza para acabar
com os canalhas que nos gerenciam… Se alguém perguntar, o que será de
nós, após o final da atual crise econômica, política e moral,
respondemos: – Se houver uma intervenção militar, só Deus sabe;
– Se não houver, continuaremos subordinados de um bando de
desclassificados.”
Valmir também disse:
“Hoje, não vemos nenhuma hipótese de expulsão do petismo do País pela
via democrática, a não ser pela força das armas, mas para tanto, seria
necessária a existência de grupos, classes, categorias que se
posicionassem contra o desgoverno, porém, infelizmente, tais entidades,
não existem.”
General Augusto HELENO.
Heleno
recentemente rejeitou a indicação de seu nome para candidato a
presidência do país e criticou militares que se envolvem em política.
Sobre isso, disse: “É um absurdo. Quando os militares tiverem vínculo com algum partido político estaremos perdidos. Essa ideia é absurda.”
Sobre intervenção MILITAR, a opinião do general foi expressa em vários momentos.
Em um deles disse:
Não
há salvadores da pátria. O problema do país é acertarmos em termos de
escolha. É algo de formação das pessoas, de muito longo prazo. Nossa
democracia está consolidada, mas me preocupa o fato de que a juventude
em geral, o que inclui seus melhores quadros, está muito afastada da
participação na política. Há muita gente que tem condições intelectuais e
de formação e pode contribuir para o país mas não é cooptada pela
política. A estrutura atual é perversa, e precisa ser mudada em
profundidade Alguém que pense assim e esteja a meu favor quer, na
verdade, me empurrar para o buraco.”
“Ter
essa postura é afrontar tudo o que foi conquistado em muitos anos. O
único caminho para o país — está comprovado — é a democracia. É
inimaginável se controlar a liberdade das pessoas. O único caminho de
fortalecimento e desenvolvimento para o Brasil é a democracia.”
Conclusão
Aparentemente, com exceção do primeiro, todos os generais acima listados apresentam em algum momento posicionamentos ambíguos, ora pró e ora contra uma ação enérgica das Forças Armadas. Isso é perfeitamente natural. Suas mentes oscilam entre a mente de um cidadão, eleitor pai família e a mente de militar profissional.
A
mente de cidadão comum é naturalmente imediatista, normalmente enxerga o
objetivo final, que é ver-se o mais rapidamente possível livre esses
parasitas que habitam o Planalto Central.
A
mente de um profissional das armas tem de traçar todo o caminho até o
objetivo, avaliar estratégias, duração, consequências etc.
Qualquer militar profissional, independente de posto ou graduação, tem
noção da possível duração e estragos – a curto e longo prazo – que podem
ser causados por uma guerra intestina e manutenção ou não de um estado
totalitário durante o período conflituoso. O militar brasileiro, ao
contrário de militantes de diversas matizes ideológicas, não tem
desprezo pela sociedade. Cada família, cada indivíduo, independente de
seu poder aquisitivo, raça, religião ou visão política, é
igualmente importante.
Dos
Militares acima listados, o último – o General Valmir – parece o mais
convicto que a quadrilha que ora domina esse país dificilmente
abandonará os palácios de forma pacífica.
Como disse o mesmo: “Quem viver verá”.
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