MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

domingo, 27 de dezembro de 2015

Dilma usa indevidamente seu cargo para tirar bandidos petistas da prisão


Para se pensar em evoluir de um estágio a outro na guerra política, as vezes precisamos materializar a diferença entre o cenário atual e o cenário necessário. Ou seja, compreender a lacuna entre onde estamos e onde é preciso chegar. Para isto, antes de tudo observemos a seguinte notícia:
Um decreto assinado pela presidente Dilma Rousseff, chamado de indulto natalino, publicado nesta quinta-feira (24), pode beneficiar condenados pelo STF (Supremo Tribunal Federal) no mensalão, como o ex-ministro José Dirceu (Casa Civil), os ex-deputados João Paulo Cunha (PT-SP), Valdemar Costa Neto (PR-SP), o delator do esquema Roberto Jefferson e o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares.
Pelas regras do indulto, o beneficiado fica livre de cumprir o restante da pena e de outras medidas judiciais, como se apresentar à Justiça periodicamente.
O indulto está previsto na Constituição e é tradicionalmente concedido pelo presidente da República no Natal e leva em consideração critérios que são pré-estabelecidos pelo Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária, ligado ao Ministério da Justiça.
Entre as regras para o perdão estão cumprimento da pena em regime aberto, condenações menores que oito anos, não reincidentes e se reincidentes, desde que tenham cumprido um quarto da pena.
No caso do mensalão, os políticos, que estão presos desde novembro de 2013, poderão ser beneficiados, segundo advogados, porque tiveram penas inferiores a oito anos, estão em regime aberto e já cumpriram cada um mais de dois anos de pena.
A concessão do benefício não é automática. Os advogados de cada um dos condenados terão que requerer o indulto à Justiça. No mensalão, o ministro do STF Luís Roberto Barroso, relator da execução das penas do caso, vai analisar se os requisitos estão preenchidos.
CONDENADOS
O ex-ministro José Dirceu foi condenado no mensalão a 7 anos e 11 meses de prisão e cumpria prisão domiciliar quando acabou preso novamente a pedido da Justiça do Paraná por suposta participação no esquema de desvios de recursos da Petrobras. O petista ainda não foi condenado neste caso, que aguarda sentença do juiz Sergio Moro, portanto, não é considerado reincidente.
O ex-deputado José Genoíno (PT-SP) e o ex-tesoureiro do ex-PL (atual PR) Jacinto Lamas, condenados no esquema, já receberam o benefício do Supremo, tendo penas extintas, e, atualmente, são considerados homens livres.
A maioria dos condenados no mensalão, esquema de desvio de recursos públicos para compra de apoio político no Congresso no início do governo Lula, está fora da cadeia.
Continuam presos em regime fechado o operador do esquema, o publicitário Marcos Valério de Souza, seu ex-sócio Ramon Hollerbach e o ex-diretor do Banco do Brasil Henrique Pizzolato.
Entre os políticos, só continuam presos Dirceu e o deputado Pedro Corrêa (PP-PE), que são acusados de envolvimento com o petrolão. Corrêa já foi condenado a 20 anos e sete meses de reclusão pelo juiz Sergio Moro.
Então vejamos.
Se o presidente a ter emitido o decreto fosse Fernando Henrique Cardoso e os principais beneficiados pelo indulto fossem tucanos, o PT entraria com uma ação no Supremo Tribunal Federal denunciando o presidente de utilizar o cargo para proteger criminosos de seu partido.
Simples assim.
Todas as acusações feitas contra Eduardo Cunha de “utilizar o cargo para fins escusos” são baseadas neste princípio.
Alguns podem objetar dizendo: “Ah, mas talvez não adiante e a ação em si seja rejeitada”. Bom, pensar assim é rejeitar o próprio pensamento dialético-crítico, um dos elementos centrais da manutenção de uma mente ágil para o jogo político. Recusar esta própria forma de pensar é uma postura fixada entre a arrogância e a teimosia, mas é contraprodutiva. Na verdade, a própria ação é feita para gerar a notícia, e então manchar seu oponente.
O não aproveitamento desta oportunidade para danificar a imagem de Dilma Rousseff é um exemplo claro. Críticas à Dilma evidentemente existem, mas são geralmente leves demais.
“Dilma usa seu cargo indevidamente para tirar bandidos petistas da prisão” seria uma das frases repetidas por seus opositores caso estes jogassem o jogo.
Dilma terminará 2015 batendo muito mais em seus adversários do que apanhou. Também terminará mostrando que o PT se segurou no poder por ter jogado um jogo que seus oponentes se recusaram a jogar.

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