MEDIÇÃO DE TERRA

MEDIÇÃO DE TERRA
MEDIÇÃO DE TERRAS

domingo, 22 de fevereiro de 2015

FALTA ÁGUA ? GOVERNO? INTELIGÊNCIA ?CONSCIÊNCIA?





Já seria tempo das pessoas  comuns que pensam   participarem  das discussões sobre a  mais recente crise de água em parte do Brasil,,especialmente no Sudeste,ao lado dos políticos,governantes e  todos os especialistas na área .                                                                                  
  Sabe-se que a natureza não dotou as diferentes regiões do mundo com a mesma  disponibilidade de água doce. Foi generosa com umas.  Cruel com outras. Zonas desérticas coexistem com outras onde há água em abundância .  Um dos lugares onde ela está com fartura  é no  Brasil. Mas  nessa disponibilidade nada é estanque. Grandes são as modificações que aconteceram e acontecerão no futuroda crosta terrestre .  A superfície total do Planeta (águas, terra e gelo)oscila muito,em todos as direções.Terras e águas se alternam em torno das mesmas coordenadas geográficas através dos diferentes tempos.  É tanta modificação,que onde tem terra hoje pode ter havido água ontem,e vice-versa ,o mesmo se aplicando no amanhã dos milênios. Mas não é exatamente essa a discussão a enfrentar. O foco em mente é mais limitado.  Resume-se nos recursos hídricos naturais e os seus diversos tipos  de consumo,não no mundo,porém no Brasil,agora,na segunda década do Séc.XXI.
Com certeza não há no “mapa  mundi” território mais privilegiado que o brasileiro no que pertine à disponibilidade natural de água doce,tanto superficial,quanto subterrânea. Especialmente a reserva do“Aquífero Guarani” ,na metade Sul do país,tem “olho grande” do mundo inteiro.
Considerando o fato do espantoso crescimento da população mundial,que deu-se em ordem geométrica, muito acelerada, especialmente  a partir da segunda metade do Séc.XX ,e ,por outro lado,o relativo “estacionamento” da quantidade dos recursos hídricos naturais fornecidos  pela natureza através dos séculos,é evidente que a relação da “procura e oferta”  desse produto precioso ficou alterada. Enquanto a “procura”aumenta,a “oferta” fica no mesmo nível. Nem com toda a tecnologia do mundo o homem conseguiria alterar substancialmente essa relação. Das máquinas das suas fábricas poderá sair qualquer produto,exceto  vida e água. E sem água não poderá haver vida em qualquer ponto do universo. Mas parece que no mundo “humano”essa verdade não causa muita apreensão.
Para melhor avaliação do problema ,deve-se  ter em mente,num primeiro momento ,o fato de que a população mundial  DOBROU,passando  de um bilhão de pessoas, em  1800, para dois bilhões em 1927,ou seja,passados  127 anos,cresceu  somente  100%. Daí em diante foi um crescimento muito maior, espantoso.  Em 2014 estava em 7 bilhões. Calcula-se que no fim do Século XXI a população mundial passe a ser de  12 bilhões.
Isso significa que em menos de um século,ou seja,passados tão só  87  anos,o mundo recebeu mais 5 bilhões de “filhos”,passando de 2 bilhões ,em 1927 ,para 7 bilhões ,em 2014.Demorou,por conseguinte,127 anos (de 1800 a 1927) para DOBRAR,e  87 anos (de 1927 a 2014) para QUADRUPLICAR.  Mas o“azar”é que toda essa gente também passou a precisar de água. Para beber,lavar,irrigar suas plantações e mil outras necessidades e utilidades.
Esse cálculo ,com certeza, pode ser estendido às  necessidades de consumo de água,para todos os fins. O crescimento populacional é enorme e a oferta  de água natural estacionária.
Mas a água tem mil e uma utilidades. A potável,para beber,ainda é o menor dos problemas. Se todas as pessoas do mundo bebessem os dois litros diários recomendados pelos médicos e nutricionistas,seriam necessários 14 bilhões de litros/dia. Ora,isso é “mixaria” se relacionado ao volume ofertado pela natureza. O grande problema está mais nos “outros” consumos,ou seja,na água  não-potável  utilizada para fins diversos .Ocorre que muita água potável é desperdiçada. E a potabilização,ou purificação, desse líquido custa muito dinheiro. As redes de distribuição se encarregam de jogar fora muita água potável,principalmente  por falta de manutenção. Esse desperdício é dinheiro público jogado no lixo,pois a água vai embora ,apesar de  “enriquecida” com  produtos químicos caros nas estações de tratamento.
Mas a carência de consciência da maioria dos consumidores  acaba emparelhando com a incapacidade governamental  frente ao problema. Não se sabe quem tem mais ou menos culpa. Mais parece uma “guerra” .  Uma guerra “equilibrada”. O desperdício domiciliar mais se deve à falta de consciência do consumidor em economizar água e evitar o excesso de consumo e desperdício  sem o devido aproveitamento.
Nessa estupidez, o consumidor tem a fiel parceria dos políticos,governantes e  autoridades responsáveis pelo abastecimento público de água. Essa “parceria” está em dois aspectos. O primeiro é o baixo custo da água para consumo humano ,que estimula os excessos  desnecessários e desperdícios domiciliares.  O segundo está na dispensado PODER DE POLÍCIA que tem a Administração Pública. Na verdade ela está se “lixando”para o que acontece com a água. O Governo tem o papel e  a caneta na mão para  disciplinar a área e impor medidas junto aos fabricantes de produtos hidráulicos. A maioria não é nada “inteligente”,sem nenhuma visão e consciência sobre o enorme problema. Os mais “baratos” são os piores,os que  mais jogam água fora . Se o Governo se preocupasse em ver esse problema de perto,iria se espantar. Concluiria que o problema está mais no desperdício do que na oferta. Tudo por ausência de consciência e inteligência. Do Governo e do consumidor.
A produção e o consumo de água purificada deveria tomar algumas lições lá na “Coca-Cola”. Começa pelo fato de que ninguém desperdiça o refrigerante,tanto na produção,quanto na  distribuição e hora do consumo. É que “ele” custa caro. Se a água fosse mais cara ,não haveria  tantos problemas como existem hoje. A águaé barata e,por isso, desperdiçada. Claro que não quero dizer com isso que a água para beber devacustar o mesmo que a “Coca-Cola”. A referência foi tão somente para fins de ajudar no raciocínio.
Mas o maior volume de água da natureza utilizado para “fins humanos” não passa pelas estações de limpeza e purificação das águas para  ser distribuída. Esse maior volume é colhido diretamente nas fontes naturais  (rios,barragens,lagos,lagoas,açudes,etc) para irrigar as plantações, e  abastecer a pecuária e indústria. Essa água é “grátis”,o que também favorece o desperdício. E como o crescimento das suas necessidades se iguala ,ou até supera,à da  água potável,e estas duas ,em conjunto , se equivalem ao aumento em ordem geométrica da população mundial,é evidente a disparada vantagem que leva a PROCURA sobre a OFERTA de água potável e não-potável.
Importante é sublinhar  que na medida  em  que crescem os pontos de captação de água na natureza,o volume da dita fonte decresce  em equivalente medida . Cada ponto de captação significa menos água na fonte de origem. Diversos rios chegam a  “secar”,ou quase,em razão das captações consentidas e clandestinas verificadas no seu curso,especialmente para uso da agricultura e indústria. É tão trágica a situação que às vezes chega a faltar água para as estações de tratamento e nas torneiras das residências. Trocando em miúdos:falta água para beber na rede de distribuição pública.
Aos olhos do mundo,certamente essa  crise de abastecimento de água no Brasil - considerado o paraíso das águas no Planeta Terra ,privilégio até invejado por outras nações - daria quase no mesmo que receber a informação que estaria faltando  “gêlo” no Polo Norte, ou na Antártida,para os fins em que ele é  costumeiramente utilizado.
“Fechando” com o titulo escolhido para esse texto,certamente a crise hídrica no Brasil de hoje,notadamente no Sudeste, não decorre da FALTA DE ÁGUA,porém da combinação  da incapacidade governamental,pouca inteligência e quase nenhuma  consciência do consumidor para enfrentar  esse grave problema. E não é muito diferente a situação referente às tradicionais zona de“seca”,situadas  no Nordeste. Aío quadro  é muito mais grave,pois os responsáveis tiveram “um século”para resolver  e quase nada foi feito,apesar dos vultosos  e inúteis recursos públicos carreados para a região,conhecidos pelo povo da região como “indústria da seca”.

Sérgio Alves de Oliveira
Sociólogo e Advogado

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