Criticado pelo Ministério Público e até mesmo por partidos que o apoiaram na eleição para o comando da Câmara, o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), admitiu a possibilidade de rever a concessão de passagens aéreas para cônjuges de parlamentares. “Não vejo nada demais (na regalia), mas, se a Mesa Diretora quiser rever, é um direito dela. Na próxima reunião, ela que trate (do tema). Não tem problema nenhum da minha parte”, minimizou. Pagar os deslocamentos aéreos à custa do erário foi uma promessa de campanha de Cunha feita a mulheres de deputados durante a disputa pelo posto de presidente.
O peemedebista disse que não lançará mão da regra para comprar passagens para a esposa, Cláudia Cruz. “Ninguém é obrigado a usá-la. Eu mesmo não vou usar. Então, não vejo problema. O que nós estamos dando é a possibilidade de o parlamentar, dentro da sua cota, utilizar (a prerrogativa).”
Segundo o ato da Mesa divulgado na quarta-feira, as passagens aéreas podem ser adquiridas com verbas da Cota para Exercício da Atividade Parlamentar (Ceap), conhecida como Cotão, que passará a ser de R$ 35,8 mil mensais por deputado a partir de 1° de abril. Além das passagens, o presidente da Casa anunciou o reajuste de vários benefícios recebidos pelos congressistas, com custo de R$ 112,7 milhões ao longo de 2015 e de R$ 150,7 milhões anuais a partir do ano que vem.
PSDB É CONTRA
Parlamentares do PSDB informaram que a representante do partido na Mesa Diretora, a deputada Mara Gabrili (SP), atual terceira-secretária da Casa, votou contra a proposta. Luiza Erundina (PSB-SP) também. O PSDB prometeu entrar com mandado de segurança no STF para suspender a mordomia caso Cunha não se comprometa a pôr em votação, na semana que vem, uma resolução suspendendo a permissão para comprar bilhetes aéreos de cônjuges.
“Se sentirmos que o projeto de resolução não será acolhido pela presidência, entraremos com o mandado de segurança”, ameaçou o líder do PSDB, Carlos Sampaio (SP). Segundo ele, o pedido ao Judiciário está “preparado, elaborado e assinado”, e os tucanos não usarão o benefício.
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