Neste domingo (31), a partir das 10h, no Largo do Tanque,
a Associação Bahiana de Imprensa (ABI), em parceria com o Coletivo Libertai,
promove mais uma homenagem ao jornalista, poeta e advogado Luiz Gama, cujo
busto foi colocado ali pela Fundação Gregório de Mattos, órgão da Prefeitura
Municipal de Salvador. A ABI promoverá a aula pública a céu aberto que será
ministrada pelo professor Silvio Roberto Oliveira, titular da UNEB, e autor de
estudo sobre a poesia de Gama.
O evento de domingo seguirá durante a tarde, sob o
comando do Coletivo Libertai, promovendo oficinas de malabares e customização
de máscaras, intervenções poéticas e apresentação das bandas “Vivi Akwaaba”,
“Val da Mata e a Barca”, “Fumêsoul” e “A rua se conhece”, cujos músicos
residem, em sua maioria, na Liberdade e em São Caetano. Este é o quarto ano consecutivo
que o Coletivo, sob o comando do animador cultural Márcio Luis, promove o
Tributo a Luiz Gama.
LUIZ
GAMA
O mestiço baiano Luiz Gama notabilizou-se no país desde a
segunda metade do século XIX por causa da sua atuação como jornalista, poeta e advogado
(rábula). Sua atuação como abolicionista rendeu a alforria a mais de 500
escravos. Mas esse reconhecimento se deu muito mais em São Paulo, devido aos
primeiros anos trágicos da vida dele. Filho da negra Luiza Mahin com português
de posses, porém de identificação ignorada, Luiz, apesar de ter nascido livre,
foi vendido como escravo pelo próprio pai, que se encalacrara no jogo.
Luiz Gama seguiu para Santos (SP) junto a um lote
escravos e foi adquirido por fazendeiro do interior paulista. O filho do seu
proprietário, em férias na fazenda, alfabetizou Gama, cujas aspirações pela
liberdade ele não escondia. Daí a fuga e a brava luta para confirmar-se como
livre. Atuou no serviço público, como escrivão de delegacia, e aproximou-se, na
capital paulista, daqueles que lutavam pela abolição. Foi parceiro de Ruy
Barbosa no jornalismo, assim como do italiano Angelo Agostini, famoso
ilustrador de publicações pelas quais Gama passou.
O culto a Luiz Gama é maior em São Paulo. Há busto dele
no Largo do Arouche, no centro da cidade, e seu túmulo, no Cemitério da
Consolação, é mantido até hoje, sempre limpo e com flores. Seu velório, em
1882, é apontado como o mais concorrido de São Paulo. Centenas de pessoas
conduziram seu esquife desde o Brás até a Consolação, o povo o homenageando
pelo destemor e respeito com que ele passou na vida.
A bibliografia a
respeito de Luiz Gama é numerosa e alguns estudos foram produzidos como teses
da Unicamp (Universidade Estadual da Campinas). É exemplo, o estudo
“Gamatopéia”, com o qual o professor Silvio Roberto foi aprovado no doutorado
de Letras daquela universidade. Gama, ademais, é patrono de uma as cadeiras da
Academia de Letras de São Paulo. Na Bahia, devido à Revolta dos Malês,
conduzida na Salvador de 1835 por negros islamizados, os estudos estão mais
voltados para a mãe de Gama, Luiza Mahin, que teria participado do levante.
A ABI dirige sua atenção para o abolicionista desde 2012.
Em 21 de junho daquele ano, dia em que ele nascera em 1830 num sobrado da
Mouraria, bairro central de Salvador, o presidente da ABI, jornalista Walter
Pinheiro, foi, em companhia de diretores, ao Largo do Tanque depositar flores
ao pé do busto de Luiz Gama.
(71) 8707-2496
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