MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

sexta-feira, 18 de abril de 2014

Muito além da brincadeira


O que para muitos é apenas um jogo, está tornando-se uma disciplina importante nas grades curriculares das escolas do Distrito Federal. O jogo de xadrez é um forte aliado no desenvolvimento intelectual dos estudantes

    REJANE EVARISTO
mevaristo@grupocomunidade.com.br
 Redação Jornal da Comunidade

Parece uma simples brincadeira, mas, na verdade, é um excelente exercício para o cérebro e exige muito das emoções. O xadrez é um jogo de estímulos e respostas que auxilia no desenvolvimento intelectual do jogador. Além disso, a prática do jogo ajuda no desenvolvimento da capacidade cognitiva, social, afetiva, entre outros benefícios. Por esse motivo, o que era apenas diversão, agora tem caráter pedagógico e está ganhando cada vez mais espaço nos ambientes escolares.
Diversas pesquisas educativas relacionadas ao xadrez já provaram a influência positiva do jogo sobre seus praticantes. Há mais de um século, estudiosos começaram a estabelecer as relações entre o xadrez e sua influência sobre aspectos da mente, tais como inteligência, concentração, imaginação e memória. Mais recentemente, na Venezuela, o Ministério da Educação apresentou conclusões significativas sobre o chamado Projeto Xadrez. De acordo com o estudo, o xadrez não somente estimula a inteligência, como os avanços alcançados no campo intelectual tendem a manter-se no tempo.
Para o coordenador de xadrez no colégio Leonardo da Vinci e diretor geral da Mearas Escola de Xadrez, Wellington Melo, a desenvolvimento intelectual do aluno é perceptível, a partir do momento que ele começa a jogar. “A importância do xadrez para o desenvolvimento cognitivo, social e afetivo é alvo de pesquisas das mais diversas áreas, nos mais diferentes países. Eu mesmo sou mestrado na Universidade de Brasília (UnB) e estou fazendo um estudo em relação aos benefícios do xadrez no desenvolvimento do raciocínio. Nesses estudos, foi observado que o xadrez auxilia no desenvolvimento de vários aspectos, tais como memória, raciocínio, tomada de decisões, criatividade, concentração etc”, explica. “Na escola, o xadrez é utilizado como ferramenta pedagógica, ou seja, o jogo é um meio para desenvolver essas habilidades. Nosso objetivo não é desenvolver atletas, mas desenvolver a criança de forma lúdica e prazerosa, por meio do jogo de xadrez. É visível a diferença entre um aluno que pratica xadrez e um que não pratica. Também é visível o desenvolvimento de um aluno que começou a jogar xadrez há pouco tempo, comparado a ele mesmo antes de começar a jogar xadrez”, explica.
O coordenador do Projeto Xadrez nas Escolas da rede pública de ensino, Sólon Pereira, explica que o estudante que joga se destaca no aprendizado. “O xadrez tem uma capacidade muito interessante de influenciar na concentração e no raciocínio lógico. Ele te ensina a atenção absoluta e a capacidade de raciocínio. A socialização também é um ponto de destaque do jogo. Antes, o xadrez era só para ricos. Agora, ele pode ser jogado por todas as pessoas, de todos os sexos, idades e classes sociais”, afirma. “O xadrez tem uma influência realmente significativa no desenvolvimento do participante. Se você comparar um aluno que joga xadrez e um que não joga, o que joga estará muito mais à frente do outro, no final do ano”, conclui o coordenador do projeto.

Xadrez nas escolas

O jogo está incluído no currículo escolar básico de dezenas de países. Atualmente, a rede pública de ensino do Distrito Federal conta com o projeto ‘Xadrez na Escola’, que, desde o ano passado, já beneficiou 236 escolas de ensino fundamental da educação integral com a entrega de sete mil kits de xadrez e um curso de capacitação para 50 professores. Além disso, o projeto tem a meta de expandir para as escolas do ensino médio, com ampla divulgação em toda a rede pública de ensino do DF e a adesão voluntária das escolas.
“Inicialmente, a ideia do projeto surgiu por meio de uma parceria entre o Ministério dos Esportes e o da Educação, em 2010. Por uma questão sociológica e por solicitação dos próprios alunos, nós vimos que havia espaço para implantar o xadrez como uma disciplina nas escolas. O projeto ficou parado e, agora, o governador Agnelo Queiroz decidiu dar segmento a essa ideia no DF. Aliás, o projeto também tem a participação do senador Cristovam Buarque. Pouca gente sabe, mas Agnelo e Cristovam são excelentes jogadores de xadrez. Entretanto, com as eleições e mudanças de cargos, o projeto ficou parado”, explica Sólon. “Em 2012, nós começamos a dar prosseguimento ao projeto. A ideia é que o xadrez torne-se uma disciplina curricular nas escolas da rede pública, principalmente nas escolas com período integral. Com isso, nós já distribuímos uma média de 12 mil kits de xadrez.”
Segundo Sólon Pereira, além dos kits distribuídos, os professores da rede pública recebem capacitação para ensinar o xadrez aos alunos. “Para capacitar os professores, nós oferecemos cursos pela UnB, outros professores já fizeram cursos também com a Associação de Xadrez Pedagógico no Brasil. É interessante lembrar que os cursos são para professores de todas as disciplinas. Muitas pessoas pensam que apenas professores de matemática e educação física podem participar.”
O que agora é novidade na rede pública, já faz parte da rotina de alunos de instituições particulares do DF. “Nas escolas particulares, o interesse vem crescendo para essa faceta pedagógica do xadrez. É comum ver em escolas o xadrez oferecido de forma extracurricular, com uma ênfase mais esportiva”, explica Wellington Melo. “Agora, mais escolas estão querendo implantar o xadrez como disciplina curricular, buscando desenvolver habilidades cognitivas, sociais e emocionais nas crianças por meio da prática do xadrez. Essa forma de ensino já é adotada, pioneiramente, nas três unidades do Centro Educacional Leonardo da Vinci e também no Colégio Origem, no Núcleo Bandeirante.”
JORNAL DA COMUNIDADE DF

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