por
Lucas Franco
Publicada em TRIBUNA DA BAHIA
Ter um veículo de duas rodas é uma tentação para quem quer fugir dos engarrafamentos de Salvador. No entanto, vendedores
e comerciantes se queixam do cenário atual, em que a burocracia tem
sido um obstáculo tão grande quanto uma fechada no trânsito. “É a
questão do endividamento. Tivemos queda em final de 2012 e 2013 no
volume de vendas. Não há nada conclusivo que explique, mas taxas de
banco mais altas, inadimplência e burocracia colaboram. Financiamento
está muito difícil, as taxas são abusivas”, contextualiza o consultor de
vendas da Motopema Dois Leões, Reginaldo dos Santos Virgem. “Vendemos
mais para a classe B, que geralmente é quem procura
uma moto para fugir dos ônibus”, conclui. Entre as mais vendidas na
loja em que trabalha estão os modelos das linhas CG Titan e CG Fun.
Segundo a Federação Nacional de Distribuição de Veículos Automotores
(Fenabrave), em março desse ano 112.224 motos foram emplacadas, o que
significou queda de 6,09% na comparação com fevereiro, com 119.508. A
retração aconteceu também na comparação com março de 2013, que com
123.846 emplacamentos apresentou baixa de 9,38%. Já no acumulado do ano,
houve alta de 3,75%.
O investimento de R$ 10 bilhões em rodovias e obras de
mobilidade urbana feito pelo Ministério dos Transportes, segundo o
ministro César Borges anunciou na última quarta-feira em coletiva de
imprensa na fábrica da Ford, visa facilitar
o uso de automóveis nas rodovias. No entanto, os motociclistas vivem
outro desafio além da infraestrutura precária: a violência. “O roubo de
motos da Honda está em primeiro lugar, principalmente as com menos
cilindradas porque as peças são mais fáceis de revender, então muita
gente tem medo de usar”, explica o consultor de vendas da concessionária
Novo Tempo, na Bonocô, Samuel Fernandes. Na sua opinião, não existe
queda no setor. “Está em alto crescimento. Meses mais, meses menos, a
depender do crescimento do país.” As linhas CG Titan e CG Fun também
estão entre as mais vendidas na Novo Tempo.
O segmento sob duas rodas, no entanto, busca
novas alternativas. Se as motos abaixo de 300 cilindradas não vendem
como antes por conta das dificuldades impostas de financiamento para a
classe D, aluguéis a partir de R$ 60 por dia podem ser a solução para
quem precisa cumprir uma missão sem carro, ou até sentir a brisa
enquanto acelera pelas vias da cidade. “O mercado de veículos novos até
tem facilitado o crédito, em até 24 vezes sem juros, mas revendedor de
semi-novos tem taxas mais altas”, conta o proprietário da Bug Motos, na
Vasco da Gama, Reinaldo Gusmão. Para driblar a crise do setor, Reinaldo
lançou, há seis meses, o serviço de aluguel de motos e cobra a diária de
R$ 90 na Tenere 250, da Yamaha, e R$ 60 na Honda Lead 110.
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