MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

quinta-feira, 3 de abril de 2014

Juiz federal de MT abandona cargo após 19 anos: 'Não é fácil ser juiz'


Julier Sebastião da Silva deixou a magistratura nesta quarta-feira (2).
Ele disse ter intenção de concorrer a eleição neste ano.

Pollyana Araújo Do G1 MT
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Julier Sebastião da Silva pediu exoneração do cargo de juiz (Foto: Pollyana Araújo/ G1)Julier Sebastião da Silva deu entrevista nesta 5ª
para falar sobre decisão (Foto: Pollyana Araújo/ G1)
Depois de 19 anos na magistratura, o juiz federal da 1ª Vara Federal de Mato Grosso, Julier Sebastião da Silva, decidiu abandonar o cargo. Ele pediu exoneração e desde essa quarta-feira (2) não atua mais como juiz, função esta que ele disse ser muito difícil de ser exercida. "Deixo tudo, prestígio, motoristas e carros à disposição. Faço tudo isso sem nenhum pudor", declarou. A intenção dele é disputar um cargo público na eleição deste ano e alegou não saber o rumo que irá tomar caso não seja eleito, já que com o pedido de exoneração não poderá retornar ao cargo.
"Não é fácil ser juiz, porque muitas vezes o juiz é colocado em situações difíceis. Avalia, julga e depois sofre, como qualquer ser humano", afirmou. Ele avalia que a profissão de juiz se limita praticamente à análise do magistrado, enquanto no Executivo as decisões são executadas por várias pessoas. "Não julgo mais ninguém e agora quero ser julgado pela população", enfatizou Julier, nesta quinta-feira (3). Ele se filiou ao PMDB nesta terça-feira (2) e disse que pretende disputar vaga de governador do estado.
Ele contou que não teve o apoio da família quando decidiu deixar a função de juiz. "Minha filha não gostou", comentou. Mas, independentemente disso, o ex-magistrado disse que quis arriscar. Enquanto juiz, julgou ações contra esquemas de corrupção no estado e, quando perguntado se sentia algum tipo de constrangimento por ter se aliado a pessoas as quais havia julgado anteriormente, respondeu que não e que 'a democracia funciona assim'.
Um dos casos mais recentes em que ele atuou foi o do 'escândalo dos maquinários", como ficou conhecido o esquema que desviou R$ 44 milhões do governo do estado, na gestão do ex-governador Blairo Maggi (PR), por meio do programa 'MT 100% Integrado". No mês passado, ele condenou dois ex-secretários e Infraestrutura e de Administração do Estado a pagar multa de R$ 15 mil pelo desvio de dinheiro dos cofres públicos através da compra de 705 máquinas agrícolas para atender os municípios do interior do estado.
Natural de Chapada dos Guimarães, a 65 km da capital, ele disse ter vindo de uma família pobre e que só foi registrado no cartório da cidade quando já estava com dois anos por causa da dificuldade em sair da comunidade Rio da Casca, onde morava. Antes de passar no concurso de juiz federal, ele disse ter defendido os interesses dos trabalhadores sem-terra, quando trabalhava como advogado. "Sou a favor dos pobres e tenho lado", afirmou.
Questionado sobre o que faria de diferente caso fosse eleito governador, vaga a qual pretende pleitear, Julier destacou que investiria mais em educação e tentaria melhorar a distribuição de renda, avaliando que Mato Grosso é um estado rico, mas os seus municípios são pobres. "Oitenta e quatro por cento dos municípios do estado são pobres, sendo que temos uma atividade que praticamente sustenta a balança comercial brasileira", pontuou, se referindo ao setor do agronegócio, no qual o estado se destaca nacionalmente e internacionalmente.

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