Flávio Tavares/Hoje em Dia
Projeto Ler é Viajar nas Asas da Imaginação despertou o gosto pelos livros
De um lado, o bom e velho hábito da leitura, com direito a lambida nos dedos entre uma página e outra. Do outro, a tecnologia com “touches” cada vez mais rápidos e conteúdos atraentes e viciantes. Mas o debate entre progresso e tradição não precisa acabar em um ringue. Na educação, é possível conciliar as duas coisas e tirar proveito disso.
A escola deve se apropriar das tecnologias e da inserção dos alunos em
redes sociais para desenvolver o aprendizado, afirma José Wilson Costa,
professor de informática e do programa de pós-graduação em educação da
PUC Minas.
“Ferramentas modernas são aliadas do conhecimento se utilizadas para motivar os alunos e personalizar os conteúdos”, diz.
Novos Hábitos
Mas não é isso que se tem visto nas instituições de ensino. Na maioria
das vezes, tamanho fascínio pelas tecnologias interfere na educação. A
leitura e a escrita são algumas das práticas que têm ficado para trás,
constata Christine Fontelles, diretora de educação e cultura do
Ecofuturo. “O desafio é que o brasileiro nunca chegou a adquirir o
hábito de leitura. E, agora, precisamos plantar essa semente em um mundo
com tantos outros atrativos”, comenta.
Enquanto muita gente vê a tecnologia como um concorrente à educação,
ela defende que computadores, tablets e smartphones se transformem em
aliados. “Pode ser a tela de um celular ou a página de um livro. O
importante é promover o interesse pela leitura, uma atitude que deve
começar ainda na infância”.
Muita novidade
Utilizar um tablet para ler um livro ou baixar uma obra na internet
ainda é muita novidade para as irmãs Maria Júlia e Ana Beatriz de
Morais. Por outro lado, elas têm se saído bem ao conciliar o tempo gasto
com tecnologias e as horas dedicadas a outras atividades.
Com apenas 13 anos, Maria Júlia já leu títulos famosos, como Os
Miseráveis, do francês Victor Hugo. O hábito veio do avô, que trabalhava
em uma editora e levava livros para ela. Apesar do gosto pela leitura,
admite: é difícil resistir às redes sociais. Ela tem um perfil no
Facebook e entra várias vezes ao dia para ver as novidades postados
pelos amigos. “Na escola é proibido, e sou monitorada por minha mãe. Mas
faz parte. Se não fosse assim, talvez o ‘vício’ fosse muito maior”,
afirma.
A irmã caçula segue o exemplo. Leitora assídua, sobretudo de poemas,
ela tenta se policiar para não perder muito tempo na frente do
computador. “Ler é um costume que não quero perder. Mas se antes
demorava cinco dias para acabar um livro, hoje já demoro dez porque
divido o tempo com o computador”.
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