CORREIO DE NOTICIA
Para
o professor de oratória política, Alcides Schotten, campanha
presidencial no Brasil não terá comoções e será pautada por um discurso
frio sobre economia, projetos sociais e Copa do Mundo
O
discurso dos presidenciáveis ainda carece de uma linguagem mais
apropriada ao contexto do cidadão brasileiro. É o que afirma o
especialista em oratória, o professor Alcides Schotten, diretor
executivo da consultoria Methodus. Para Schotten, o grande discurso
político é quando o povo sente que usaria as mesmas palavras, os mesmos
argumentos e as mesmas indignações se estivesse fazendo uso da palavra. “Os candidatos Dilma Rousseff, Aécio Neves e Eduardo Campos carecem dessas virtudes”, diz.
Na visão de Schotten,
que também é filosofo e especialista em oratória política, Dilma é
muito tecnocrata, embora tenha abrangência nacional, enquanto Aécio
Neves, que traz boa herança política de seu avô Tancredo Neves, utiliza
de linguagem muito regionalizada.
- “Já
Eduardo Campos, também de família tradicional política do Nordeste,
precisa demonstrar em seus argumentos que está comprometido com todo o
País”, acrescenta.
Por conta
da falta de identidade do eleitor com o atual discurso político,
Schotten acredita que o público brasileiro terá dificuldades de se
envolver nas eleições, exceto os declaradamente partidários, devido a
pouca representatividade dos candidatos. “Nessa campanha presidencial,
não teremos uma comoção nacional, como vimos nos tempos de Lula, por
exemplo. O único tema com pouco mais de emoção será a Copa do Mundo”,
ressalta.
Segundo ele,
os argumentos estarão focados no realinhamento da economia; projetos
para a melhoria da gestão pública; políticas sociais emergentes e
segurança pública. “Os
candidatos estarão muito atentos para tocar em pontos que os
brasileiros identificam como prioritários, tais como segurança,
educação, habitação e transporte, porém demonstrarão carência de
projetos e argumentos para a solução”, completa Schotten.
Oratória dos candidatos:
Dilma Rosselff:
muito tecnocrata, carência da linguagem e metáforas do grande público;
sabe retrucar com bons contra-argumentos; precisa fazer melhor uso do
corpo e voz ao falar.
Aécio Neves:
fala muito rápido, no mesmo tom; falta fazer pausas para o público
poder refletir sobre o que diz; faz movimentos muito repetitivos com o
corpo; linguagem muito rebuscada e intelectualizada; o grande público
terá dificuldade de se identificar com sua fala; embora transmita
envolvimento com o que diz.
Eduardo Campos:
embora com ampla visão política, carece da linguagem simples do povo;
sabe argumentar, tem boa perspicácia; tem boa modulação da voz, porém
usa o corpo e gestos muito repetitivos.
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