Riqueza gastronômica é atração para nativos e turistas do mercado.
Vendedores dizem que tempero e simpatia são segredos do sucesso.
Açaí com peixe e farinha é o prato típico da feira do Ver-o-Peso (Foto: Fernando Araújo / O Liberal)
Os aposentados Raimundo Franco e Maria da Conceição Pinheiro moram na
cidade de Abaetetuba, que fica no nordeste do Pará, a 120km de Belém.
Apesar da distância, toda semana eles visitam a capital para cuidar da
saúde e, nestas viagens, sempre fazem uma parada no mercado do
Ver-o-Peso, a popular feira ao ar livre que completa, nesta quinta-feira
(27), 387 anos.
Os aposentados são fregueses antigos do
Ver-o-Peso (Foto: Luana Laboissiere/ G1)
"Nós somos fregueses antigos. A gente escolhe vir para cá para poder
ficar mais à vontade, comer com açaí, farinha. Sem falar que o preço é
sempre mais em conta que comer em um shopping ou no centro", explica
Maria que, junto com o marido, parou para almoçar na feira pagando
apenas R$ 20 em um generoso prato com carne assada de panela, arroz,
feijão, macarrão e salada - acompanhados, claro, de uma tigela com meio
litro de açaí.Ver-o-Peso (Foto: Luana Laboissiere/ G1)
Ao contrário da "versão para exportação" vendida no sul e sudeste do país, o açaí dos paraenses não é uma bebida energética: o vinho da fruta é vendido como refeição no Ver-o-peso, e servido com carnes ou - mais tradicionalmente - peixe frito. E a quantidade impressiona: segundo levantamento do Departamento Intersindical de Estudos Socioeconômicos (Dieese), o mercado comercializa aproximadamente 30 toneladas de açaí por ano, além de 12 toneladas de peixe por dia.
A curitibana Danielle aprovou a receita paraense
(Foto: Luana Laboissiere/ G1)
A turista curitibana Danielle Knevels visitou o mercado pela primeira
vez, e resolveu experimentar o jeitinho paraense. “Os peixes são
maravilhosos, de um sabor que não tem igual em qualquer outro lugar do
país”, conta a administradora, enquanto almoçava uma posta de dourada
frita. O açaí, servido apenas com a farinha d´água, também não intimidou
a turista.(Foto: Luana Laboissiere/ G1)
“O gosto é bem diferente do açaí que chega para a gente no sul, que geralmente é doce, com pedaços de frutas, mas essa versão regional também é gostosa. Vim conhecer a cidade com essa proposta, viver o que o pessoal local vive, compartilhar das experiências de quem mora aqui, e indiscutivelmente, isso passa pela comida”, revela.
Sabor local
O funcionário público José Maria Fonseca, de 57 anos, trabalha perto de diversos restaurantes do centro de Belém, mas se desloca diariamente até o mercado para almoçar pratos como peixe ou charque frito com açaí. “O bom de comer no Ver-o-Peso é essa variedade de alimentos que você encontra aqui, o ambiente é descontraído e o custo/benefício vale muito a pena”, finalizou.
Os boieiros e boieiras da feira, como são conhecidos os trabalhadores que comercializam alimentos no local, contam o segredo do negócio. “Nesse ramo não tem crise ou tempo ruim. Mesmo com problema de dinheiro, as pessoas têm necessidade de comer todo dia. E o tempero de cada um, somado com a alegria que a gente tem no nosso trabalho, a atenção que damos aos nossos clientes acabam fidelizando os fregueses”, explica Antônio Martins de Souza, 63 anos, 28 deles dedicados a vender peixe frito à clientela que circula todos os dias pelo Ver-o-Peso.
O mercado
Inaugurado no dia 27 de março de 1627, o Ver-o-Peso é um complexo com quase 30 mil metros quadrados de área, por onde circulam 50 mil pessoas por dia. De acordo com o Dieese, cerca de 5 mil feirantes trabalham no mercado, que é um dos principais cartões postais de Belém. O comércio de frutas, verduras, legumes em suas barracas injeta cerca de R$ 1,3 milhão por dia na economia de Belém.
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