Em artigo publicado hoje na Folha de São Paulo, Aécio Neves
(PSDB) acusa Dilma, Mantega e o PT de armarem conflitos inexistentes
para fugirem da responsabilidade sobre a crise econômica que começa a
assolar o país.
'Nervosinhos'
Ao antecipar o anúncio do cumprimento do superavit primário, na sexta-feira,
o ministro Guido Mantega agiu como aquele chefe que gosta de contar uma piada
para desanuviar um ambiente carregado. Todo mundo dá uma gargalhada forçada, por
obrigação, a reunião termina, as pessoas vão embora, mas os problemas continuam
sobre a mesa sem qualquer solução à vista.
Com base apenas em fatos recentes, preparei aqui uma lista resumida de cinco
motivos para que o ministro possa entender por que os brasileiros estão
"nervosinhos" com a situação da economia.
1) Fragilidade no superavit primário: o resultado foi atingido com ajuda de
receitas extras, como o bônus da privatização do campo de petróleo de Libra, que
não vão se repetir em 2014, tornando o equilíbrio fiscal ainda mais duro de ser
alcançado ao longo do ano.
2) Queda na balança comercial: divulgados na última semana, os números da
balança comercial brasileira tiveram o pior desempenho em 13 anos.
3) Desvalorização da Petrobras: para tristeza da memória de tantos
nacionalistas que se recordam da campanha "O petróleo é nosso", em 2013 a
estatal foi a empresa de capital aberto que mais perdeu valor de mercado em
termos nominais, segundo a consultoria financeira Economatica. Em apenas três
anos, o governo Dilma conseguiu a façanha de reduzi-la a menos da metade do seu
valor. Entre os motivos, está a gestão orientada para render dividendos
políticos ao Partido dos Trabalhadores.
4) Recorde na carga tributária: enganou-se quem acreditava que a situação dos
impostos no Brasil não podia mais piorar. A Receita Federal divulgou a carga
tributária de 2012, que bateu mais um recorde e chegou a 35,85% da renda
nacional.
5) PIB em baixa, inflação em alta: a bravata do "pibão" na casa dos 4%,
prometidos para 2013, deve acabar reduzida a um humilde "pibinho" abaixo de
2,5%. Além disso, o ano de 2013 ficará conhecido como aquele em que a inflação,
de péssima lembrança, voltou a assombrar as feiras e os supermercados.
Essa é a realidade que as autoridades se recusam a admitir publicamente.
Em junho, a presidente Dilma Rousseff acusou a oposição de agir como o Velho
do Restelo, personagem de Camões que representa o pessimismo. A economia,
entretanto, continuou à deriva. Agora, a presidente reclama de uma suposta
"guerra psicológica", "capaz de inibir investimentos e retardar iniciativas". Já
para o ministro Guido Mantega, são os "nervosinhos" que atrapalham o sucesso dos
planos formidáveis do governo.
As crianças costumam ter amigos imaginários. Os petistas cultivam os inimigos
imaginários. Assim, fica mais fácil livrar-se das responsabilidades para as
quais foram eleitos.
BLOG DO CORONEL
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