Tradição popular do banho de cheiro promete sorte no ano novo.
Mercado do Ver-o-peso é parada obrigatória para turistas em Belém.
Beth Cheirosinha (E) mostra a diversidade de cores
e aromas das ervas. (Foto: Thais Rezende / G1)
A diversidade dos cheiros e cores do Ver-o-Peso chamou atenção da jornalista Mônica Charoux, 36 anos, que veio de São Paulo
com o marido, Leandro Modé, e o enteado, João Pedro. Pela primeira vez
em Belém, o grupo decidiu visitar o mercado logo no segundo dia de
viagem para conhecer o banho de cheiro, uma tradicional infusão paraense
que, se jogada sobre o corpo no dia do ano novo, promete trazer sorte
pelos próximos 12 meses.e aromas das ervas. (Foto: Thais Rezende / G1)
Quem apresenta a tradição para os turistas é a vendedora de ervas Beth Cheirosinha, uma das mais conhecidas do Ver-o-Peso. Ela, que vende cada garrafa da infusão concentrada por R$ 20, explica que o banho cheiroso serve para atrair prosperidade, e traz ervas como "abre caminhos da felicidade", "dinheiro em penca" e "chama dinheiro". "Esse do dinheiro é cheiroso, e nunca é demais! Já tenho marido, agora é só tomar o banho para para ficar junto!”, brinca a turista.
Barracas
da feira ficam lotadas de produtos para o ano novo, como ervas, banhos,
defumações e incensos (Foto: Thais Rezende / G1)
Segundo as vendedoras, em 2013 a procura foi maior que no ano anterior.
De acordo com elas, isso se deve a eficácia do banho, que atrai cada
vez mais os supersticiosos. No mercado das ervas de Belém
há 33 anos, dona Coló garante aos clientes que o banho dá certo. “Tem
que tomar o banho concentrado. A pessoa toma o banho do descarrego, que
tira a inveja e quebra barreiras. No dia da virada, a pessoa toma o
banho de cheiro, que traz amor, sorte, felicidade, prosperidade, saúde e
união no lar”, explica.
Banho leva ervas com nomes curiosos, como
"dinheiro em penca", "ganha aqui, ganha acolá" e
"abre caminhos da felicidade"
(Foto: Thais Rezende / G1)
Frequentador assídua da barraca de dona Coló, o baiano Carlos
Cavalcante, 78 anos, não deixa de tomar o banho todo ano. Ele mora em
Belém há 35 anos e, embora já conhecesse a tradição em Salvador,
diz que se apegou ao costume na capital paraense.“Vim comprar o banho
de cheiro e incenso para mim e para a patroa. Graças a Deus sempre
trouxe sorte, paz, saúde e harmonia”, afirma Carlos."dinheiro em penca", "ganha aqui, ganha acolá" e
"abre caminhos da felicidade"
(Foto: Thais Rezende / G1)
O professor paraense Alfredo Gomes, 50 anos, foi ao mercado pela primeira vez. Este ano ele resolveu tomar o banho para ver se tem mais sorte: formado em direito há 3 anos, ele deseja sorte para passar na prova da OAB, já que sempre fracassa por uma questão. “Vou arriscar o banho, estou precisando!”, diz Alfredo.
Muita gente do Pará também procura o marcado. A bióloga Nelane Marques, 42 anos, levou o filho de 3 anos para comprar o banho. Ela, que é de Bragança, conta que trouxe a tradição da mãe e agora passa para o filho. “Pra mim sempre eu certo. Todo ano eu tomo o banho”, conta.
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