Pesquisadores descobriram propriedade neurogênica no camapu.
Pesquisa é do Grupo de Pesquisas Bioprospecção de Moléculas Ativas.
Grupo busca convencer a indústria farmacêutica da viabilidade da droga. (Foto: Alexandre Moraes/Divulgação UFPA)
O camapu, um fruto típico da Amazônia, induz a produção de neurônios. É
o que diz pesquisa do Grupo de Pesquisas Bioprospecção de Moléculas
Ativas da Flora Amazônica, da Universidade Federal do Pará (UFPA), que
descorbriu as propriedades neurogênicas. A planta que dá o fruto tem o
nome científico Physalis angulata.A pesquisa é completamente inédita e mostra que a substância pode ser utilizada para elevar capacidade de raciocício e memória, além de sinalizar possível reversão de morte neuronal, quadro comum em pacientes com depressão, por exemplo. “Isso é uma coisa fantástica! O mundo vem buscando drogas capazes de induzir o crescimento neuronal”, comemora o professor Milton Nascimento, integrante do Grupo de Pesquisa.
“Descobrimos que tanto o extrato aquoso da planta quanto a substância purificada apresentam atividade neurogênica, ou seja, eles estimulam o crescimento de neurônios”, explica o professor, que informa ainda que os os processos de obtenção da substância e farmacológicos já foram patenteados no mercado nacional e internacional.
O grupo tenta agora convencer a indústria farmacêutica da viabilidade de produção da droga, com apoio da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (PROPESP) e do governo do estado. OS pesquisadores Alberto Arruda, Mara Arruda, Consuelo Yumiko, Gilmara Tavares, Raquel Carvalho Montenegro e José Luiz do Nascimento, além dos alunos de Pós-Graduação Danila Alves e Marcos Vinícius Lebrego também fazem parte do grupo.
Descoberta
Por ter sido uma descoberta não esperada, o professor Milton Nascimento compara a descoberta das propriedades do camapu, obtidos pela professora Gilmara Bastos, à descoberta da penicilina por Alexander Fleming, médico escocês.
“Você faz um experimento olhando para um lado e, de repente, o experimento te revela outro, e foi o que aconteceu, especificamente, com o extrato dessa planta”, explica.
Com a eficácia e a eficiência da droga comprovadas, os pesquisadores aguardam a segunda fase da pesquisa que, segundo o professor Milton Nascimento, é a saída da área acadêmica para a da indústria.
No momento, os pesquisadores envolvidos estão trabalhando para oferecer mais subsídios que irão agregar valor à pesquisa. Depois de comprovados os efeitos da droga, foram levantados questionamentos relativos à capacidade produtiva da planta e a sua sazonalidade, assim como a necessidade da execução de testes clínicos.
Milton Nascimento afirma que o processo se torna ainda mais delicado por se tratar de um produto natural complexo, incapaz de ser sintetizado em laboratório, por exemplo. “Hoje, estamos fazendo o estudo de viabilidade, verificando a capacidade produtiva da planta e sua sazonalidade, com o intuito de saber quanto material orgânico pode ser gerado por hectare plantado”, exemplifica o professor.
De acordo com o pesquisador, para o estudo sazonal da Physalis angulata, é necessário avaliar o metabolismo da planta e identificar, por exemplo, se a substância isolada está presente em todo o seu ciclo vegetativo, em que momento do ciclo é atingido o auge da produção dessa substância e, assim, como observar se há diferença de comportamento nessa produção entre os períodos seco e chuvoso, típicos da região.
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