Maria Mattos começou a correr aos 57 anos para ganhar qualidade de vida e gostou do assunto, participando de doze edições da São Silvestre e quatro maratonas

Apesar de ter experiência de sobra, com um cômodo cheio de medalhas, resultado de mais de 350 corridas, Maria de Mello tem um arrependimento: começar somente aos 57 anos.
- Quando eu era mais jovem, não tinha tempo pra praticar exercícios porque trabalhava demais. Neste período, eu comecei a engordar. Quando cheguei aos 100 quilos, meu médico me deu um ultimato - ou eu emagrecia ou iria parar numa cadeira de rodas - lembrou a aposentada.
Antes de começar a correr, ela se preparou com muitas caminhadas, natação e outras atividades físicas, além de ter mudado os hábitos alimentares. Depois de perceber os benefícios para a saúde, dona Maria, como é conhecida pelos colegas de corrida, começou a "tomar gosto pela coisa".
O melhor presente que eu tive foi
perceber que estava ganhando saúde
Maria de Mello Mattos
Com o passar dos anos, as medalhas e os troféus começaram a ocupar o espaço da estante da sala, onde ela exibe com orgulho para os visitantes. Atualmente, as conquistas também ocupam espaços no guarda roupas e nos demais armários do pequeno apartamento onde mora sozinha, no bairro Água Verde.
- Não vem muita gente aqui, mas quando vem tem que ter tempo, eu já até perdi as contas de quantos títulos eu tenho aqui. Parei de contar no 800 - brincou.
Com a empolgação, a aposentada buscou ajuda profissional e partiu para desafios maiores: virou uma participante assídua da São Silvestre, além de ter incluído quatro maratonas no currículo. O primeiro trecho de 42.195 metros foi completado no dia 27 de julho de 1997.
- Depois de perceber que poderia fazer muito mais do que eu pensava, comecei a pegar dicas e a fazer treinos com um professor de Educação Física e fui me aprimorando. Fiz em cinco horas e 47 minutos e fiquei em segundo lugar na minha categoria. Não foi o meu primeiro troféu, mas eu me senti muito bem porque já estava conseguindo mais fôlego para correr e tinha melhorado muito - contou, lembrando que não pode participar mais das maratonas por causa de um problema no joelho, adotando os 21 quilômetros.
- Não tenho ambição de ganhar nada ao participar das corridas. Vou porque me faz bem e tenho orgulho de ter saúde pra isso. Acho que as medalhas e os troféus são méritos do meu esforço - ressaltou.

Atualmente em forma, com 61 quilos e com uma disposição de dar inveja a qualquer um, Maria comemora a qualidade de vida que conquistou ao longo do tempo
- Joguei tudo no asfalto, enruguei o chão. Hoje posso dizer que a minha saúde ficou lisinha, brincou.
O próximo objetivo é comemorar os 80 anos na São Silvestre de 2014. Com muita expectativa, a corredora exemplar preparou até um uniforme especial, com as iniciais do nome dela.

Caminhada x poesia
A rotina diária da dona Maria começa cedo, às 5h. Ela levanta, toma café e sai para uma caminhada de dois quilômetros seguida de oito quilômetros de corrida. Nas mãos, além da garrafa de água, ela leva um terço. Ao chegar em casa, ela toma um banho e coloca todas as inspirações no papel. O resultado? Poesias.
- Eu vou rezando e me inspirando nas coisas, nem vejo o tempo passar. Vou que é uma beleza. Mas não posso demorar muito para escrever porque esqueço muito fácil das coisas.
"Um som se ouvia no ar, eram os pássaros a cantar. Por entre os galhos das árvores, com o vento a balançar", diz uma das poesias. A aposentada comentou que até tem vontade de escrever um livro, mas que ainda não teve tempo de concretizar.

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