Menina de dois anos morreu na quarta-feira (4), em Laguna, Sul de SC.
Infectologista diz que 30% da população tem a bactéria, mas não a doença.
Para o profissional, um óbito causado pela doença causa comoção. Porém, pelo menos três em cada dez pessoas têm a bactéria, mas não desenvolvem a enfermidade. Isso inspira cuidados em todas as épocas do ano. "O risco é o contágio a outras pessoas que estão com a imunidade baixa ou respondem de forma diferente e podem ter ser prejudicadas", explicou Gaudenzi.
A criança morta estudava na creche municipal Professora Laureni Vieira de Souza, que em outubro ficou interditada por dois dias devido ao registro de um caso confirmado de meningite. De acordo com uma professora da creche, na ocasião, a menina de dois anos havia sido medicada, pois estudava na mesma sala de uma criança que teve a doença.
Segundo o infectologista, não há como ter certeza que a vítima contraiu a doença na creche, mas alerta que nestes locais, onde há o compartilhamento de objetos, o cuidado deve ser redobrado. "As crianças têm por natureza o hábito de levar brinquedos e outros objetos à boca. A bactéria fica na garganta, portanto o contágio se dá pela boca. Além da etiqueta da tosse, é necessária a higienização de todos os objetos e o cuidado para não compartilhar nada, talheres, copos e outras coisas pessoais, nem mesmo entre pais e filhos", explica.
Ainda conforme a Dive, houve uma redução gradativa no número de casos de meningite bacteriana nos últimos anos. Em 2000, foram contabilizados 200 casos. Já em 2011, houve 47, em 2012, foram 43 e neste ano, até outubro, 20 casos foram registrados. "A tendência é a redução e trabalhamos para isso. Há a vacina, mas o medicamento não serve para erradicar a doença. Mesmo que toda a população fosse imunizada, os 170 milhões de habitantes do país, quem tinha a bactéria não transmitiria mais. Porém, se um turista viesse ao Brasil com a bactéria, poderia transmitir e teríamos novamente a circulação dela", disse.
Ainda segundo ele, o desafio é a prevenção, já que a taxa de letalidade é alta. "A doença é grave, por isso precisamos trabalhar com todos os cuidados para que a bactéria não seja transmitida", afirmou.
Entenda o caso

Segundo Luiz Fernando Scheffer, secretário de educação de Laguna, em outubro a creche foi interditada por preocupação das pessoas devido ao caso confirmado de meningite em uma das alunas. "Estamos na Secretaria recebendo a Vigilância Epidemiológica de Laguna para fazer uma reunião", diz o secretário.
A creche tem dez salas de aulas, mas apenas o alunos de duas delas, onde houve registro de casos de meningite em outubro, receberam medicação. "Nós da creche, junto da diretora e ajuda dos pais, que fizemos a higienização. O material de limpeza foi comprado do nosso bolso. Nenhum funcionário, ou familiar de aluno e de funcionário recebeu medicação. Falando como mãe, estou desesperada, pois a gente não sabe o que fazer, onde deixar minha filha. A gente se sente um pouco culpada, pois recebemos ordens. Estamos totalmente desamparados", declara a professora da creche, que prefere não se identificar, com medo de represálias.
"O que foi solicitado, nós fornecemos. A vigilância esteve presente e deu orientação", afirma o secretário de Educação de Laguna. De acordo com o infectologista da Dive, Fábio Gaudenzi, desde outubro a Dive monitora a creche, após o primeiro caso de meningite confirmado no local. "Iniciamos uma série de orientações e recomendações, avaliando as inadequações. Entre crianças há um alto índice de contágio, por esse motivo é fundamental que as creches e escolas mantenham sempre a higiene e que nestes locais se evite o compartilhamento de copos, mamadeiras e outros utensílios", explica ele.
O corpo da menina foi enterrado na tarde desta quarta (4) em Laguna. Segundo a professora, o caixão da menina permaneceu fechado.
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