MEDIÇÃO DE TERRA

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domingo, 22 de setembro de 2013

Senado: Vaqueiros da BA acompanham votação sobre profissão

Andreia Santana  A TARDE

  • Geraldo Ataíde | Ag. A TARDE | Arquivo
    Profissão de vaqueiro remonta ao Brasil colônia
Um grupo de 40 vaqueiros, articulados pelo antropólogo Washington Queiroz, embarcará em um ônibus para Brasília, neste domingo, às 15h, para acompanhar, na próxima terça, dia 24, a votação no Senado sobre o reconhecimento e regulamentação da profissão de vaqueiro no Brasil.
Vindos de vários municípios da Bahia, os vaqueiros sairão do Centro Histórico de Salvador, ponto de encontro do grupo, vestidos a caráter, em ônibus fretado, e deverão desembarcar na capital federal na segunda-feira, dia 23.
Segundo o professor Washington Queiroz, autor da pesquisa Histórias de Vaqueiros - Vivências e Mitologia e de quatro livros sobre a história dos vaqueiros baianos, a regulamentação da profissão terá validade nacional, abrangendo desde o Nordeste, até aqueles que atuam na Ilha de Marajó, no Pantanal, nos Pampas Gaúchos e em qualquer outra região do país onde exista trabalho com gado.
Além da comitiva baiana, deverão acompanhar a votação grupos de Alagoas, Pernambuco e Piauí, totalizando cerca de 200 vaqueiros, todos encourados, ou seja, usando os trajes típicos do trabalho. "Trata-se do único traje de trabalho do Brasil colônia ainda em uso", revela Washinton Queiroz.
Trinta anos de luta
A espera pela regulamentação da profissão de vaqueiro no Brasil tem pelo menos 28 anos, embora a atividade exista desde a época colonial e seja fartamente descrita na literatura nacional. "Esta é uma luta por reconhecimento que vem desde 1985. São quase 30 anos de muito trabalho, tendo que romper com os preconceitos de uma Bahia que continua teimando em não reconhecer a cultura do seu sertão, não obstante deter a maior parte do território. O sertão da Bahia equivale a área geográfica dos sertões dos outros oito estados nordestinos juntos!", enfatiza o antropólogo.
Entre 2012 e 2013, Washington Queiroz realizou um trabalho de recenseamento e chegou ao número de 186 núcleos de vaqueiros em atividade na Bahia atualmente. De acordo com ele, são esses núcleos que organizam eventos como as vaquejadas no interior no Estado.
A primeira reunião dos vaqueiros da Bahia, que deveria ocorrer agora em outubro, foi remarcada para 2014 devido à política de contingenciamento de gastos do governo estadual. Ainda de acordo com o professor Washington Queiroz, que é membro do Conselho Nacional de Política Cultural do Ministério da Cultura (Minc) e do Conselho Estadual de Cultura, os vaqueiros do estado já conseguiram o reconhecimento como Patrimônio Imaterial da Bahia, em 2011, e agora buscam junto ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) a mesma titulação com validade nacional.
Washington Queiroz lembra que o primeiro vaqueiro citado pela História do Brasil é Pedro de Ambrosia, também o primeiro a receber de Thomé de Souza, governador geral que fundou Salvador, em 1549, pagamento por cuidar do gado trazido para a colônia.
A votação do reconhecimento e regulamentação da profissão de vaqueiro ocorrerá às 16h de terça, 24, em Brasília. A senadora baiana Lídice da Mata (PSB) foi quem buscou a aprovação do Requerimento de Urgência que permitiu a colocação do tema na pauta do Senado.

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