Renato Alban A TARDE
De acordo com pesquisa da empresa de recrutamento Robert Half com 764 profissionais, 45,6% deles nunca pediram um aumento salarial. "Dois fatores que fazem esse número ser tão elevado são: receio de ter a alcunha de empregado que só pensa em dinheiro e falta de transparência do chefe", diz Danylo Hayakawa, gerente da Divisão de Finanças e Contabilidade da Robert Half.
Além da preocupação com a imagem perante o patrão, as vendedoras Cristiane Souza, 37, e Quésia Lopes, 33, têm medo de perder o emprego por pedir um aumento. "Tem mil pessoas querendo entrar no meu lugar", diz Cristiane. As duas têm contratos temporários e não têm previsão de promoção.
Plano de carreira
A ausência de planos de carreira é o principal dificultador da conversa, segundo a gerente de transição de carreira da consultoria Thomas Case, Monah Saleh Andreatta. "As empresas não deixam claro a política de cargos e salários. Isso faz os profissionais se sentirem expostos. Também escuto que eles se sentem menos prestigiados em ter que falar do salário. Acham que (o reconhecimento) tem que vir da empresa".
Mas, se a empresa não tem a iniciativa, o profissional deve iniciar a negociação - como aconselha o personagem de Nanini logo no início da peça: "Tendo refletido judiciosamente, tendo tomado coragem, você decide procurar seu chefe imediato para pedir um aumento". Mas calma. Não precisa seguir o extenso manual apresentado nos 60 minutos de espetáculo. Mas vale prestar atenção a algumas orientações. "O primeiro passo é procurar quanto o mercado está pagando para profissionais em sua posição", diz Monah.
O profissional também deve analisar se a situação da empresa é favorável a aumentos e o próprio desempenho, levando em conta o cumprimento de metas. "O principal na hora de pedir o aumento é se basear em coisas objetivas", orienta Hayakawa, da Robert Half. Trazer questões pessoais, como dificuldades para pagar contas, está fora de cogitação. "As pessoas tentam sensibilizar (o chefe), mas não é o correto", afirma Monah.
Outro argumento tão comum quanto polêmico é a apresentação de uma proposta de outra empresa para tentar ganhar mais na atual. "Jamais você tem que colocar nesses modos, de leilão. Isso acaba com qualquer perspectiva do funcionário na empresa", opina Hayakawa. A gerente da Thomas Case não é tão radical. "É uma estratégia arriscada, mas é possível. Tive um cliente que só se sentiu seguro assim. E deu certo".
A vendedora Diana Santos, 27, escolheu um caminho ainda mais perigoso: blefou. "Disse que tinha uma proposta para dobrar meu salário e ele tentou me segurar oferecendo um aumento (mas não o valor pedido). Depois de dizer que tinha a proposta, não tinha como voltar atrás. Caí fora".
Sete dicas para negociar o salário
1 - Analise se a condição da empresa é favorável. Se ela é nova, anunciou demissões ou teve fraco resultado financeiro, é melhor esperar2 - Escolher o momento da conversa é importante. O período de orçamento ou de revisão de metas é o mais indicado
3 - Não apele para questões pessoais. Pesquise a média salarial para seu cargo, converse com colegas e consultores de carreira e leve as informações a seu chefe
4 - Se seu patrão propuser um aumento que considere irrisório, apresente uma contraproposta
5 - Não invente ofertas de emprego. Seja transparente na negociação
6 - Considere propostas que incluam pacotes de benefícios ou oportunidades de aprendizado
7 - Mesmo se não tiver o aumento, mantenha o bom relacionamento com seu chefe
*Fonte Robert Half
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