MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

domingo, 29 de setembro de 2013

Prédios com arquitetura alemã se destacam em Cruzeiro do Sul


Município teve influência direta de missionários alemães da Igreja Católica.
Catedral Nossa Senhora da Glória é um dos cartões postais da cidade.

Genival Moura Do G1 AC

Prédios com arquitetura alemã (Foto: Genival Moura/G1)Catedral tem um milhão de tijolos, madeira especial e teto de bronze trazido da Alemanha
(Foto: Genival Moura/G1)
A cidade de Cruzeiro do Sul (AC) comemora 109 anos de fundação neste sábado (28). O município se desenvolveu pela influência direta de missionários alemães da Igreja Católica. Os religiosos chegaram a partir de 1935 e superaram o isolamento da região do Alto Juruá, para construir dezenas de prédios com arquitetura alemã que integram a estrutura da igreja.
Com uma cidade pouco habitada na década de 30, os alemães tiveram espaço e oportunidade para erguer as construções da igreja em terrenos planos, mas além da visão religiosa tinham ideias turísticas para o futuro. Aproveitaram o relevo 'acidentado' de Cruzeiro do Sul para construir no alto dos morros.
Nem a urbanização da cidade, em mais de sete décadas, conseguiu tirar a visão das edificações dos padres, como é o caso do Instituto de Ensino Santa Teresinha e da Escola São José, anexa a um convento e a um prédio residencial para líderes religiosos.
Instituto Santa Terezinha, em Cruzeiro do Sul (Foto: Genival Moura/G1)Instituto Santa Terezinha, em Cruzeiro do Sul (Foto: Genival Moura/G1)
Se no alto, os edifícios alemães chamam a atenção, em uma parte mais baixa bem no centro da cidade, está a imponente Catedral Nossa Senhora da Glória. Segundo o coordenador de celebrações da Igreja, Alberto Rodrigues de Brito, que já tem 80 anos de idade e conhece toda a história da igreja, o monumento histórico tem em sua estrutura, um milhão de tijolos maciços, madeira especial como marfim e o teto de bronze trazido da Alemanha.
Anexa à catedral, está um centro de comunicação da Diocese de rádio e televisão, salas de encontros e uma galeria que abriga pastorais e pontos de comércio que ajudam a manter as obras sociais da igreja.
“Essa Catedral é algo espetacular, todos os prédios eram bem feitos. Os primeiros quatro bispos que dirigiram essa diocese eram alemães. Eles fizeram tanto, que eu já ficava imaginando a dificuldade que teria um bispo brasileiro, quando viesse assumir tudo isso sem a ajuda da Alemanha”, comenta o coordenador de celebrações.
O legado dos missionários alemães é visível por toda cidade. São escolas, capelas, seminários, abrigos, unidades de saúde, centros comunitários, prédios e conjuntos residenciais. As construções diferem das demais, pela estrutura física reforçada. Quase todas foram erguidas com tijolos maciços e possuem cobertura de telha apoiadas em madeiras de lei que podem durar séculos.
Irmã Auxiliadora, de Cruzeiro do Sul (Foto: Genival Moura/G1)Irmã Auxiliadora chegou ao convento com 16 anos
(Foto: Genival Moura/G1)
A irmã Auxiliadora de Souza, de 86 anos, passou a conviver com os missionários alemães em 1943. Órfã de pai e mãe, ela foi internada no convento aos 16 anos. Com a saúde debilitada e parte da visão  comprometida, a religiosa tem uma voz firme e conta com orgulho as conquistas da igreja e do grupo missionário do qual ela faz parte.
A beleza e a imponência das construções não são por acaso. A irmã descreve a estratégia usada pelos missionários para superar o isolamento da região do Alto Juruá e erguer edifícios dignos de grandes metrópoles.
“Eles trouxeram máquinas e aqui montaram uma olaria onde eram fabricados tijolos, telhas e pisos sofisticados. Fizeram também uma marcenaria onde era beneficiada a madeira e fabricados todos os móveis. Eram homens espertos, de bom tino, sempre arranjavam um jeito de fazer tudo. O segundo bispo que foi o D. José Hascher era resolvido, viajava para outros países de onde trazia recursos e entendia muito de construções. Vieram de lá também, irmãos formados que eram bons carpinteiros, pedreiros e eletricistas”, comenta.
Em poucos anos, junto com a evangelização, o grupo missionário qualificou mão de obra e gerou emprego, aquecendo a economia local. Os prédios deram outra cara à cidade e junto com eles, mais religiosidade, educação, saúde e obras sociais.
Atualmente, sem os missionários alemães e os recursos conseguidos por eles, a Diocese de Cruzeiro do Sul enfrenta dificuldade para manter tudo o que foi construído. Muitas escolas foram repassadas ao estado, assim como o Hospital Dermatológico para abrigar os hansenianos quando eram descriminados e separados do convívio familiar e social.
“Hoje temos dificuldades de manter tudo, sobrevivemos dos dízimos, de algumas doações e do dinheiro dos aluguéis. É um patrimônio muito grande para manter, por isso, muitas escolas já foram cedidas e funcionam em parceria com o governo”, revela Joaquim Sabino da Costa Neto, administrador da Diocese.

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