*Bruno Nespoli Damasceno
Em
1994, o Brasil vivia um pesadelo econômico. A inflação estava fora de
controle, corroendo o poder de compra dos brasileiros e trazendo uma
grande instabilidade para o país. Foi nesse cenário que o Plano Real
surgiu como um marco divisor de águas, transformando a economia
nacional.
O
Plano Real foi implementado durante o governo de Itamar Franco, com o
então Ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, liderando o
projeto. Antes da nova moeda, a inflação acumulada chegava a níveis
absurdos: 4.922% nos doze meses até junho de 1994 e incríveis 6.821% em
abril de 1990. Com a entrada em circulação do real em 1º de julho de
1994, o cenário começou a mudar drasticamente.
Para
termos uma ideia da diferença que o Plano Real fez, basta olhar para os
dias atuais. De acordo com o Boletim Focus do Banco Central (10 de
junho de 2024), a inflação esperada para este ano é de 3,90%. Esse
contraste evidencia a importância e o sucesso do plano na estabilização
da economia brasileira.
Ao
longo das últimas três décadas, o real se consolidou como um símbolo de
estabilidade e confiança. A moeda estabilizada trouxe inúmeros
benefícios, principalmente para os profissionais de finanças e
tesoureiros corporativos. Antes, a alta volatilidade da inflação tornava
o planejamento financeiro um desafio quase impossível, com orçamentos
imprecisos e uma gestão de caixa arriscada. Após o Plano Real, esses
profissionais puderam focar em estratégias de crescimento e eficiência,
fortalecendo empresas e impulsionando a economia nacional.
Embora
o Plano Real não esteja isento de críticas, ele se destaca como pilar
sólido para a estabilização monetária do Brasil, especialmente em
conjunto com o tripé macroeconômico. A tabela a seguir, que indica o
IPCA acumulado de 12 meses ao longo dos últimos 40 anos, ilustra bem
essa mudança:
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Fonte: IBGE e Banco Central do Brasil
*Expectativa Focus (10/06/2024)
Esses
números mostram uma inflação altíssima até o início dos anos 90,
seguida de uma queda significativa após 1994. A estabilidade alcançada
desde então não apenas prova a eficácia das medidas adotadas, mas também
o compromisso contínuo com políticas econômicas responsáveis.
Muitas
pessoas contribuíram para o sucesso do Plano Real. Técnicos do Banco
Central, do Ministério da Fazenda e da Casa da Moeda, entre outros,
foram essenciais para o desenvolvimento e implementação das políticas.
Empresários e a população em geral também desempenharam papéis
fundamentais ao apoiar essas mudanças.
Ainda
há muito a ser feito para o aprimoramento econômico do país,
especialmente em um ambiente global desafiador. No entanto, é vital
reconhecer o papel fundamental do Plano Real como a base sólida que nos
permite sonhar com um futuro mais próspero. Com determinação e inovação,
podemos construir sobre esse legado e alcançar novas conquistas para
todos os brasileiros.
Obrigado, Plano Real.
*Bruno Nespoli Damasceno é Líder da Comissão de Tesouraria e Risco do IBEF-SP (Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças).
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