Coluna de Flavio Quintela para a Gazeta do Povo, observando que nunca mais votará em Geraldo Alckmin (em quem este blogueiro jamais votou):
Chuchu no more
Eu
sempre votei em Geraldo Alckmin. Votei nele em todas as vezes que
disputou o governo de São Paulo; votei nele para presidente, em 2006, e
me revoltei com a postura do PSDB naquele pleito, abandonando seu
candidato e entregando a reeleição a Lula.
Eu
sempre gostei dos governos de Alckmin em São Paulo. Em minha opinião,
suas gestões o colocam entre os melhores políticos do Brasil, mesmo
considerando duas graves falhas – seu desempenho durante a crise hídrica
de 2015 e sua política de concessão rodoviária.
Por
tudo isso, jamais imaginei que falaria o que falarei agora: eu nunca
mais votarei em Geraldo Alckmin. Não sei se essa parceria com o sapo
barbudo vai se concretizar, mas o fato de ele sequer considerar a
possibilidade de ser vice de Lula é suficiente para eu tomar essa
decisão.
E
haja malabarismo mental para explicar essa aliança absurda aos outros
milhões de paulistas que votaram reiteradamente em Alckmin.
O picolé de chuchu derreteu.
Homem ou rato?
A
fala de Ratinho sobre a deputada federal Natália Bonavides, do PT do
Rio Grande do Norte, foi uma das coisas mais imbecis do ano. O
apresentador conseguiu superar todos os concorrentes já no fechamento de
2021, poucos dias antes do réveillon.
Não
fosse esse sujeito um ícone de certa parte da direita brasileira, eu
provavelmente não opinaria. Mas ele o é. Infelizmente. Porque, de
conservador e defensor da liberdade, Ratinho não tem nada.
O
vídeo viralizado é uma mistura de clichês do machismo dos anos 60 e
bobagens infantiloides, do tipo que nem aquele tio piadista sem graça se
animaria a repetir. Estamos terminando o ano de 2021 e ainda tem gente
que acha hilário dizer que mulher tem mais é que lavar louça e cueca do
marido.
A
turma afetada da esquerda vai dizer que o pior de tudo foi Ratinho
fazer apologia a assassinato, como se ele estivesse sendo literal em sua
brincadeira de mau gosto. Não. O pior não foi isso. Ninguém vai pegar
uma metralhadora e alvejar a deputada só porque um apresentador idiota
fez uma piada sem graça e cretina. O pior de tudo é ver o
conservadorismo arrastado para algo completamente estranho a sua
natureza. A fala de Ratinho é tão conservadora quanto a bancada do PSol
na Câmara. Mas é sobre o conservadorismo e a direita que recairá a
culpa.
Como diz o ditado: Ratinho, calado, é um poeta.
Eu, robô
Sergio Moro começou a dar entrevistas aqui e acolá. Volta e meia, lá está ele, como um autômato a encarar seu interlocutor.
Se
a terceira via depender das entrevistas de Sergio Moro para ganhar a
Presidência, é melhor nem começar. O ex-juiz tem a eloquência de uma
girafa e o carisma de uma pedra. E, como todos já sabem, uma voz que não
ajuda em nada.
Os
lavajatistas não se incomodarão com nada disso. Votarão
incondicionalmente em Moro. Mas eles não bastam para levá-lo ao segundo
turno. Nem mesmo para lhe dar uma votação de dois dígitos.
É mais uma candidatura que afunda antes mesmo de sair do estaleiro.
Banho de sangue
As primeiras pesquisas de intenção de voto para as midterms indicam um resultado devastador para os democratas.
Tradicionalmente,
a mesma pergunta é feita em pesquisas sucessivas nos 12 meses que
antecedem as eleições norte-americanas de meio de mandato: “Quem você
prefere no comando da próxima legislatura: republicanos ou democratas?”
E
aí vem a devastação. Pela primeira vez na história, os republicanos têm
10 pontos ou mais de diferença para os democratas, o chamado
double-digit advantage (“vantagem de dois dígitos”). Os resultados da
primeira medição, divulgados no último dia 10 pela CNBC, mostram 44%
para republicanos e 34% para democratas.
As
midterms são consideradas as eleições que medem o sucesso da primeira
metade do mandato presidencial. Sendo assim, não é estranho o resultado,
dada a imensa rejeição de Biden na atualidade. A popularidade do
democrata não para de cair, e a chegada da inflação aos lares americanos
deve enterrá-lo de vez.
Caso
se confirme o banho de sangue, Biden governará seus últimos dois anos
sem nenhum apoio no Legislativo. Alguns analistas políticos estimam que
os republicanos possam tomar mais de 100 assentos no Congresso, além de
retomar a maioria no Senado.
E
a surra não deve parar no âmbito federal. Há rumores de que a
coordenação nacional de campanha dos democratas já jogou a toalha na
Flórida, e que não pretende investir recursos na campanha contra Ron
DeSantis, o governador com maior popularidade do país. Com o Legislativo
estadual majoritariamente republicano e o governador a caminho de uma
reeleição fácil, a Flórida deve passar a ser considerada um estado
vermelho, e não mais um swing state, já na próxima eleição presidencial.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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