Como inimigo das esquerdas em sua época, é natural que a mesma tente caluniá-lo a todo custo e adulterar a sua história. Lucas Sampaio para o Instituto Liberal:
Nascido
em Chicago no ano de 1901, o produtor, cineasta, empresário e animador
Walt Disney foi sem dúvida um dos maiores nomes da indústria
cinematográfica mundial, criando em 1923 o maior conglomerado de mídia
do planeta, a Walt Disney Company.
Apesar
de todo o seu sucesso, Walt Disney também conquistou diversos haters e
detratores durante a sua vida e após o fim dela – e acabou conquistando
também algumas mentiras e difamações contra a sua pessoa, todas elas
motivadas por razões políticas.
Você
provavelmente já deve ter visto um militante de esquerda tentando
“cancelar” Walt Disney por conta de um suposto passado controverso.
Certamente já viu alguém compartilhando na internet artigos alegando que
Disney era nazista, racista e antissemita (e que seu corpo está
congelado embaixo dos parques Disney), ou até deve ter visto o episódio
de Family Guy (animação criada pelo democrata Seth MacFarlane) que chama Disney abertamente de nazista.
Pois
bem, e se eu te dizer que todas essas acusações são comprovadamente
falsas e que foram motivadas por razões políticas? Não só isso; e se eu
te disser que Disney foi uma pessoa extremamente inclusiva que combateu o
nazismo e pioneiro no combate ao racismo em Hollywood? Vamos aos fatos!
Walt Disney era racista?
Esse mito se popularizou nos últimos anos por conta das declarações da atriz feminista Meryl Streep, que o acusou abertamente de ser machista e racista
enquanto apresentava o National Board of Review Awards. Segundo ela
“Disney, que provavelmente trouxe alegria a bilhões de pessoas, era,
talvez, ou tinha algumas tendências racistas. Ele formou e apoiou um
grupo de lobby da indústria antissemita e ele era certamente, com base
nas políticas de sua empresa, um gênero intolerante.”
Muitos também alegam que certos filmes produzidos durante a época de Disney eram racistas ou possuíam estereótipos raciais.
No entanto, tudo isso não passa de uma grande mentira.
Walt Disney foi pioneiro na contratação de pessoas negras para um estúdio de animação,
em uma época anterior ao movimento pelos direitos civis igualitários e
em que os estúdios recusavam animadores afro-americanos. Em 1957, uma
década antes do movimento pelos direitos civis igualitários, Walt
contratou o lendário Floyd Norman, primeiro animador negro e primeiro
afro-americano a assumir um cargo de destaque e liderança em um estúdio
de animação norte-americano, sendo até hoje um símbolo de combate ao
racismo e à segregação racial nos Estados Unidos.
Floyd, que está vivo até hoje, se dedica a desmentir algumas das difamações propagadas atualmente contra Walt Disney, deixando claro que o mesmo jamais foi racista e que jamais houve qualquer tipo de discriminação enquanto trabalhou lá, e que Disney simplesmente não enxergava as pessoas pela cor, mas sim como indivíduos.
Floyd foi bem categórico ao afirmar para o historiador Jim Korkis: “Nem
uma única vez observei qualquer indício do comportamento racista de que
Walt Disney era frequentemente acusado após sua morte. Seu tratamento
com as pessoas – e com isso quero dizer todas as pessoas – só pode ser
chamado de exemplar.”
Muitos
também acusam Disney de racismo por conta de certas animações
publicadas naquele período, sendo a principal delas Song of the South (A
canção do Sul) de 1946. Eles alegam que a Canção do Sul retrata o
período da escravidão nos Estados Unidos e que os negros presentes
seriam na verdade escravos trabalhando para os seus mestres. No entanto,
a maioria dos críticos da obra muito provavelmente nunca a assistiram.
Song
of the South é na verdade uma obra de combate ao racismo. A história se
passa após o fim da escravidão no sul dos Estados Unidos, durante o
período conhecido como reconstrução. Os afro-americanos presentes na
obra são retratados como homens livres e o filme foi na época pioneiro
por ser o primeiro filme a mostrar negros e brancos como iguais,
apresentando pela primeira vez crianças brancas e negras brincando
juntas, tendo um claro enfoque na harmonia entre pessoas das mais
variadas etnias e combatendo a segregação e a discriminação. O filme
também se notabiliza por usar atores negros em um período onde o país
vivia o auge da segregação racial, em que os estúdios se recusavam a
contratar atores negros e optavam por colocar brancos fazendo o famoso
blackface para interpretar personagens afro-americanos.
Todos os atores negros que participaram do filme foram unânimes em dizer que a obra não era racista.
A
atriz Hattie McDaniel, primeira mulher negra a ganhar o Oscar e que
interpretou a Tia Tempy no filme, foi muito clara ao afirmar em um
artigo para a revista The Criterion: “Se
por um momento eu tivesse considerado qualquer parte da imagem
degradante ou prejudicial ao meu povo, não teria aparecido nela”.
Já o ator James Baskett, que interpretou o protagonista do filme, o Tio Remus, se notabilizou com o seu papel, se tornando o primeiro homem negro a vencer o Oscar. Na
época, Walt Disney escreveu pessoalmente ao presidente da Academia de
Artes e Ciências Cinematográficas para que Baskett fosse indicado ao
prêmio, pois a Academia até então se recusava a premiá-lo e teve que fazer por pressão de Walt Disney.

Baskett
infelizmente morreu poucos meses depois por conta de problemas
cardíacos e complicações de diabetes aos 44 anos, no dia 9 de setembro
de 1948.
Mesmo após o filme, Disney continuou em contato com Baskett,
comprando até mesmo um disco do cantor Bert Williams para ele em Nova
York, pois Disney sabia que Baskett era fã. Walt ajudou a família
Baskett em particular até os últimos dias da vida de James. A viúva de
James, Margaret,
chegou a escrever uma carta muito elogiosa para Walt Disney, alegando
que ele “tinha sido um amigo de verdade e de que nós certamente
estávamos precisando”.
Já o ator Horace Winfred Stewart, responsável por dublar o urso Brer Bear no filme, usou o dinheiro recebido com o filme para criar o Los Angeles Ebony Showcase Theatre, o primeiro teatro de propriedade de afro-americanos em Los Angeles, que se dedicou a empregar atores negros nos mais variados papéis.
Já a trilha sonora do filme foi feita pelo famoso Coral Hall Johnson,
o mais famoso coral afro-americano da época, comandado pelo
afro-americano Hall Johnson. Johnson jamais teria tolerado participar de
um filme que fosse racista, ainda mais por todo o seu trabalho de
combate ao racismo e à segregação racial naquela época. Seu coral também
esteve presente no filme Dumbo, outro filme que é alvo de inúmeros
detratores.
Para o já mencionado Floyd Norman, nem Dumbo e nem Song of the South
eram filmes racistas – pelo contrário: o segundo era claramente um
filme de combate ao racismo, enquanto o primeiro tinha no máximo cenas
humorísticas, mas em momento algum discriminatórias, tendo a presença
até mesmo do Coral Hall Johnson.
O historiador Jim Korkis tem um livro dedicado ao tema, chamado Who’s Afraid of the Song of the South? And Other Forbidden Disney Stories, onde ele explica porque não se tratava de um filme racista e o motivo das reações contra a obra.
De
fato, algumas obras da Disney são alvos de controvérsia, como o caso da
centaura negra no filme Fantasia (1940), que tinha como objetivo servir
às outras centauras, que eram brancas. Foi de fato uma representação
infeliz, mas vale ressaltar que esse tipo de estereótipo não era
considerado racista na época e não foi colocado lá com o intuito de
inferiorizar outra etnia. Justamente por conta da polêmica e pela
infelicidade que foi, o próprio Walt Disney pediu para que esta cena fosse corrigida ainda em 1963, com o intuito de se redimir pelo erro.
A Disney também foi pioneira em abolir o blackface e vilões negros exagerados ainda na década de 30, ao contrário de suas concorrentes, como a Warner, famosa por ter reproduzido estereótipos raciais até os anos 50.
Vale
ressaltar que a Disneyland sempre esteve aberta para pessoas de todas
as etnias, ao contrário de outros parques da época que simplesmente
proibiam pessoas negras de visitarem suas instalações. Além do fato de
que duas das principais atrações da Disneyland em sua origem eram
justamente os afro-americanos Trinidad Ruiz e Aylene Lewis. Trinidad chegou até mesmo a ser o personagem mais fotografado do parque durante um período e foi até capa do cartão de visita.

Como
podemos ver, Walt jamais foi racista; pelo contrário, foi um pioneiro
no combate ao racismo e `s segregação racial nos Estados Unidos, dando
cargos de liderança a pessoas negras em um período onde eram
discriminadas, fazendo com que o primeiro homem negro ganhasse o Oscar,
produzindo obras de combate à segregação e sendo apoiado e defendido por
todos os afro-americanos que ele empregou e/ou conviveram com ele.
Walt Disney era nazista e antissemita?
Essas
são as duas acusações mais sem fundamento já feitas, visto que Walt se
notabilizou por ser extremamente próximo da comunidade judaica e por ter
sido um ferrenho opositor do nazismo.
A filha de Disney, Diane Disney Miller, falou sobre isso ao ser entrevistada pelo historiador Jim Korkis:
“Eu sei que ele tinha grande respeito por todas as religiões. O Rabino
Edgar Magnin [rabino e líder espiritual da Congregação B’nai B’rith /
Templo do Wilshire Boulevard, e considerado o “Rabino das Estrelas”) se
refere a ele como “meu amigo Walt Disney” em seu livro intitulado 365 vitaminas para a mente.
“Papai
tinha tantos bons amigos judeus, desde a infância. Muitos dos mais
fortes apoiadores de sua carreira em Hollywood eram judeus, não eram?
Para concluir que meu pai não era culpado de qualquer tipo de
antissemitismo.”
A
Liga Antidifamação, criada em 1913, e que monitorava possíveis casos de
antissemitismo em Hollywood, jamais fez qualquer crítica ou objeção às
obras da Disney.
Neal Gabler, autor da biografia Walt Disney – O triunfo da imaginação americana, relatou
em sua obra que o chefe de merchandising da Disney naquela época, o
judeu Herman Kay Kamen, chegou até a brincar declarando que “A Disney
Company tem mais judeus que o livro de Levítico”.
O
famoso animador e roteirista da Disney Joe Grant, que era judeu, sempre
foi categórico em negar toda e qualquer acusação de antissemitismo
contra a pessoa de Walt Disney, que dizia: “No
que me diz respeito, não havia evidência de antissemitismo. Eu acho que
essa ideia deve ser colocada para descansar e ser enterrada
profundamente. Ele não era antissemita. Algumas das pessoas mais
influentes no estúdio eram judias. É muito barulho por nada. Nós nunca
tivemos qualquer problema com ele. Esse mito deve ser eliminado.”
Walt também era famoso pela caridade que praticava, doando regularmente para várias instituições de caridade judaicas, como o Yeshiva College e o lar judaico para idosos.
Já em 1955, Walt Disney foi premiado como o “Homem do ano” pela divisão de Beverly Hills da B’nai B’rith, a organização de serviço judaica mais antiga do mundo.
Ao
longo das décadas, Disney empregou os mais variados funcionários
judeus, dentre eles: Friz Freleng, Dick Huemer, George Kamen, Hal Horne,
Art Babbitt, David Hilberman, Harry Tytle, Marc Davis, Otto Englander,
Bernie Wolf, Jules Engel, Zack Schwartz, Irving Ludwig, Mel Shaw,
Maurice Rapf, Armand Bigle, Leo F. Samuels, Ed Solomon, Sid Miller,
Doreen Tracey, Sid Miller, Ed e Keenan Wynn, William Lava, Richard
Fleischer, David Swift, Marty Sklar etc.
A animação Family Guy fez muito barulho com suas constantes piadinhas alegando que Walt Disney teria sido nazista (1)(2)(3),
algo que é obviamente uma difamação barata (por sinal, adoraria ver o
democrata Seth MacFarlane continuar fazendo esse tipo de difamação agora
que a Disney comprou a Fox).
Essa
alegação não poderia ser menos verdadeira, Disney era um patriota
americano e combateu ferozmente o nazismo na segunda guerra mundial. No
ano de 1942 Disney lançou a famosa animação A face do Fuhrer,
que visava a satirizar e criticar o totalitarismo do regime nazista.
Protagonizado pelo Pato Donald, o curta visava mostrar como era a vida
na Alemanha Nazista, com o Donald trabalhando em uma fábrica de armas e
sendo forçado a trabalhar duramente após comer somente uma fatia de pão
por conta do racionamento de comida do regime nazista. No final o Donald
estava somente sonhando, mas acorda abraçando a estátua da liberdade e
agradecendo por ser americano.

Outra animação famosa daquela época foi o Educação para a morte, lançado em 1943 e que visava a mostrar como funcionava a doutrinação e a máquina de lavagem cerebral nazista nas crianças.
Na segunda guerra, Disney teve relações diretas com o governo americano e ajudou diretamente as forças armadas americanas.
Seus estúdios foram transformados em alojamentos e militares passaram a
residir ali pois requisitavam de Disney colaboração com as ações de
combate.
Meryl
Streep alega que “ele formou e apoiou um grupo de lobby da indústria
antissemita”, claramente se referindo à MPA, citada por muitos
militantes da esquerda contemporânea como uma instituição antissemita.
Mas o que era a MPA?
MPA
era a sigla para “Motion Picture Alliance for Preservation of American
Ideals”, formada em 1944 por patriotas e direitistas americanos, na qual
Walt foi o primeiro vice-presidente.
A
MPA era formada por Gary Cooper, Cecil B. DeMille, Irene Dunne, Victor
Fleming, Clark Gable, Hedda Hopper, Ginger Rogers, Barbara Stanwyck,
King Vidor, John Ford, John Wayne e um jovem chamado Ronald Reagan.

A
acusação de que a MPA era antissemita cai por terra facilmente a partir
do momento em que descobrimos que a liderança mais importante da
organização na época era o judeu Morrie Ryskind. Morrie era roteirista
de filmes clássicos e amigo pessoal de Walt Disney. Ryskind se pronunciou publicamente criticando as acusações de antissemitismo feitas à entidade.
Vale lembrar que, no ano de 1947, a filósofa liberal e judia Ayn Rand foi a responsável por escrever um panfleto para a instituição.
O verdadeiro Walt Disney
Como
podemos ver, Walt nunca foi racista, nazista ou antissemita, pelo
contrário; foi pioneiro no combate à segregação racial, era um grande
amigo da comunidade judaica e combateu ferozmente o nazismo, ajudando o
próprio exército americano. No entanto, ao longo de sua vida, Disney foi
colecionando inimigos.
Disney era notavelmente um homem de direita e radicalmente anticomunista. Isso se deve a uma greve promovida por grupos comunistas e sindicalistas no ano de 1941,
que fez com que funcionários do estúdio protestassem contra Disney. O
sindicato de cartunistas da época tentou pressionar a Disney de todas as
formas para que a empresa fosse sindicalizada, Walt Disney recusou e o
sindicato conseguiu converter um dos principais funcionários de Disney, o
animador Art Babbitt, que por sua vez conseguiu converter outros
funcionários e se tornou líder sindical. Disney imediatamente demitiu
Babbit e outros 16 funcionários e optou por bater de frente com o
sindicato, o que resultou em mais de 200 funcionários fazendo greve
contra a empresa.
A
partir desse episódio, Disney se tornou um anticomunista fervoroso,
ajudando a criar a MPA e lutando contra a influência comunista nos
estúdios de Hollywood. Como empreendedor, Disney sempre teve uma veia
liberal (no real sentido e não no americano), defendendo a liberdade de empreender,
e jamais baixou a cabeça para o autoritarismo comunista crescente em
sua época. Certamente ele jamais estaria alinhado com a esquerda
contemporânea caso vivesse nos dias de hoje.
Como
inimigo das esquerdas em sua época, é natural que a mesma tente
caluniá-lo a todo custo e adulterar a sua história. Mas está mais do que
registrado na história quem foi o verdadeiro Walt Disney, o Walt Disney
empreendedor, anticomunista, defensor da liberdade, defensor das
minorias e inimigo do nazismo e da segregação racial, um pioneiro na
defesa da inclusão nos estúdios de Hollywood em tempos de Estados Unidos
extremamente segregados, eis o verdadeiro legado de Walt Disney.
“Uma vez que o homem experimentou a liberdade, ele nunca mais se contentará em ser escravo.”
Walt Disney
BLOG ORLANDO TAMBOSI

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