Horror: no caso dos homens, o cirurgião realiza a extração dos testículos e do pênis. No caso das mulheres, além do fechamento da genitália externa, o procedimento deve ser precedido pela retirada do útero. Gabriel de Arruda Castro para a Gazeta do Povo:
A
comunidade científica ainda está longe de alcançar um consenso a
respeito das chamadas cirurgias de transição de gênero, em que a
genitália de uma pessoa é modificada nos moldes do sexo oposto. Mas
alguns médicos americanos já exploram uma outra barreira: as chamadas
cirurgias de anulação sexual. Grosso modo, esse tipo de intervenção
simplesmente anula as partes sexuais de pacientes que se identificam
como "não binários".
A
cirurgia de anulação de gênero pode ser realizada tanto em pessoas do
sexo masculino quanto do feminino. No caso dos homens, o cirurgião
realiza a extração dos testículos e do pênis. No caso das mulheres, além
do fechamento da genitália externa, o procedimento deve ser precedido
pela retirada do útero.
Uma
clínica de São Francisco, na Califórnia, propagandeia o serviço em sua
página na internet. O procedimento é justificado nos seguintes termos:
“Apesar de muitos pacientes estarem interessados em fazer a transição
para a identidade masculina ou feminina, há muitos indivíduos que sentem
que sua identidade de gênero não se conforma em uma direção ou na
outra”.
A
página também explica que, para realizar a cirurgia, o paciente precisa
ter pelo menos 18 anos (o que, na Califórnia, não permite nem mesmo o
consumo de bebidas alcoólicas) e cartas de dois profissionais de saúde
mental.
Outra
clínica, com sede também na Califórnia e filial em São Francisco,
promete a “remoção de toda a genitália exterior para criar uma transição
suave do abdômen até a virilha”. Apesar de os programas de saúde
estatais (Medicare e Medicaid) não pagarem pelo procedimento de
anulação, a página da clínica lista seis companhias de seguro que
incluem o serviço em suas coberturas.
As
clínicas que oferecem o serviço geralmente apresentam uma sessão de
perguntas e respostas e uma galeria de fotos ilustrando o procedimento,
mas não incluem qualquer tipo de alerta para as possíveis consequências
negativas da cirurgia.
No
Brasil, a prática não é regulamentada, e não há notícia de
profissionais que realizem esse tipo de cirurgia. “Isso é uma evolução
da cirurgia de redesignação de gênero. Ela é um derivado. É uma coisa
totalmente bizarra”, diz a psiquiatra Akemi Shiba, que estuda o assunto.
Segundo ela, embora esse tipo de cirurgia não seja realizada no Brasil,
há profissionais dentro do Conselho Federal de Medicina (CFM)
pressionando por uma liberalização nas normas para transição de gênero.
Em janeiro do ano passado, uma resolução do CFM reduziu de 21 para 18
anos a idade mínima para que pacientes do sexo masculino sejam
submetidos a esse tipo de intervenção.
Pesquisadores
críticos à profusão de cirurgias de redesignação sexual afirmam que, em
alguns casos, os pacientes se arrependem de terem realizado o
procedimento. O caso dos que procuram a castração cirúrgica também é
comparado ao “Transtorno de Integridade de Identidade Corporal” – uma
desordem mental em que o paciente tem o desejo de amputar algum de seus
membros. A literatura médica também registra o fenômeno com o nome de
“xenomelia”. Nesses casos, os manuais de medicina recomendam tratamento
psiquiátrico.
Um
médico - que prefere não ter o nome divulgado por receio de sofrer
retaliações - afirma que a cirurgia de anulação de gênero não deveria
ser autorizada. "Não existem estudos sobre esse tipo de cirurgia.
Cirurgias mutilatórias são experimentais e antiéticas, assim como a
hormonização de crianças 'trans'", afirma. Ele diz ainda que as pessoas
que expressam desejo de se submeter à cirurgia de anulação de gênero
precisam de auxílio psiquiátrico. "Não existem seres humanos assexuados.
Nosso cariótipo é XX ou XY - as exceções são síndromes nos cromossomos
sexuais", diz ele.
“A
anulação é um eufemismo para a castração cirúrgica de pessoas
saudáveis”, diz Eugênia Rodrigues, criadora da campanha No Corpo Certo –
que alerta para os riscos da transição de gênero. “A prática de tornar
um homem eunuco é muito antiga na humanidade. Mas julgávamos que isso
não aconteceria mais. Isso era visto como algo negativo, que não deveria
ser feito a um ser humano”, diz Eugênia.
Aumento repentino preocupa
Recentemente,
pesquisadores têm observado um aumento repentino no número de
adolescentes e jovens interessados em cirurgias ou tratamentos hormonais
para a redesignação sexual. De acordo com o best-seller "Irreversible
Damage", da jornalista americana Abigail Shrier, o número de casos de
disforia de gênero (quando a pessoa se identifica com o gênero oposto ao
de nascimento) em adolescentes aumentou 1.000% nos Estados Unidos e
4.000% na Inglaterra em poucos anos. O grupo mais afetado foi o das
garotas.
Uma
das hipóteses é que boa parte desses jovens tenha passado pelo fenômeno
que alguns estudiosos chamam de "disforia de gênero de desenvolvimento
rápido", que pode ter relação com a pressão de grupo e outras
influências sociais.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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