Suzanne Moore, colunista do esquerdista The Guardian. |
Pronto, a generalização está em curso. As feminazis atacam indiscriminadamente os homens, todos predadores. João Pereira Coutinho resume bem: "com
os abusos de Harvey Weinstein, começou a caça aos homens. Ironicamente,
é exatamente isso que os criminosos desejam: a dispersão da culpa para
que eles, os verdadeiros culpados, não assumam nenhuma":
O
assédio sexual está em todo lado. Comecei a reparar no fenômeno depois
das acusações contra Harvey Weinstein, o produtor de cinema que terá
abusado ou coagido mais de 50 mulheres, sobretudo atrizes.
Depois
do escândalo Weinstein, que ainda está longe de terminado, li algures
que o roteirista e diretor James Toback é agora acusado por mais de
duzentas. Não é erro. São duzentas mesmo.
E até
George H. W. Bush, na sua cadeira de rodas, foi acusado por uma atriz de
34 anos de "assalto sexual": Bush (pai), em 2014, tocou na retaguarda
da sra. Heather Lind quando tiravam uma foto. Ao lado de Bush, então com
90 anos, também estava a sua mulher, Barbara, que testemunhou o abuso. O
ex-presidente já pediu desculpas pelo sucedido.
Ponto
prévio: o assédio sexual sempre me repugnou. Razões literárias e
políticas. Começo pelas últimas: a minha costela liberal nunca tolerou
abusos de poder —públicos ou púbicos. Um homem de poder, ou uma mulher
de poder, que exerce violência ou chantagem sexual sobre subordinados é
um pequeno tiranete que merece repúdio, denúncia e punição.
Sem
falar das razões literárias: conseguir favores sexuais de alguém através
do medo e da impunidade é uma falha grave de imaginação. Um homem, ou
uma mulher, que satisfaz os seus caprichos através da coação de
dependentes é a imagem mais perfeita do fracasso.
O
problema é que os incontáveis casos de assédio começam a virar o bote
para águas torpes. No fundo, para a ideia repulsiva de que todos os
homens, e em especial todos os homens de poder, são predadores em
potencial.
No "The
Guardian", a colunista Suzanne Moore resume essa fatal tentação. Sim,
Moore começa por escrever que não é possível "generalizar". Mas essa
nobre proclamação de princípios só serve para "generalizar".
Para
ela, existem duas explicações possíveis para a cultura de assédio.
Primeira: os homens são naturalmente agressivos (por causa da
testosterona). Segunda: há uma estrutura de poder —o "patriarcado"— que
determina a predação dos machos.
Com
grande relutância —"eu sou uma otimista", diz ela— a colunista escolhe a
segunda hipótese. Um mundo dominado por machos —na política, na
economia, na cultura, no lar— é um mundo dominado por potenciais
violadores.
O
raciocínio é exemplar porque reproduz, inconscientemente (eu também sou
um otimista), a cabeça de um "predador". Qualquer mulher sexualmente
disponível (ou até indisponível) é um alvo legítimo para ele?
Para
Suzanne Moore, pelo contrário, basta ser um macho para que os caninos
comecem a salivar na presença de uma fêmea. A "generalização" é tão
absurda e ofensiva como afirmar que uma mulher de minissaia é,
inevitavelmente, uma vadia. Mas o feminismo radical sempre foi uma forma
de puritanismo.
Com os
abusos de Harvey Weinstein, começou a caça aos homens. Ironicamente, é
exatamente isso que os criminosos desejam: a dispersão da culpa para que
eles, os verdadeiros culpados, não assumam nenhuma.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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