quinta-feira, 2 de novembro de 2017

Todos os homens serão castigados


Suzanne Moore, colunista do esquerdista The Guardian.
Pronto, a generalização está em curso. As feminazis atacam indiscriminadamente os homens, todos predadores. João Pereira Coutinho resume bem: "com os abusos de Harvey Weinstein, começou a caça aos homens. Ironicamente, é exatamente isso que os criminosos desejam: a dispersão da culpa para que eles, os verdadeiros culpados, não assumam nenhuma":


O assédio sexual está em todo lado. Comecei a reparar no fenômeno depois das acusações contra Harvey Weinstein, o produtor de cinema que terá abusado ou coagido mais de 50 mulheres, sobretudo atrizes.

Depois do escândalo Weinstein, que ainda está longe de terminado, li algures que o roteirista e diretor James Toback é agora acusado por mais de duzentas. Não é erro. São duzentas mesmo.

E até George H. W. Bush, na sua cadeira de rodas, foi acusado por uma atriz de 34 anos de "assalto sexual": Bush (pai), em 2014, tocou na retaguarda da sra. Heather Lind quando tiravam uma foto. Ao lado de Bush, então com 90 anos, também estava a sua mulher, Barbara, que testemunhou o abuso. O ex-presidente já pediu desculpas pelo sucedido.

Ponto prévio: o assédio sexual sempre me repugnou. Razões literárias e políticas. Começo pelas últimas: a minha costela liberal nunca tolerou abusos de poder —públicos ou púbicos. Um homem de poder, ou uma mulher de poder, que exerce violência ou chantagem sexual sobre subordinados é um pequeno tiranete que merece repúdio, denúncia e punição.

Sem falar das razões literárias: conseguir favores sexuais de alguém através do medo e da impunidade é uma falha grave de imaginação. Um homem, ou uma mulher, que satisfaz os seus caprichos através da coação de dependentes é a imagem mais perfeita do fracasso.

O problema é que os incontáveis casos de assédio começam a virar o bote para águas torpes. No fundo, para a ideia repulsiva de que todos os homens, e em especial todos os homens de poder, são predadores em potencial.

No "The Guardian", a colunista Suzanne Moore resume essa fatal tentação. Sim, Moore começa por escrever que não é possível "generalizar". Mas essa nobre proclamação de princípios só serve para "generalizar".

Para ela, existem duas explicações possíveis para a cultura de assédio. Primeira: os homens são naturalmente agressivos (por causa da testosterona). Segunda: há uma estrutura de poder —o "patriarcado"— que determina a predação dos machos.

Com grande relutância —"eu sou uma otimista", diz ela— a colunista escolhe a segunda hipótese. Um mundo dominado por machos —na política, na economia, na cultura, no lar— é um mundo dominado por potenciais violadores.

O raciocínio é exemplar porque reproduz, inconscientemente (eu também sou um otimista), a cabeça de um "predador". Qualquer mulher sexualmente disponível (ou até indisponível) é um alvo legítimo para ele?

Para Suzanne Moore, pelo contrário, basta ser um macho para que os caninos comecem a salivar na presença de uma fêmea. A "generalização" é tão absurda e ofensiva como afirmar que uma mulher de minissaia é, inevitavelmente, uma vadia. Mas o feminismo radical sempre foi uma forma de puritanismo.

Com os abusos de Harvey Weinstein, começou a caça aos homens. Ironicamente, é exatamente isso que os criminosos desejam: a dispersão da culpa para que eles, os verdadeiros culpados, não assumam nenhuma.
BLOG ORLANDO TAMBOSI

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