João criticou o modelo arcaico e ultrapassado de aplicação do militarismo dentro da corporação e, mesmo tendo expressado sua opinião pessoal em uma rede social que em nada tem ligação com a Polícia Militar, teve sua conduta configurada pela PM como transgressão disciplinar gravíssima, sendo punido com 15 dias de prisão.
Soldado há 8 anos, João Maria Figueiredo da Silva foi punido por “publicar em rede social” palavras “que desrespeitam e ofendem a instituição e seus integrantes, além de promover o descrédito do bom andamento do serviço ostensivo da Polícia Militar”, segundo decisão publicada em Boletim Geral da PM potiguar na última quarta-feira.
Na postagem do
Facebook, Figueiredo escreveu: “Esse estado policialesco não serve nem
ao povo e muito menos aos policiais que também compõe uma parcela
significativa de vítimas do atual contrato social brasileiro. Temos uma
polícia que se assemelha a jagunços, reflexo de uma sociedade hipócrita,
imbecil e desonesta.”
“Repito: o
modelo de polícia ostensiva baseado nos moldes militares é uma aberração
para o estado democrático e de direito, a começar pelo exercício da
cidadania nesse ambiente onde a importância do subordinado se resume
apenas a um elemento de execução”, prosseguiu o soldado.
À
BBC Brasil, o policial, estudante de Direito e conhecido por defender
publicamente a desmilitarização da polícia, classificou a pena como
“injusta” e “censora”. A corporação, entretanto, argumenta que a decisão
é legítima e respeitou o amplo direito de defesa.
“Eu
estava fazendo um comentário em uma discussão acadêmica”, disse
Figueiredo. “Meu comentário trazia a visão de alguém de dentro da
corporação. O discurso do ‘bandido bom é bandido morto’ tem aflorado
cada vez mais dentro das corporações e quem pensa diferente, como eu,
acaba sendo um ponto fora da curva e sofrendo sanções.”
As
instituições militares são as únicas com respaldo constitucional para
prender seus integrantes por meras condutas, que considerem faltas
administrativas.
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