MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

sábado, 2 de julho de 2016

Rio 2016 cria plataforma para 'ajudar' na hospedagem de voluntários


Site já disponibilizou mais de duas mil vagas para hospedar voluntários.
Cerca de 60% dos 50 mil voluntários são de fora do Rio.

Matheus RodriguesDo G1 Rio
Plataforma foi criada para amenizar dificuldade em encontrar hospedagem para Rio 2016 (Foto: Reprodução / Internet)Plataforma foi criada para amenizar dificuldade em encontrar hospedagem para Rio 2016 (Foto: Reprodução / Internet)
A organização da Rio 2016 selecionou cerca de 50 mil voluntários para trabalharem durante os Jogos Olímpicos e Paralímpicos. Mais da metade desse grupo é composta por pessoas que não moram na cidade e terão que buscar alternativas de hospedagem. Um dos principais obstáculos para os turistas que vão atuar na Olimpíada é um antigo problema dos cariocas: o alto preço dos hotéis e aluguéis de temporada.

Com o objetivo de amenizar essa situação, a Rio 2016 criou a plataforma online “Meu Lugar no Rio”. O site reúne cadastros de dois tipos de pessoas: os anfitriões, moradores da cidade que querem abrir suas acomodações para receber os participantes; e os voluntários que precisam de um lugar para ficar.
 
Os usuários da ferramenta disponibilizam seus perfis e combinam entre si a hospedagem, levando em conta a distância da moradia até o trabalho, custos e outras necessidades. Os valores são negociados entre as partes, mas em muitos casos o abrigo pode sair de graça. O site, que está disponível em três línguas, já disponibilizou mais de duas mil vagas para hospedar voluntários.

O G1 conversou com a voluntária Rosemary Marinho, de 56 anos, que irá trabalhar no Centro de Uniformes e Credenciamento durante o evento. A moradora de São Luís, no Maranhão, não teve dificuldades para encontrar moradia no Rio — já que vai ficar na casa da irmã no Engenho Novo, Zona Norte do Rio — e resolveu abrir uma vaga para mais uma pessoa. Após analisar os perfis no “Meu Lugar no Rio”, ela resolveu acolher a jovem boliviana Melissa Saavedra, de 20 anos, sem cobrar nada.
Rosemary Marinho durante treinamento para a Olimpíada (Foto: Arquivo Pessoal)Rosemary Marinho durante treinamento para a
Olimpíada (Foto: Arquivo Pessoal)
“Eu recebi um e-mail falando do programa ‘Meu Lugar no Rio’ e a minha família sempre gostou de receber as pessoas. Em São Luís, a gente sempre recebe amigos de todo o Brasil e até de fora. Eu olhei o perfil dos candidatos e vi que ela vai trabalhar próximo do Engenho Novo, que é onde fica a casa da minha irmã. Então eu achei que seria uma boa ideia”, disse.
Uma das preocupações dos familiares de Melissa são os constantes episódios de violência que acontecem no Rio. Para tentar tranquilizar a família boliviana, Rosemary disse que está mantendo contato e que pretende fazer o melhor possível para a estadia da jovem que irá trabalhar como tradutora no Maracanã.
“Ela me disse que mãe dela estava preocupada pela propaganda negativa que fazem do Rio por causa da violência. Eu me coloquei a disposição da mãe dela, mandei meu Facebook e disse que estaria aqui tomando conta dela. Falei para a mãe dela que podia ficar despreocupada e ela estaria sob meus cuidados. Eu acho importante que os voluntários estrangeiros sejam bem recebidos. Eu quero que ela saia daqui com imagem boa. Nós precisamos disso, a imagem do Brasil está muito feia lá fora. A gente tem que mostrar que os problemas existem, mas que somos acolhedores, cuidamos um do outro e somos do bem”, afirmou.
Melissa Saavedra mora na Bolívia e será tradutora durante Rio 2016 (Foto: Reprodução / Internet)Melissa Saavedra mora na Bolívia e será tradutora durante Rio 2016 (Foto: Reprodução / Internet)
A boliviana Melissa Saavedra, de 20 anos, contou ao G1 que está empolgada para participar dos jogos olímpicos. Porém sua preocupação maior sempre foram os episódios de violência no Rio. Apesar da sensação de medo, a voluntária afirmou que irá enfrentar os preconceitos e espera aproveitar da melhor maneira possível a experiência.

"No início, devo admitir que sim [ficou preocupada com a violência]. Tinha um pouco de medo já que lamentavelmente o Rio é conhecida por sua insegurança. Mas não me deixei levar pelos preconceitos e comecei a pesquisar um pouco mais e vejo que o Rio está fazendo todo o possível para que a cidade fique segura para todas as pessoas que visitem a cidade durante os jogos. Bom, espero poder deixar uma boa imagem ou uma boa lembrança às pessoas que eu cruze os caminhos. Quero poder fazer amigos de outros países e compartilhar também um pouco da cultura Sulamericana com o resto do mundo", disse.

A jovem disse ainda que se não tivesse conseguido o auxílio de Rosemary teria dificuldades para passar os dias no Rio. Segundo ela, os serviços disponibilizados pelos hotéis não justificam seus preços.

"A maioria dos hotéis e albergues estão com os preços excessivamente caros. Em alguns casos, os serviços que estão disponíveis não justificam o preço que exigem. Sem a ajuda de Rosemary acho que estaria pagando um preço exorbitante para um hotel. Porque além de procurar um alojamento, terei despesas nos boletos de avião, transporte dentro do Rio, alimentação e outras atividades que gostaria de fazer na cidade durante minhas horas livres. Por isso, Rosemary é de muita ajuda e estou agradecida pelo que ela e sua família estão fazendo por mim", afirmou.
Inspiração na JMJ
A ideia de criar o site com opções mais acessíveis de hospedagem para os voluntários surgiu após a realização da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) em 2013. Em entrevista ao G1, gerente geral do programa de voluntários da Rio 2016, Flávia Fontes, afirmou que a ideia é proporcionar uma troca de cultura entre os envolvidos no projeto.
“A gente criou a plataforma porque percebemos a presença de um grande número de voluntários de fora do Rio. Com isso, a gente começou a discutir como ajudar as pessoas a acharem acomodações mais acessíveis. Isso deu muito certo na JMJ, então tentamos aprimorar essa ideia. Nós queremos proporcionar essa troca de cultura e amizade, resolvemos usar o legado desse evento. Na JMJ, a igreja fazia a intermediação entre os visitantes e os cariocas, dessa vez o site serviu para fazer esse trabalho. É uma plataforma colaborativa, o voluntaria se inscreve, responde algumas perguntas e o anfitrião coloca o perfil da casa dele”, explicou.

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