MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

domingo, 31 de julho de 2016

Lula vai aproveitar os Jogos Olimpícos para pedir (e obter) asilo político


Charge do Paixão, reprodução da Gazeta do Povo
Pedro do Coutto
No momento em que Lula recorreu a ONU contra a Justiça brasileira, alegando parcialidade nos processos a que responde, deixou evidente, como escrevi ontem neste site, sua intenção de pedir e obter asilo político em um dos países que previamente estão dispostos a concedê-lo. Reforçando a impressão, verifica-se que a grande oportunidade para o lance de dados que pretende jogar encontra-se no período em que se realiza a Olimpíada do Rio de Janeiro. Claro. A repercussão será maior do que ocorreria normalmente, já que em agosto encontram-se no Brasil jornalistas e profissionais de comunicação do mundo inteiro. Com o gesto, Lula concentraria o máximo de atenções e acrescentando à repercussão internacional do fato, sem dúvida espetacular.
O cerco jurídico ao ex-presidente da República se fechou ainda mais neste final de semana, bastando considerar o peso das manchetes principais de O Globo, Folha de Sã Paulo e o Estado de São Paulo, destacando sua condição de réu por obstrução à Justiça. Este passou a ser um terceiro processo e o ato de Lula, recorrendo a ONU, provocou forte reação da magistratura brasileira.
CONTRA O GOVERNO – Além deste aspecto, existe outro a destacar: seu recurso voltou-se não propriamente contra uma pessoa, no caso o juiz Sérgio Moro, mas sim contra o governo brasileiro.
Isso de um lado. De outro, a dificuldade de obter uma resposta para o que requereu, pois o conselho de Direitos Humanos da ONU reúne-se três vezes por ano. Os advogados de Lula devem tê-lo informado da dimensão desse obstáculo na legislação internacional.
Mas isso importa pouco, pois o objetivo do acusado não é, como seria impossível, vir a ser absolvido e sim tornar-se um asilado político. Seu advogado australiano de grande renome, e alto preço, portanto, deve tê-lo assessorado no sentido de que percebesse a dificuldade do êxito da causa em si.
INOPERÂNCIA – A ONU, que desde sua criação em 46, quando foi presidida por Oswaldo Aranha encontra dificuldades enormes para atuar, inclusive em conflitos armados, como os que envolveram a guerra da Argélia, da Coreia, a invasão do Suez, as lutas entre o Egito e Israel e a questão da Palestina, para não alongar demais os exemplos que hoje incluem as lutas na Síria e no Iraque. Em todos esses casos o Conselho de Segurança da ONU formado por cinco países com direito a veto, não foi capaz de fazer valer as determinações para o cessar-fogo.
A sua limitação encontra-se nos limites das fronteiras internacionais que impedem suas ações concretas. A ONU, como definiu seu primeiro secretário-geral, é um plenário possível. Na ONU inclui-se, portanto, o Conselho de Direitos Humanos a cujas portas Lula bateu. O Conselho de Direitos Humanos não é um tribunal internacional.
MELHOR SOLUÇÃO – Superada a fase de busca de asilo e sua consequente e provável concessão, sob o ângulo político interno brasileiro trata-se da melhor solução para o governo Michel Temer. Concedido o asilo, o atual presidente terá se livrado da carga política que representaria a prisão de Luiz Inácio da Silva. Evitaria manifestações de rua que possivelmente levariam a conflitos a serem reprimidos, como seria natural prever pelas forças de segurança. A repercussão então cresceria ainda mais expondo o governo a críticas externas de dirigentes políticos alinhados com o ex-presidente do Brasil.
Neste ponto não haveria nada melhor para o Palácio do Planalto do que a concessão de asilo político a Lula por um governo que lhe seja ou tenha sido próximo. A Olimpíada no Rio ampliaria a repercussão de seu ingresso numa Embaixada, mas reduziria o reflexo dos acontecimentos que ocorreriam, ou ocorrerão nos dias seguintes.
A Olimpíada assim revestir-se-ia de um duplo efeito. O destaque que Lula deseja e a ultrapassagem do obstáculo colocado a frente do Palácio do Planalto com as contradições e conflitos dos dias seguintes.
A pergunta, hoje é uma só: qual país que concederá o asilo a Lula da Silva?
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