O conluio entre Lula e família e as grandes empreiteiras acaba de desaguar na transformação do ex-presidente da República em réu de crimes capazes de levá-lo à prisão, tanto quanto a quadrilha por tanto tempo acostumada às suas benesses e falcatruas. Se acontecer, junto com o necessário afastamento definitivo de Dilma Rousseff, nem por isso estará o país livre da rachadura. Mesmo com o PT posto em frangalhos, a divisão entre as elites e as massas tornará as ruas e as consciências intransitáveis.
Batalhas entre o Brasil formal e o Brasil real visam impedir opções e espaço para a conciliação. Isso, só depois da explosão, de resultados imprevisíveis. Raras vezes tem-se verificado dicotomia tão profunda em nossa História, recaindo a responsabilidade pelo embate na avidez das lideranças das duas porções em choque. Perderão ambas, mas o que resultará do mútuo esgotamento das partes?
Tempo ainda há, muito curto, para evitar o pior. Antecipar as eleições gerais para breve pode constituir-se em solução, ainda que tanto as elites quanto as massas apresentem suas soluções inconciliáveis. Imaginar a terceira alternativa sempre será possível, ainda que geralmente ilusória. O radicalismo de um lado e de outro obstará a conciliação, deixando mínimo espaço para desenvolver-se. Como se trata da derradeira oportunidade de evitar o caos, quem sabe?
Não é hora de fulanizar, porque mesmo disfarçados, os grupos em choque serão facilmente identificáveis. À beira do abismo, porém, tudo é possível para evitar a queda.
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