Luiz Costa/Hoje em Dia
Manifestantes utilizaram tinta vermelha para manchar ônibus, estação e bilheteria em protesto
A falta de transparência nos índices utilizados para calcular o
reajuste do transporte público em Belo Horizonte e na região
metropolitana foi questionada novamente por integrantes do Movimento
Tarifa Zero BH, ontem, em protesto no Centro da capital. Os reajustes,
que começaram a valer ontem, foram de 8,5% (para ônibus de BH) e de
12,78% (para ônibus metropolitanos).
Este aumento nas passagens foi o segundo de 2014, sendo o primeiro em
abril. Para os veículos que circulam na capital, no acumulado, o total
reajustado foi de 16%, bem acima da inflação e da correção feita nos
salários.
Os manifestantes ocuparam a avenida Santos Dumont para pedir
esclarecimentos sobre os motivos que determinaram o acréscimo nas
passagens. Eles pediram a prestação de contas referente aos
investimentos no transporte público da capital e ao lucro conquistado
pelas concessionárias após a implantação do Move.
“A população não tem acesso à forma como as empresas calculam e
justificam os aumentos”, explica a integrante do Movimento Tarifa Zero,
Júlia Nascimento.
O grupo também questionou os benefícios do Move para a população.
Segundo o Tarifa Zero, não há divulgação das empresas a respeito do
retorno financeiro do sistema modal. “A expectativa era de que o custo
diminuísse, já que os investimentos em operação reduziram
significativamente”, destaca Júlia.
Ontem, cerca de 50 manifestantes ocuparam a Estação Rio de Janeiro,
localizada no Centro da cidade. Fazendo uso de palavras de ordem, eles
pediam aos usuários do transporte coletivo que pulassem a catraca e
entrassem sem pagar a passagem de R$ 3,10. Também distribuíram panfletos
e sujaram estações, bilheteria e até os ônibus que circularam no local
com tinta vermelha.
Reação Popular
Nos pontos de ônibus do hipercentro de BH, quem depende do serviço resumiu o reajuste da tarifa a uma palavra: “absurdo”.
O porteiro Nilton Gonçalves, de 68 anos, não estava sabendo do aumento e
reagiu mal à notícia. “Acho errado, porque a prestação do serviço é
ruim. A minha linha (9030), pelo amor de Deus, é uma das piores. Vai
melhorar para o bolso deles, mas o serviço vai continuar a mesma
porcaria”.
Intervenção
No dia 19 deste mês, o Movimento Tarifa Zero entregou ao Ministério
Público Estadual (MPMG) pedido para que os índices utilizados sejam
esclarecidos. O órgão confirmou que recebeu e protocolou o documento. No
dia 9 de janeiro, estão marcadas manifestações contra reajuste de
tarifas de ônibus em BH, São Paulo e Rio de Janeiro.
Mais
Em 2013, as conhecidas como “Manifestações de Junho” reuniram milhares
de pessoas nas ruas de Belo Horizonte durante o período da Copa das
Confederações (meses de junho e julho), realizada no Brasil. Os
protestos tiveram início com as reclamações dos manifestantes sobre o
preço das tarifas de ônibus praticadas na capital e, depois, outros
motivos também fizeram com que a população fosse às ruas. Houve ocupação
da Câmara Municipal de BH para que não crescessem os valores das
passagens que só voltaram a ser reajustadas neste ano.
No último mês de abril, integrantes do Movimento Tarifa Zero BH
fecharam a Praça 7 em protesto às tarifas que foram reajustadas pela
prefeitura e manifestações menores e mais isoladas aconteceram por causa
do aumento.
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