O corte de benefícios sociais anunciado pelo governo na noite de
segunda-feira (29) produziu mal-estar entre os filiados de partidos
governistas no Congresso. Vem do PMDB a primeira verbalização do
desconforto: “Por que o trabalhador tem que ser a primeira vítima do
ajuste fiscal?”, indaga o deputado baiano Lúcio Vieira Lima, vice-líder
do PMDB e entusiasta da candidatura do correligionário Eduardo Cunha à
presidência da Câmara.
Para Lúcio, antes de cortar direitos trabalhistas, impondo restrições
no acesso ao seguro-desemprego, abono salarial do PIS, auxílio-doença e
pensões, o governo teria de cortar “na própria carne”. O deputado
pergunta: “Por que tanto desinteresse em enxugar a máquina pública? Se
os cortes são inevitáveis, por que manter 39 ministérios?”
O
próprio vice-líder do PMDB responde: “O Planalto vai mandar para o
Congresso a medida provisória propondo o que o ministro Aloizio
Mercadante [Casa Civil] chamou de ‘correção de distorções’. Eles acham
que controlam o Parlamento distribuindo 39 ministérios. Espero que não
venham pedir a nenhum outro partido para relatar essa medida provisória.
O relator tem que ser do PT.”
E se a relatoria couber ao PMDB?
“Creio que o PMDB não deve aceitar, mesmo que, no sistema de rodízio, a
relatoria cair para a legenda”, diz Lúcio. “O relator dessa medida
provisória ficará carimbado como responsável pelo corte de benefícios
sociais. O carimbo vai para o deputado que relatar e para o partido
dele. Nada mais natural que o PT assuma a responsabilidade de justificar
as medidas.”
Ecoando o discurso da oposição, o vice-líder do PMDB
acrescenta: “O ministro Mercadante disse que as medidas corrigem
distorções. Só viram essas distorções agora, depois de 12 anos no poder?
Ora, se são distorções, foram criadas ou mantidas por eles. Para se
perpetuar no poder, era lindo. Na hora que tem que fazer as maldades,
para tentar salvar 2018, aí enxergam as distorções!”
Incomodado, o
deputado repisa uma tese que já expressou noutras ocasiões: “O PT só
enxerga o PMDB como parceiro na hora de limpar a sujeira.” Lúcio antevê
uma tramitação operística para a medida provisória do corte social. “Ao
justificar o corte do que sempre defendeu, o PT vai virar personagem de
opera-bufa, divertindo a oposição no plenário.”
Em verdade, a
oposição já se diverte durante o recesso parlamentar. Futuro líder do
DEM no Senado, o goiano Ronaldo Caiado conectou-se ao Twitter para indagar:
“…Qual governista terá coragem de ser o relator dessa MP que tira R$ 18
bilhões dos trabalhadores? Vicentinho [ex-presidente da CUT]? Paulo
Paim [defensor dos aposentados]?” ( Do Blog do Josias)
BLOG DO CORONEL
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