A matéria de capa da Veja mostra como os corruptos que estão roubando
a Petrobras tentam alijar o juiz Sérgio Moro da investigação.
A história recente do Brasil tem algumas lições para o juiz federal
Sérgio Fernando Moro. Relator do processo do mensalão, o ex-ministro
Joaquim Barbosa
recebeu do PT a alcunha de traidor e foi atacado, de forma impiedosa,
antes mesmo de decretar a prisão da cúpula do partido. Autor do pedido
de condenação no caso, o então procurador-geral Roberto Gurgel foi
transformado por petistas e asseclas em personagem de uma CPI, sendo
ameaçado, inclusive, com um processo de impeachment. Os dois resistiram,
e o Supremo Tribunal Federal (STF) condenou os mensaleiros. Descrita
como “ponto fora da curva”, a decisão, em vez de atenuar, agravou uma
lógica perversa -- quanto maior o esquema de corrupção, maior o peso de
certas forças para engavetá-lo. Moro agora é quem carrega as
responsablidades que foram de Barbosa e Gurgel. Ele está na mira dos
interesses contrariados.
BLOG DO CORONEL
Nascido em Maringá, no norte do Paraná, Moro é um dos maiores
especialistas do país na área de lavagem de dinheiro. Obstinado pelo
trabalho e discreto a ponto de a maioria de seus colegas desconhecerem
detalhes de sua vida pessoal, como a profissão da esposa (advogada) e a
quantidade de filhos (dois). Aos 43 anos de idade e dezoito de
profissão, Moro é um daqueles juízes intocáveis, incorruptíveis, com uma
carreira cujos feitos passados explicam seu comportamento no presente e
prenunciam um futuro brilhante.
Moro conduziu o caso Banestado, que
resultou na condenação de 97 pessoas de diversas maneiras responsáveis
pelo sumiço de 28 bilhões de reais. Na Operação Farol da Colina,
decretou a prisão temporária de 103 suspeitos de evasão de divisas,
sonegação, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro - entre eles, um
certo Alberto Youssef. No ano passado, um processo sob a
responsabilidade de Moro resultou no maior leilão de bens de um
traficante já realizado no Brasil. Foram arrecadados 13,7 milhões de
reais em imóveis que pertenciam ao mexicano Lucio Rueda Bustos, preso em
2006.
Com sólida formação acadêmica, coroada por um período de dois
anos de estudos na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, Moro
também atuou como auxiliar da ministra do STF Rosa Weber no processo do
mensalão. Com frequência, suas teses eram citadas por colegas dela nos
debates em plenário.
Um roteirista de filme diria que o destino preparou o juiz Sérgio
Moro para seu atual desafio - a Operação Lava Jato, que começou
localmente em Curitiba, avançou por quase duas dezenas de estados e foi
subindo, subindo na hierarquia política do Brasl até chegar a
inimaginável situação de ter um ex-presidente e a atual ocupante do
cargo citadas por um peixe grande caído na rede. Moro começou
investigando uma rede de doleiros acusados de lavagem de dinheiro, mas
enredou em um esquema de corrupção na Petrobras armado durante os
governos do PT com o objetivo financiar campanhas políticas e, de
quebra, enriquecer bandidos do colarinho branco. Lula teve o Mensalão.
Dilma agora tem o Petrolão. (VEJA)
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