Flávio Tavares/Hoje em Dia
Casas tradicionais continuam crescendo as vendas, suspentada pela paixão dos mineiros pela data
O clima de pessimismo econômico entoado por muitos não afetou as vendas
de enfeites natalinos. Lojas tradicionais da cidade, que chegaram a
vender 20% a mais em 2013 na comparação com 2012, estão surpresas com o
resultado deste ano, superior ao registrado nas festas passadas. O bom
desempenho tem uma explicação simples: a paixão do brasileiro pelo
Natal.
“Muitos fazem desta celebração um momento mágico e grandioso,
principalmente quando o assunto é a decoração”, afirma o proprietário da
Casa Maia, Alexandre Maia.
É o caso do administrador Walter Vasconcelos Júnior, morador do bairro
Mangabeiras. Por ano, ele investe aproximadamente R$ 35 mil em artigos
natalinos. E quem pensa que decoração de Natal se resume a árvores e
bolas se engana. Um dos cômodos da casa de Walter, por exemplo, é
dedicado exclusivamente ao imenso presépio que ele possui.
“Natal é a única festa do ano, a única ocasião, em que mais é mais”, brinca.
Embora o investimento seja alto, o administrador comenta que o amor
pela data passa longe do “comercial”. Segundo ele, que fazia compras da
decoração acompanhado dos irmãos, a montagem dos artigos reúne a família
todos os anos e é uma tradição herdada dos avós. “Nossos avós e pais
nos transmitiram esses costumes, todos tão cheios de significados”,
comenta.
Símbolo
Católico, ele explica que a árvore é símbolo do Natal porque deu flores
e frutos quando Jesus nasceu. Já a guirlanda, que enfeita as portas,
simboliza a união de Deus com os homens. O presépio, que também não pode
faltar, de acordo com Vasconcelos Júnior, lembra as famílias da
importância da reza diária.
Há três anos sem decorar a casa com tanto entusiasmo, a aposentada
Ciomara Vasconcelos, irmã de Walter, foi contagiada pelo clima festivo.
Investiu R$ 1.850 em uma árvore nova, ponteira e luzinhas. “Sempre
decorei a casa, mas este ano estou mais empenhada”.
Na casa da designer de interiores Berta Cabobiango o Natal também não
passa em branco. Anualmente, ela desembolsa cerca de R$ 800 para renovar
a decoração.
“Este ano, aproveitei uma viagem ao exterior para comprar algumas
coisas”, comenta. O tema de 2014 na casa de Berta são os bichinhos. Os
netinhos, de quase 1 ano e 6 anos, aprovaram. “As crianças ficam muito
felizes com as decorações e os enfeites dão outra vida na casa”, afirma.
Comércio oferece do básico ao sofisticado
Além dos produtos básicos de decoração para o Natal, o proprietário da
Casa Maia afirma que personalizar a decoração e inovar faz toda a
diferença.
“Os espelhos decorados têm sido uma opção interessante para enfeitar a
casa”, lembra. A partir de R$ 2,5 mil é possível enfeitar um espelho com
bastante sofisticação.
Maia cita as luzes de led (a R$ 32, cem lâmpadas) e um boneco de neve
para decorar a área externa, iluminado com led e produzido com plástico
reciclado (R$ 698) como diferenciais. Além de bonitas, as peças consomem
menos energia.
As luzinhas de pilha também chegaram pra ficar. Com elas, é possível
iluminar guirlandas, árvores de mesas e outros objetos sem necessidade
de usar a eletricidade.
As mamães noéis ganharam espaço. Em falta no mercado e com mais riqueza
de detalhes, elas custam mais do que a imagem do bom velhinho. Na Casa
Maia, uma imagem de aproximadamente meio metro sai por R$ 650.
As árvores temáticas seguem em alta. Seja de jardinagem, como a montada
por Cláudia Travesso da Casa Futura, ou de zoo, com animais silvestres,
escolher um tema para o Natal ainda é preferência dos apaixonados pela
data. “Muita gente planeja, neste ano, o Natal do ano que vem”, comenta.
Ritmo de vendas superou previsão conservadora
A proprietária da Casa Futuro, Cláudia Travesso, foi surpreendida pelo
bom desempenho das vendas. Depois de vender 22% a mais em 2013 ante
2012, ela previa para este ano alta mais modesta, em torno dos 6%.
Mas o movimento surpreendeu e essa meta foi batida na semana passada. O
que vier de agora até o Natal será vendas acima da expectativa inicial.
“Como a economia não ia bem, achávamos que se vendêssemos mais do que
ano passado já estava ótimo. Mas vamos vender bem mais”, comenta.
Estoque
As árvores de Natal foram o primeiro item a acabar na Casa Futura. Até
hoje, a empresária faz compras para repor o estoque. “E olha que
compramos muitos produtos e muitas árvores”, enfatiza.
A loja comercializa objetos variados, de todos os preços. No local, é
possível encontrar desde enfeites de R$ 1,50 até um Papai Noel de resina
de aproximadamente R$ 3 mil.
Porcelana
Além das decorações tradicionais, como árvores e enfeites, a Casa
Futuro comercializa itens para a mesa que, de acordo com a proprietária,
são as vedetes de 2014.
No mix estão sousplats, espátula para bolo, paliteiro, faquinhas para
queijo e porcelanas chinesas, que estão em falta no mercado.
“Comprei toda a porcelana natalina que consegui com o objetivo de
estocar. Eu sabia que o direito antidumping do setor ia atingir em cheio
o Natal. E no Brasil, não produzimos porcelanas de Natal. Por isso, me
antecipei”, afirma. Na loja, é possível achar canecas de louça a R$ 9.
Jogo de pratos de sobremesa sai a R$ 92.
História perpetuada
Apesar de comerciante, Cláudia comenta que o interessante do Natal é guardar peças para serem usadas nos anos seguintes.
O objetivo é conduzir a celebração adiante. “Muita gente chega na loja
querendo renovar tudo. Não aconselho. Natal é tempo de recomeço, mas
temos que levar a história à frente”, diz a empresária, formada em
psicologia.
Além do negócio na Casa Futuro, Cláudia Travesso é responsável pela decoração de seis cidades, incluindo Belo Horizonte.
A empresária também trabalha com a customização natalina de empresas,
por meio de aluguel de itens. Este ramo registrou aumento de 20% na
comparação com 2013.
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